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Capital

Operação contra PCC em RO prende líder na Máxima de Campo Grande

Segundo as investigações, os lideres da facção no norte do país cumprem pena em Mato Grosso do Sul

Geisy Garnes | 13/02/2019 16:00
Polícia Civil durante ações da operação em Rondônia. Nome dos presos não foram divulgados (Foto: Divulgação)
Polícia Civil durante ações da operação em Rondônia. Nome dos presos não foram divulgados (Foto: Divulgação)

Operação realizada pela Polícia Civil de Rondônia contra o PCC (Primeiro Comando da Capital) cumpriu mandados em Mato Grosso do Sul na manhã desta quarta-feira (13). Conforme as investigações, as ações da facção no estado do norte do país eram comandadas por preso de Campo Grande.

Conforme apurado pelo Campo Grande News pelo menos um preso do Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho - a Máxima de Campo Grande - foi alvo da operação denominada Intramuros – que cumpriu 40 mandados de prisão e busca e apreensão em cidade de Rondônia e de Mato Grosso do Sul.

O mandado na Capital estava em nome de Dione Almeida Borges, de 34 anos e foi cumprido por policiais do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros). Conhecido como Paraleguas, o investigado pela operação cumpre pena por crime de roubo na Máxima desde novembro do ano passado. Antes disso, era interno da PED (Penitenciária Estadual de Dourados).

As investigações que resultaram na Operação Intramuros começaram há nove meses devido ao aumento de roubos e homicídios na cidade de Vilhena (RO). Durante as apurações, os policiais constataram que os crimes eram cometidos a mandado de líderes da facção paulista, com ordens dadas por Tribunais do Crime.

Segundo a polícia de Rondônia, as investigações mostraram ainda que a hierarquia do PCC no estado tinha como líderes presos em Campo Grande, que comandavam tudo por telefone. Nos nove meses de ação, a Polícia Civil mapeou oito homicídios tentados e consumados, praticados em Vilhena, Mato Grosso do Sul e Porto Velho, além de tráfico e roubos, ordenados de dentro dos presídios.

Não foi divulgados os nomes dos presos e quantos mandados foram cumpridos nesta manhã em MS.

Dione está preso na Máxima de Campo Grande desde novembro do ano passado (Foto: Saul Schramm/Arquivo)
Dione está preso na Máxima de Campo Grande desde novembro do ano passado (Foto: Saul Schramm/Arquivo)

Alvo em MS - Dono de uma longa ficha criminal, o acusado foi condenado por uma série de roubos em 2007 em Campo Grande. O primeiro foi registrado em outubro daquele ano. Com outros quatro comparsas, Dione rendeu o dono de uma chácara, a vizinha e o caseiro do local, os manteve como refém em um matagal e roubou um caminhão Scania L110, avaliado em R$ 43 mil.

Em novembro, agiu da mesma maneira durante o assalto a um caminhoneiro. A vítima, a esposa e a cunhada foram abordadas quando chegavam em casa, na Vila Moreninha II, levadas para um matagal e mantidas refém até que o caminhão, um Mercedes Benz avaliado em mais de R$ 128 mil, chegasse ao Paraguai.

No mesmo mês invadiu uma casa do Bairro Parque Novos Estados, rendeu o morador e roubou vários objetos, dinheiro e também o veículo da vítima. Em todos os casos as vítimas foram agredidas e Dione foi apontado como o mais violento do grupo, responsável por grande parte dos socos, chutes e coronhadas dados nos reféns. Pelos crimes, foi condenado a 10 anos e oito meses de prisão.

No ano de 2016, quando cumpria pena em Dourados, foi apontado como autor de um princípio de motim. Segundo o registro policial, depois de se negar a obedecer aos agentes penitenciários em uma vistoria na cela, o interno estimulou os companheiros a arrancarem a porta do local para evitarem que ele fosse levado à cela disciplinar.

Fotos dos envolvidos na morte do agente divulgada pela Polícia Civil. Rafael é o terceiro (da esquerda para a direita) da primeira fileira (Foto: Divulgação)
Fotos dos envolvidos na morte do agente divulgada pela Polícia Civil. Rafael é o terceiro (da esquerda para a direita) da primeira fileira (Foto: Divulgação)

Ligação antiga – Essa não é a primeira vez que a polícia liga lideranças do PCC em Rondônia aos presídios de Mato Grosso do Sul. Em junho do ano passado a Operação Paiol do Mal, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), interceptou ligações de internos da PED com os integrantes da facção no norte do país.

Rafael Pimentel Duarte de Souza - apontado como o mandante da execução do agente penitenciário Carlos Augusto Queiroz de Mendonça, em fevereiro de 2015 - na época era quem comandava as ações da facção no estado a mais de 1.800 quilômetros de Campo Grande de dentro da PED.

As gravações aconteceram durante os meses de setembro e outubro de 2017. Segundo relatório do Gaeco, por telefone, o interno participa de batismos e até tratava de assuntos estratégicos visando a expansão de ações defensivas na disputa de “território” contra outras facções rivais no norte do país.

Em um dos áudios, Rafael, conhecido como “Revolucionário” conversa com “Geral do Cadastro dos Estados e Países” sobre o panorama das unidades prisionais de Rondônia e detalha que na época das 24 penitenciárias de Rondônia, onze delas tinham integrantes do PCC.

Operação Intramuros - O nome INTRAMUROS é um termo utilizado dentro do direito criminal para denominar fatos ocorridos dentro dos muros de um estabelecimento carcerário. Isso faz referência ao fato de, durante a investigação, ter sido constatado casos de mortes de integrantes de facções rivais com requintes de crueldade, onde o chamado “tribunal do crime”, de dentro do presídio, determinava inclusive detalhes da execução, como a amputação de membros ou mesmo a decapitação das vítimas.

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