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Capital

Ônibus devem ficar mais seguros com fim da tarifa em dinheiro

Paula Maciulevicius | 04/08/2011 17:58

Campo-grandenses afirmam que medida dá maior segurança contra assaltos dentros dos ônibus, mas usuários acabam expostos nos pontos de parada

Usuários vão ter que se adaptar a medida. Até o final do ano todas as linhas estarão funcionando apenas com cartão. (Foto: João Garrigó)
Usuários vão ter que se adaptar a medida. Até o final do ano todas as linhas estarão funcionando apenas com cartão. (Foto: João Garrigó)

A pouco mais de 20 dias para a obrigatoriedade do uso do cartão dentro dos ônibus na Capital, a população acredita que a medida tomada principalmente para coibir assaltos dentro dos veículos, vai dar mais segurança, mas usuários podem ficar expostos à ação externa, em pontos de parada e espera. O pagamento da tarifa somente com o cartão começa a valer a partir do aniversário da cidade, dia 26 de agosto.

As opiniões são diferentes, mas a medida dá sensação de mais segurança aos motoristas de ônibus, principais vítimas da ação dos bandidos. “Vai ser pior para nós, eles vão entrar para roubar os passageiros”, supõe a diarista Silvana Nunes da Silva, de 35 anos. Sem a circulação de dinheiro, a grande parte dos campo-grandenses concorda em um aspecto, os ladrões vão ter que buscar outra alternativa para agir.

Enquanto espera o ônibus no ponto da BR-262, próximo ao Cidade Jardim, para voltar para casa, na Vila Piratininga, Silvana conta que soube da obrigatoriedade do cartão no dia em que o motorista do ônibus foi assaltado. “Ele que falou: ainda bem que vai acabar isso do dinheiro.”

No mesmo ponto, a doméstica Gislaine Aparecida Costa, de 25 anos, responde “Cartão? Que eu saiba não. Vai ser obrigado é?” pergunta. Ela diz que pode até melhorar, mas que vai exigir mais atenção para não deixar o cartão descarregado. Outra preucação a partir de agora é no trasnporte de bens e pertences de valor.

Por mais prático que o cartão possa parecer, há os que discordam, como a dona Alzenira Ramos, de 59 anos.

Moradores do Noroeste usam dinheiro, por falta de local para carregar cartão. (Foto: João Garrigó)
Moradores do Noroeste usam dinheiro, por falta de local para carregar cartão. (Foto: João Garrigó)

“Para a gente empregado até que é bom. Mas se vai usar para passeio, como que faz se está sem carga?” Quanto aos roubos, a cena de assaltos frequentes não deve diminuir. “Para o ladrão? Ah, para esse não tem jeito. Eles não vão roubar o motorista, mas não entrar e roubar a gente. Aí é só por Deus mesmo”, declara.

A dona Noélia dos Santos, 27 anos, trabalha como doméstica e admite, o cartão é o melhor meio para o uso do coletivo. “Fica mais prático, mas ainda acho que pode aumentar o número de assaltos sim. Não vai ter dinheiro com eles, mas ainda tem um pouco com a gente”, diz.

Na próxima semana a Assetur (Associação das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande) deve começar com campanha publicitária para informar os usuários da obrigatoriedade e informar dos benefícios da automação, que garante segurança e agilidade.

Segundo a Associação, a procura pelo cartão aumentou, mas não de forma significativa, o que está sendo esperado par as próximas semanas que antecedem a implementação do cartão magnético.

O cartão pode ser feito pela internet, através do site , nos terminais Peg Fácil, na Praça Ari Coelho, nos demais terminais de ônibus, da própria Assetur e em conveniências e drogarias conveniadas.

Mesmo com pontos espalhados pela cidade, uma região distante ainda sofre com a dificuldade de carregar. No Jardim Noroeste, por exemplo, a vendedora Camila de Oliveira, de 23 anos, conta que quando começar a funcionar mesmo, ou se carrega no centro ou precisa ir a pé até o bairro Tiradentes ou Maria Aparecida Pedrossian.

“Cartão é bom, mas é ruim ao mesmo tempo. É porque aqui não tem onde fazer precisa ir até onde dá para carregar, aí tem que ir a pé mesmo”, acrescenta. A Assetur, no entanto, dispõe de pontos de recarga em todos os terminais.

O esquecimento também é apontado como um problema que surge com a obrigatoriedade. Quem prefere o dinheiro sabe, que há mais chances de se distrair com o cartão do que com notas ou moedas. “E se esquecer o cartão? Vai fazer o que?”, questiona o estudante Pedro Ney, de 20 anos.

Como tudo que é novo demorar a “pegar”, muita gente ainda deve questionar, levanta Pedro. “A conscientização vai vir com o tempo. “Tudo que é novo demora para o povo se adaptar”, diz.

Assetur deve realizar campanha de esclarecimento a partir da próxima semana. (Foto: João Garrigó)
Assetur deve realizar campanha de esclarecimento a partir da próxima semana. (Foto: João Garrigó)

Quanto aos assaltos, ele concorda que o uso é relativo. “Você usando o cartão tira o dinheiro do cobrador, mas não tira do povo. Ou a gente vai conseguir pagar uma conta, fazer compras com esse cartão? Não vai adiantar, essa é uma reivindicação deles, enquanto empresa, não pela gente”, finaliza.

Medida - Tentando diminuir o número de assaltos à ônibus do transporte coletivo urbano de Campo Grande, será iniciado no aniversário da cidade, 26 de Agosto, a execução de Plano de Ação para tornar obrigatório o uso do cartão magnético nos coletivos.

Segundo contabilização da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), cerca de 600 assaltos são registrados por ano aos ônibus coletivos. A entidade acredita que, com o fim do uso do dinheiro para pagar a passagem, esse número irá cair.

De acordo com o Plano de Ação, a medida começa no dia 26 de agosto com o uso obrigatório do cartão magnético nos 45 ônibus articulados e nas linhas 302 (Caiobá) e 319 (Dom Antônio Barbosa). A estimativa da Agetran é que essa primeira ação atenderá cerca de 45 mil usuários, o que representa 12% do total de passageiros do transporte coletivo na capital.

No dia 26 de outubro, dois meses após o início da implantação, o dinheiro não será mais aceito como pagamento da passagem nos ônibus que servem a linhas alimentadoras (azuis), o que abrangerá aproximadamente 200 ônibus.

A adoção total do sistema de cartão eletrônico, em todas as linhas e em todo o período de funcionamento do transporte coletivo urbano, deverá acontecer no dia 1º de Janeiro de 2012.

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