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Capital

Para Kely, que sonha em ser mãe há 1 ano, bebê em sacola foi “presente de Deus”

Empresária de 37 anos quer adotar menina, que no HU “ganhou” nome de Aurora, mas para mulher que salvou bebê, deveria ser Angelina

Aletheya Alves | 31/01/2021 15:06
Bebê durante atendimento médico no colo de Kely, na sexta-feira (29). (Foto: Arquivo pessoal)
Bebê durante atendimento médico no colo de Kely, na sexta-feira (29). (Foto: Arquivo pessoal)

“Quando eu trouxe a sacola era tanta sujeira de parto, sangue. Eu só queria limpar e ver se a criança estava inteira”, contou Kely Zerial, de 37 anos, foi quem socorreu a bebê recém-nascida abandonada.

Um mês após se mudar para casa no Bairro Guanandi, a empresária e arte educadora, foi "presenteada" com a criança numa sacola, deixada em sua calçada. Sem pensar duas vezes, ela entrou com pedido de guarda da menina.

Ainda respirando fundo e processando todas as informações que aconteceram na manhã de sexta-feira (29), Kely contou ao Campo Grande News que as orações são para que o novo lar da criança, que a empresária já chama de Angelina, seja dentro da casa que a acolheu. A arte educadora relata que há mais de um ano vem se preparando para ser mãe, inclusive havia iniciado tratamento com um embriologista.

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Eu entrei com o pedido de guarda no mesmo dia. Respeito toda burocracia, mas sei que para Deus não existe burocracia. Pedi pela Angelina, para Deus proporcionar o melhor para a vida dela e, se Deus quiser, o melhor continuará sendo eu”, disse.

Enquanto pensa na criança e em todos os trâmites que estão sendo efetuados com advogado, Kely explica que a sexta-feira só foi acabar no sábado. “Passei a sexta com a criança de hospital e delegacia para responder a essas perguntas, ‘por que escolheram seu portão’ se eu não conhecia a mãe. A gente não sabe os motivos, acredito que Deus tem um propósito maior na vida das pessoas e por algum motivo, que a gente não vai saber explicar, essa criança foi deixada aqui”.

Memórias em sequência - A empresária explica que o momento em que viu a menina foi muito rápido. “Eu escutei um barulho, uma batida no portão e meus cachorros. Corri até a frente e a hora que eu ia abrir o portão, a vizinha interfonou”.

Kely vem se questionando o que poderia ter acontecido se a vizinha, que viu a sacola, tivesse demorado mais tempo para ter encontrado o bebê. "Acho que se a vizinha não tivesse voltado tão rápido, não sei. Será que essa mulher ia ter coragem de me ver?".

Nesse período, ela relata que voltou para atender o interfone e ouviu a vizinha, Roseli da Silva, de 48 anos, gritando: “Deixaram um bebê no seu portão!”. Quando voltou para a frente da casa, Kely conta que as pernas ficaram moles. “Abri o portão, a sacola e eu fiquei em choque”.

Bebê foi encontrada na manhã de sexta-feira (29) no bairro Guanandi. (Foto: Direto das Ruas)
Bebê foi encontrada na manhã de sexta-feira (29) no bairro Guanandi. (Foto: Direto das Ruas)

De acordo com a empresária, a criança estava muito ensanguentada. "Eu só queria limpar e ver se a criança estava inteira, se estava bem. A minha preocupação era saber se a criança estava respirando”, contou.

Agora, além de pensar no bem de Angelina, a educadora também pede para que a mãe biológica apareça. “Eu via todo mundo xingando essa mulher que a gente não sabe quem é, julgamento para mulher é sempre assim, a mulher é sempre subjugada. Ela é julgada por aquele momento e não possivelmente por tudo o que ela viveu até aquele momento”.

Ainda sobre como a menina foi deixada em frente ao portão da casa, ela ressalta que houve um cuidado que deve ser observado. “A neném não foi uma criança jogada na rua, ela foi uma criança entregue num portão. Todo mundo está julgando muito essa mulher, mas ninguém sabe que tipo de situação essa pessoa vive”, reflete Kely.

Além de pensar sobre a mãe biológica, a empresária também pede para que o pai seja incluído no enredo. “A criança foi abandonada por um pai e por uma mãe, a criança não se gera sozinha. Ninguém parou para pensar nisso. Em nenhum momento foi falado vamos procurar o pai".

Também “Aurora” - Internada no HU (Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian), a recém-nascida foi batizada de Aurora pelos profissionais da instituição, mas o nome não é de registro. Até ser liberada, ela irá permanecer por, pelo menos, 48 horas de observação hospitalar.

De acordo com a assessoria do hospital, ela está estável e sem nenhuma intercorrência até o momento. A menina foi encontrada por Roseli da Silva, na Rua Cocal, enquanto ela passeava com neto de 10 meses. Enquanto a menina segue no hospital, o Conselho Tutelar está acompanhando os procedimentos e, após receber alta, ela será encaminhada para um lar temporário.

(*) Matéria editada às 16h33min para acréscimo de informações. 

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