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Capital

Professora deixa mestrado para proteger fazenda em Miranda

Kleber Clajus | 07/02/2014 16:56
Professora participou hoje de movimento em defesa da propriedade privada e deixou mestrado para proteger fazenda (Foto: Cleber Gellio)
Professora participou hoje de movimento em defesa da propriedade privada e deixou mestrado para proteger fazenda (Foto: Cleber Gellio)

A professora e produtora Ana Nogueira, 28 anos, deixou cerca de três anos atrás o mestrado em filosofia na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) para proteger a Fazenda Santana, onde reside com a família em Miranda, município distante 201 quilômetros de Campo Grande. Ela foi uma das participantes do “Movimento Nacional de Retomada do Brasil”, realizado hoje na Praça do Rádio, na Capital.

Ana conta que sua propriedade, de 432 hectares, foi titulada em 1962 e está próxima da Aldeia Cachoeirinha, de origem terena. Invadida por três vezes, a última delas em 2009, a propriedade conta hoje com a presença de seguranças que cuidam da família. O terreno é arrendado para “quem tem coragem” de colocar o gado.

Politizada, a professora diz não ser contrária as demarcações, mas também analisa que somente isso não é suficiente para resolver o “estado de miséria em que vivem os indígenas”. Outro ponto diz respeito a quem pertencerá de fato a posse da área, se ao índio ou a União.

“O governo está ganhando tempo por conta das eleições e não tem vontade política de resolver essa questão. Se partirmos da premissa de que se possui uma dívida histórica, só o produtor tem que pagar essa conta”, questiona Ana Nogueira. “O projeto ideológico por trás é acabar com a propriedade rural. Não estão querendo o bem do índio, mas estatizar o Brasil”.

No escuro - De acordo com a advogada Luana Ruiz, o produtor rural entende que o processo de demarcação representa um “confisco” de terras legais e legítimas.

Em contrapartida, o discurso do Governo Federal não avança por não terem sido apresentadas, desde o início, as “regras e cartas” disponíveis para negociação.

“Há avaliações incoerentes e, além disso, cadê o dinheiro [para indenizar], quem vai pagar, quando e como? Que negociação é essa no escuro? Nos propõem coisas pela metade, mas acordo não se faz por partes” , pontua Luana que representa os produtores rurais.

Movimento – Nesta sexta-feira (7), um grupo de cerca de 70 produtores rurais se mobilizou para criar um movimento em defesa da propriedade privada. Intitulado “Movimento Nacional de Retomada do Brasil”, este pretende oferecer ao homem do campo informações sobre como proceder em casos de invasão de propriedade, por exemplo.

O lançamento do movimento também enfrentou resistência, em especial de acadêmicos ligados ao curso de Ciências Sociais da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).

Do lado contrário aos produtores, os universitários gritavam que “onde o gado come, o índio passa fome”. Os estudantes chegaram a se aproximar dos integrantes do movimento, mas um cordão de policiais militares evitou aproximação maior entre os grupos.

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