ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  19    CAMPO GRANDE 29º

Capital

Prefeitura quer adiar compra de vacina da gripe para professores

Procuradoria do município pediu lista com nome de profissionais não vacinados e suspensão do prazo para providenciar doses

Anahi Zurutuza | 11/07/2016 18:34
Prefeitura terá de comprar ao menos 10 mil doses da vacina (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)
Prefeitura terá de comprar ao menos 10 mil doses da vacina (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)

A Prefeitura de Campo Grande quer que a ACP (Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública) elabore uma lista com os nomes de todos os professores associados que ainda não tomaram a vacina contra a gripe antes da compra das doses. Enquanto este levantamento estiver sendo feito, a administração municipal quer ainda que o prazo para providenciar a vacinação fique congelado e só comece a ser contado novamente quando a informação chegar até as mãos do município. Desta forma, o Executivo teria mais tempo para adquirir as doses. 

O pedido foi feito, no dia 8 de junho, pela Procuradoria-Geral do Município no processo movido pela ACP contra a prefeitura. A ACP, por sua vez, argumenta que é impossível fazer tal levantamento.

“Estão de brincadeira. A Sesau me enviou um ofício e eu já havia devolvido informando que tem de fazer essa listagem são as secretarias”, afirma o presidente da ACP, Lucílio Nobre, que acredita que esta seja uma estratégia para postergar a vacinação até que se torne ineficaz imunizar a categoria, após o pico da epidemia de gripe.

A decisão do juiz Marcelo Ivo de Oliveira, dada no dia 16 de junho, que condenou a prefeitura a vacinar professores, mesmo os que estão fora dos grupos de risco, contempla todos os profissionais ativos da rede pública de Campo Grande. Ou seja, os contratados pela prefeitura da Capital e pelo governo do Estado.

“Nós temos a lista de associados, mas o nosso pedido é para que todos os professores da rede pública sejam vacinados. Não será justo se basearem na lista de sindicalizados para vacinar. Mas, se eles [município] podem dificultar, porque vão facilitar?”, questiona Lucílio.

A ACP tem hoje 5 mil filiados e só na Reme (Rede Municipal de Ensino) são 6,2 mil. Se somados os profissionais que trabalham nas escolas estaduais, a quantidade de doses que a prefeitura teria de comprar seria de ao menos 10 mil.

A advogada do sindicato, Maria Teresa Delalíbera Leite, explica que vai contestar o pedido. “A ACP não pode ter contra si este ônus. Ela não representa só os associados, representa a categoria, prerrogativa que está na Constituição, mas não tem como ter a relação de todos os profissionais e não pode deixar ninguém de fora”.

A lei municipal nº 5.225/2013 garante a vacinação para todos os profissionais da Educação do município, até os que trabalham em entidades filantrópicas e instituições privadas.
Na ação, a ACP argumenta que professores estão em risco porque trabalham diariamente em ambientes fechados e com grande concentração de pessoas.

Vacinação acontece sempre em maio, antes da época de maior circulação do vírus (Foto: Arquivo)
Vacinação acontece sempre em maio, antes da época de maior circulação do vírus (Foto: Arquivo)

Epidemia – Conforme o último boletim epidemiológico divulgado pela SES (Secretaria de Estado de Saúde), 1.298 pessoas foram diagnosticadas com a síndrome respiratória aguda grave em Mato Grosso do Sul neste ano, das quais 372 tiveram a gripe A (H1N1) e em 24 casos a doença foi causada pele vírus influenza B.

Até o dia 8 deste mês, 72 pacientes haviam morrido por conta da gripe – 68 contaminados com o H1N1, um com o vírus da influenza A não subtipado, três com o influenza B. Desde 2009, este foi o ano que a gripe mais matou.

Dentre os óbitos está o do professor Edevaldo Souza Prado, 57, da Escola Estadual Amélio de Carvalho Baís, em maio. Na época, as aulas no colégio chegaram a ser suspensas para evitar a contaminação de mais pessoas.

Neste ano, casos de gripe começaram a ser registrados “antes da época” e embora o inverno vá terminar só em 22 de setembro, o pico da doença acontece em junho, julho e agosto.

Como a vacina leva cerca de 15 dias para fazer efeito, o ideal é tomar a dose contra a gripe no máximo em junho, conforme o Ministério da Saúde, que realiza as campanhas de vacinação em maio.

Prazo – A prefeitura só foi citada da decisão no dia 30 de junho. Por isso, conforme a advogada, tem prazo até 3 de agosto para promover a vacinação – 30 dias úteis contados da data da notificação.

Nos siga no Google Notícias