Novo atacadista terá drenagem própria na rotatória mais alagável da cidade

Estudo de viabilidade reconhece fragilidade da Avenida Ernesto Geisel, mas limita soluções à área do terreno

Por Gustavo Bonotto e Jéssica Fernandes | 04/08/2025 20:24

Novo atacadista terá drenagem própria na rotatória mais alagável da cidade — No lado esquerdo, o terreno onde deve ser construído o mercado atacadista. (Foto: Arquivo/Osmar Veiga)

A mais nova unidade do Fort Atacadista, que será construída na rotatória das avenidas Ernesto Geisel e Euler de Azevedo, em Campo Grande, terá sistema próprio de drenagem pluvial e não deve ser afetada pelos alagamentos crônicos na região. É o que aponta o EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança) apresentado na noite desta segunda-feira (4), referente ao comércio que ocupará área de 5.967,77 m² no Bairro São Francisco.

Nova unidade do Fort Atacadista em Campo Grande terá sistema próprio de drenagem. O empreendimento, localizado na rotatória das avenidas Ernesto Geisel e Euler de Azevedo, contará com um sistema de captação e escoamento de água da chuva independente da rede urbana. A construção, situada em um ponto elevado do terreno, visa evitar os alagamentos comuns na região. O estudo de impacto de vizinhança, apresentado nesta segunda-feira, utilizou dados geotécnicos de 2022 para embasar as soluções de drenagem. A responsabilidade por obras de contenção de enchentes na área permanece com a prefeitura. O estudo apontou a necessidade de um sistema eficiente de drenagem devido à baixa capacidade de infiltração do solo argiloso e à presença de laterita. A empresa responsável pela construção afirma que seguirá as diretrizes urbanísticas estabelecidas pela prefeitura. A audiência pública sobre o projeto teve baixa participação popular. O novo empreendimento prevê a geração de mais de 200 empregos diretos.

Segundo o arquiteto responsável, Rubens Pires dos Santos, o projeto não prevê intervenções externas. A responsabilidade pelas obras de contenção continua sob competência da prefeitura. “É importante destacar que o empreendimento já possui todos os projetos de engenharia voltados para seu funcionamento interno. Isso inclui um sistema exclusivo de captação e escoamento da água da chuva, sem interferência na rede urbana”, afirmou.

Ainda conforme Rubens, o imóvel ficará em um ponto mais alto do que o nível da rua. “Nosso empreendimento está localizado em um ponto mais elevado, então não há risco de alagamento dentro dele. Mas isso, obviamente, não é desculpa para não agir. Sabemos que o problema existe e precisa ser enfrentado”, disse.

O estudo técnico utilizou a carta geotécnica de 2022 para identificar as fragilidades da região e apontar soluções adequadas ao tipo de solo encontrado. “Optamos por utilizar a carta mais atual, que traz recomendações específicas. Ela indica claramente a necessidade de implantação de um sistema de drenagem eficiente para evitar alagamentos”, explicou o arquiteto.

Entre os fatores que contribuem para os alagamentos estão a baixa capacidade de infiltração, a presença de solos argilosos e o empoçamento causado pela pouca inclinação do terreno e pela existência de laterita, camada de solo compactado que dificulta o escoamento das águas pluviais.

O relatório preliminar cita que a análise do projeto demonstra que, para a construção do atacadista, não haverá necessidade de processo de corte de solo, apenas regularização do terreno, e que será necessário fazer a readequação da drenagem pluvial. Entre as medidas a serem adotadas, estão a implantação de sistema de captação de água da chuva para complementar o abastecimento, o reuso da água e a realização de impacto na comunidade, “considerando o acesso à água e a qualidade de vida dos moradores”.

Rubens reforçou que cabe ao poder público adotar medidas mais amplas. “A prefeitura tem estudos sobre aquela região, especialmente na parte alta do Nova Lima, que vai descendo até o local da obra. Como tudo ali é subterrâneo, não sabemos exatamente o que há embaixo. Por isso, cabe ao poder público desenvolver projetos de contenção e melhorias estruturais.”

De acordo com o arquiteto, o empreendedor está sujeito às exigências que constarão na GDU (Guia de Diretrizes Urbanísticas), ainda não emitida. “O empreendedor não pode simplesmente decidir: ‘vou fazer isso’. Quem determina as exigências é o poder público, que pode dizer: ‘você precisa fazer isso’. As contrapartidas obrigatórias só serão conhecidas com a emissão da GDU.”

A audiência pública foi feita pela Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano) e teve participação majoritária de técnicos e profissionais ligados ao setor. A população, principal interessada na aceleração da drenagem, não compareceu. Até o encerramento da consulta, no entanto, a prefeitura ainda poderá receber contribuições pela internet.

Conforme já publicado pelo Campo Grande News, o empreendimento da SDB Comércio de Alimentos Ltda prevê funcionamento de segunda a sábado, das 7h às 22h, e aos domingos, das 7h às 20h. A expectativa é de que a nova unidade gere mais de 200 empregos diretos e receba até 700 pessoas por dia. A logística de carga e descarga será feita internamente, em horários definidos para evitar impacto no trânsito.

A empresa destaca que a escolha do local levou em conta a infraestrutura já existente e a proximidade com a Orla Morena, área de lazer e convivência importante para a comunidade.

Confira a galeria de imagens: