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Capital

No sistema penal mais caro e rigoroso, presos ainda se comunicam por bilhete

"A apreensão de um bilhete não quer dizer que ele saia [da penitenciária], não sairia", afirma diretor

Aline dos Santos e Ronie Cruz | 26/06/2019 12:00
Penitenciária Federal está na ativa desde 2006 em Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)
Penitenciária Federal está na ativa desde 2006 em Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)

O sistema penitenciário federal – o mais caro e rígido do Brasil – ainda permite que os internos se comuniquem por bilhetes, em tentativas de que ordens saiam pelos muros por meio de visitantes classificados como mal intencionados. A situação foi detectada em fevereiro no presídio federal de Campo Grande, na ativa há 13 anos e zero fuga.

No mês de fevereiro, foram interceptados bilhetes com ameaças de morte a servidores públicos federais, oriundos de membros da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). A tentativa era acionar a sintonia final, o comando do PCC, para autorizar a execução de agente da unidade penal em retaliação a visitas sem contato físico. Desde fevereiro, o contato é no parlatório, com diálogo apenas por telefone.

De acordo com o diretor em exercício da Penitenciária Federal de Campo Grande, Marcelo Silva, dificilmente o bilhete físico sairia da unidade, mas comandos podem ser repassados por meio de visita mal intencionada.

“Temos controle total e irrestrito de qualquer conversa no parlatório. A apreensão de um bilhete não quer dizer que ele saia [da penitenciária], não sairia. Talvez a ordem saísse de forma cifrada”, afirma.

Apesar de destacar que os presos têm dificuldade de comunicação na penitenciária, o diretor explica que o papel pode ser jogado atrás da porta ou no banho de sol, quando os presos têm contato de duas horas.

Cela da Penitenciária Federal de Porto Velho, de  onde Beira-Mar passava bilhetes. (Foto: Depen)
Cela da Penitenciária Federal de Porto Velho, de onde Beira-Mar passava bilhetes. (Foto: Depen)

Marcelo cita Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. Habitué das penitenciárias federais, ele enviava recados para fora do presídio federal de Porto Velho (Rondônia).

As imagens do circuito interno de monitoramento da penitenciária mostram que a troca de bilhetes entre Beira-Mar e outros custodiados era feita por meio de papéis amarrados em um objeto amarrado por uma espécie de corda improvisada com fibra de lençóis ou tecido, conhecido entre os presos como ‘teresa’.

O recado saia do presídio por meio das visitas intimas e eram digitados. Essa modalidade de visita no sistema penitenciário federal está proibida desde 2017.

Facções - Uma rede de casas de apoio à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) foi alvo da operação KRIMOJ (tradução de crime em Esperanto), deflagrada nesta quarta-feira (dia 26), em Campo Grande.

O serviço em favor do crime também assiste ao PCC, CV (Comando Vermelho), FDN (Família do Norte) e GDE (Guardiões do Estado), originária do Ceará.

A ação cumpriu seis mandados de busca e apreensão expedidos pela 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande. Foram apreendidos documentos, mídias eletrônicas e celulares.

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