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Capital

Medo cresce entre motoristas da Uber após ataque que deixou 2 mortos

Prestador de serviços foi baleado três vezes por atiradores que executaram dupla envolvida em morte de PM na tarde de quinta

Rafael Ribeiro | 28/07/2017 13:04
O Peugeot 207 prestador de serviço da Uber: violência assusta outros motoristas do aplicativo (Foto: João Paulo Gonçalves)
O Peugeot 207 prestador de serviço da Uber: violência assusta outros motoristas do aplicativo (Foto: João Paulo Gonçalves)

O ataque a tiros que deixou dois homens mortos na tarde de quinta-feira (27), no Jardim Carioca (zona oeste da Capital), deixou em alerta os motoristas prestadores de serviços para a Uber (aplicativo de caronas pagas pela internet) após um deles ser baleado.

Nelson Miyashiro Tobaru, 38 anos, foi baleado três vezes, no rosto, ombro e costas. Uma das munições está alojada em sua coluna e pode deixar seqüelas. A vítima passou por procedimento corretivo na face e seguia internada na enfermaria da Santa Casa até a conclusão desta reportagem, segundo a assessoria do hospital.

Após a repercussão do caso e a suspeita de que os dois mortos, Reynan Felipe Vieira de Oliveira e Maickon Alves Marques, ambos de 22, atingidos por disparos de grosso calibre, podem ter sido alvos de uma vingança, motoristas estão preocupados que haja uma sequência de fatos semelhantes.


“O medo é concreto, existe, é algo que sentimos a todo momento e só aumentou desde que ficamos sabendo do Nelson. Infelizmente, por mais que haja o cadastro, não temos como controlar quem entra nos nossos veículos”, assegurou João Carlos Pradeiro, 43 anos, desde janeiro atuando na Uber em Campo Grande.


O presidente da AMU (Associação de Motoristas de Aplicativos de Mobilidade Urbana), Wellington Dias, classifica como “fatalidade” o ocorrido e diz que o problema da violência não é algo dirigido aos motoristas, mas sim a toda a população.


“É um fato preocupante, mas preocupante para toda a população de Campo Grande que viu um crescimento da criminalidade nos últimos dias. É uma questão de segurança pública”, destacou o líder da AMU.


Dias vai além. Ressalta que não haviam reclamações anteriores dos motoristas sobre o bairro. “Eu mesmo atendi um chamado lá no mesmo dia, pela manhã. Foi algo isolado, que não tem relação com os motoristas e quem mora no bairro. Tanto que hoje os chamados estão sendo atendidos sem problemas”, disse.


A Uber ainda não se manifestou oficialmente sobre o ocorrido nesta sexta-feira (28), mas foi confirmado que a empresa já acionou os seguros que oferece para o motorista e também às famílias dos dois jovens mortos.


O presidente da AMU aponta que a entidade está prestando todo o apoio a Nelson e seus familiares. “Estamos acompanhando de perto toda essa situação, sempre à disposição da família”, apontou.

O caso - Nelson foi baleado enquanto seguia em seu veículo Peugeot 207 preto com dois passageiros, Oliveira e Marques, quando ocorreu o atentado. Os rapazes foram executados após serem atingidos por diversos disparos de grosso calibre.

Testemunhas contaram que os atiradores estavam em três automóveis, sendo quatro homens em um Fox dourado, dois em uma motocicleta e ocupantes em uma caminhonete Hilux. As placas dos veículos não foram informadas. O motorista da Uber relatou à Polícia Militar, que não conhecia as vítimas mortas no atentado. Ele apenas fazia a corrida para os passageiros.

Os dois jovens executados, Reynan e Maickon, podem ter sido assassinados por vingança. A suspeita é de que o crime tenha relação com outro duplo homicídio, ocorrido no último domingo (23), no Jardim Campo Alto.

Ocasião em que Joaquim Rodrigues de Oliveira, 58 anos, e Antônio Marques, 72 anos, morreram após um atirar no outro, por volta das 19h30 de domingo (23), na Rua Caravelas, no Jardim Campo Alto. O pivô da confusão teria sido Maickon.

Testemunhas relataram que Maickon fazia disparos de arma de fogo na rua e na casa do filho de Joaquim, quando Joaquim se armou com um revólver e foi até a casa do atirador tirar satisfação. Na sequência, Antônio - avô de Maickon - também se irritou com a situação e armado atirou em direção a Joaquim, que revidou e acertou Antônio com tiro na cabeça e o outro na axila. Já Joaquim foi atingido com pelo menos cinco disparos, sendo na coxa direita, dois nas costas, peito e barriga.

Em seguida, Maickon recolheu uma das armas e terminou de descarregar em Joaquim, que segundo relatos de testemunhas ainda estava vivo. Na sequência, ele fugiu e levou uma das armas.

Confusão - Ao ficar sabendo da morte do irmão Joaquim, o policial militar da reserva, Edvaldo Rodrigues de Oliveira, 61 anos, foi até o local do crime e agrediu uma mulher. A confusão ocorreu pouco depois do duplo homicídio.

Questionado sobre a agressão, Edvaldo disse que quando chegou ao local e viu o corpo de seu irmão no chão foi impedido por um grupo que ali estava, inclusive a mulher, de se aproximar. Nervoso com a situação, policial confessou que empurrou algumas pessoas, mas negou que teria ameaçado a mulher de morte.

A Uber foi procurada sobre medidas de segurança e apoio aos parceiros, mas ainda não retornou ao contato.

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