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Capital

Ministra quer ajudar conselheiros e lembra que foi vítima de abusos na infância

Na Capital, Damares lembrou que "ia com a calcinha cheia de sangue" para a igreja e que abusador também era evangélico

Ronie Cruz e Leonardo Rocha | 28/06/2019 12:44
Ministra Damares Alves lembrou de abusos na infância em visita ao conselho tutelar do Centro na Capital (Foto: Marina Pacheco)
Ministra Damares Alves lembrou de abusos na infância em visita ao conselho tutelar do Centro na Capital (Foto: Marina Pacheco)

A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) Damares Alves visitou nesta sexta-feira (28) o prédio do conselho tutelar na área central em Campo Grande. O espaço é composto por cinco conselheiros que atendem crianças do Centro e da região do Imbirussu. Ela prometeu ajuda aos conselhos tutelares e pediu para que conselheiros nunca sejam insensíveis nem deixem de se indignar com os casos.

“Que nunca se acostumem com as histórias e tragédias e que sempre sejam sensíveis na hora de ouvir as histórias de crianças e famílias. Os conselhos precisam de equipamentos, melhores condições e melhores salários”, disse. A meta, segundo Damares, é fazer com que Mato Grosso do Sul seja campeão nacional de proteção à infância.

Em visita a Campo Grande para a entrega de sete veículos que serão destinados aos conselhos tutelares de sete municípios sul-mato-grossenses, Damares lembrou que 80% dos casos de abuso sexual contra menores acontecem dentro de casa e são cometidos por pessoas próximas, como pais, padrastos ou responsáveis.

Damares lembrou da importância do Disque 100 e comentou que quando assumiu o MMFDH o call center que atendia o serviço ficava no estado da Bahia. Ela contou que antes o tempo de espera na fila para ser atendido era de até 80 minutos. Segundo a ministra, esse tempo de espera caiu agora para 1 minuto. Ela adiantou que o objetivo do MMFDH é disponibilizar um número de Whatsapp para que pessoas e até crianças façam denúncias por meio de mensagem de texto e imagens.

Abusada - Para destacar a importância do papel do conselho tutelar, Damares lembrou de quando foi estuprada aos 6 anos de idade. Ela conta que sofreu abusos por dois anos e que se sentia culpada por isso. Os episódios são lembrados com as memórias dos banhos constantes, uma vez que a pastora ainda menina sentia a necessidade de se lavar o tempo todo.

Por não compreender os abusos dos quais era vítima, Damares relatou que se soubesse que estava sendo abusada na época teria denunciado o caso. “Eu lembro até do cheiro dele [do abusador], da dor, do sangue. Se alguém me abraçasse naquele momento e percebesse que eu estava sendo abusada eu poderia ter me livrado”, contou.

O responsável pelos abusos era um pastor amigo do pai de Damares, conforme o relato da própria ministra aos jornalistas. Ela disse que na época os pais não perceberam e que quando ia para a igreja se sentava no último banco.

“Eu ia muitas vezes com a calcinha cheia de sangue. Ninguém na igreja percebeu que eu estava diferente. Por causa desses abusos aos 10 anos pensei em tomar veneno, mas foi nessa época que tive um encontro com Deus debaixo de um pé de goiabeira”, relatou.

Por fim, a ministra disse que se houvesse conselho tutelar na época a história teria sido diferente, por isso reconhece a importância do papel dos conselhos tutelares na defesa de crianças e adolescentes.

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