Nas ruas, campo-grandenses buscam outros meios de geração de renda
No primeiro trimestre do ano, 465 mil trabalhadores de MS estavam trabalhando de maneira informal

Andando pelas ruas de Campo Grande, é possível ver muitos ambulantes em atividade. Alguns seguem no ramo por falta de opção, já outros escolheram, por vontade própria, não ter carteira assinada.
No caso do vendedor ambulante Cícero Firmino da Silva, de 58 anos, esse foi o único meio de levar alimento para casa, já que, segundo ele, não tem estudo suficiente para trabalhar formalmente em uma empresa.
Firmino chega às 07h, na Rua 14 de julho, e vai embora por volta das 16h. Atualmente seu “ganha pão” vem da venda das meias, com média mensal de R$ 1.200, um salário mínimo.. Segundo ele, o valor é um pouco apertado, mas dá para sustentar ele e a esposa, que não trabalha.
“No meu caso, eu não tenho estudo suficiente e nem saúde para isso mais. Trabalhei de carteira assinada cinco vezes, mas não consegui ficar muito tempo, o máximo foi seis meses. Mas também é um dom que tenho para trabalhar com isso, então não consigo fazer outra coisa”, conta.
O artesão Ricardo Costa, de 43 anos, trabalha há cerca de 20 anos vendendo pulseiras, brincos, cordões com pedras da sorte, entre outros acessórios, que ele mesmo fabrica. Trabalhar, comercializando sua arte nas ruas, foi a opção que escolheu para sobreviver.
“Pelo salário que pagam hoje, acho que não vale a pena. Não trabalho de carteira assinada, porque eu quero. Já que eu crio, eu posso vender o que é meu”, destaca. Sem lugar para morar, Ricardo é sozinho na Capital e dorme no Parque das Nações Indígenas todas as noites.

Da mesma forma, Neuza Maria dos Santos, de 53 anos, optou por trabalhar com um ponto fixo na Praça Ary Coelho, na Avenida Afonso Pena, vendendo pão, chipa, café, refrigerante e até máscaras. “É minha opção trabalhar de ambulante. É a única forma de ganho.”
Como a renda não é fixa, Neuza comenta que tem mês que consegue tirar das vendas entre R$ 400 e R$ 500 apenas.
Já a autônoma Letícia Queiroz, de 34 anos, decidiu largar o trabalho de carteira assinada, para ajudar o pai a vender chipa e pão no centro da cidade. Seu ponto fixo é na Avenida Afonso Pena esquina com a Rua 14 de Julho, de segunda à sexta-feira.
São 125 chipas a cada dia, sendo R$ 1 cada, e segundo ela, todas são vendidas. Com isso, a cada semana é possível render em torno de R$ 625.
Informalidade – Conforme últimos dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no primeiro trimestre de 2022, a taxa de informalidade em Mato Grosso do Sul ficou em 35,47%. O percentual representa 465 mil trabalhadores.
Com isso, o Estado tem a 6ª menor taxa de informalidade entre os estados brasileiros.
As maiores taxas ficaram com Pará (62,9%), Maranhão (59,7%) e Amazonas (58,1%). Já os menores índices foram registrados em Santa Catarina (27,7%), Distrito Federal (30,3%) e São Paulo (30,5%).