Polícia reforça ação, mas não acaba com medo na "terra das gangues"
"A situação aqui é feia, nem igreja escapa dos bandidos." O relato é de uma das moradoras do Parque Lageado, na saída para Sidrolândia, que faz divisa com os bairros Parque do Sol e Dom Antônio Barbosa. Na semana passada, o juiz Carlos Alberto Garcete, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, reforçou um pedido feito em outubro do ano passado, para que a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) amplie o policiamento nos bairros. No entendimento do magistrado, o local sofre com a ação de gangues rivais.
Comerciante e pastora, Sônia Mendes, reclama da violência no local onde vive há mais de 20 anos, mas esclarece que de alguns dias para cá, a polícia tem sim melhorado a segurança no local. "Vejo mais viaturas agora, em mais horas do dia", diz. Mesmo assim, a mulher frisa que os bandidos continuam a agir. "No sábado um mercadinho foi assaltado, perto das 16h, eram moleques com arma que chegaram ameaçando e fugiram levando dinheiro", contou a moradora.

O juiz que pediu maior policiamento na região, também sugeriu a instalação de uma base militar de pacificação. Para ele, a situação perdura por mais de uma década.
"Ajudei a fundar esse bairro em 1984, e aqui não era assim, era muito tranquilo. Mas a cidade foi crescendo, foi surgindo bairro em volta e de uns oito anos pra cá, a violência aumentou", explica Francisco Soares da Costa, ou "Chico do Lageado", de 72 anos, que constituiu família, criou os três filhos e ainda instalou um comércio, seu meio de sobrevivência, na Rua João Selingarde, no Parque Lageado.
O magistrado emitiu o ofício, solicitando maior policiamento, durante audiência referente ao processo sobre a morte de Issac Eleandro Virginio de Oliveira, 34 anos, e Lucas Vieira de Souza, 14 anos, em dezembro de 2011. Um dos réus, Thiago Correia dos Santos, 25 anos, morreu no dia seguinte ao crime em confronto com a policial. O outro acusado está foragido.
A PM (Polícia Militar) contesta a solicitação, afirma que a região mudou nos últimos anos e o número de crimes contra a vida no local já foi reduzido. O bairro inclusive foi atendido durante as duas operações “Cidade Tranquila”, que reforçou policiamento para retirar das ruas criminosos foragidos e motoristas com veículos irregulares.
Apesar da afirmação de outros moradores e da polícia, o aposentado Virgilio José dos Santos, de 65 anos, não conseguiu perceber uma ação maios efetiva da PM no bairro. "Quase não vejo polícia passar por aqui, e olha que fico aqui na frente sempre. Até já liguei para reclamar de um vizinho que vivia com som muito alto, mas ninguém veio", conta.
Os moradores afirmam que o horário mais critico é após as 18h. Para quem vive na região, sair a noite ou de madrugada, mesmo que seja para ir ao trabalho, é um risco. "Quando escurece, eu já fecho as portas, não dá pra ficar esperando porque eles chegam mesmo. Outro dia uma amiga estava indo trabalhar perto das 5h e no ponto de ônibus aconteceu um assalto", diz Sônia.
A PM(Polícia Militar) afirma que desconhece a existência desses dois ofícios, mas garante que o policiamento nessa região tem sido feito com frequência, até mesmo por estar perto da comunidade Cidade de Deus, alvo de constantes incursões de viaturas.