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Capital

Produtores rurais e estudantes se enfrentam sobre conflito indígena

Bruno Chaves e Kleber Clajus | 07/02/2014 15:48
Mascarados, estudantes foram à Praça do Rádio protestar contra movimento rural (Foto: Cleber Gellio)
Mascarados, estudantes foram à Praça do Rádio protestar contra movimento rural (Foto: Cleber Gellio)

Produtores rurais e universitários se enfrentaram durante protesto na tarde de hoje na Praça do Rádio, no Centro de Campo Grande. Enquanto os agricultores e pecuaristas criticavam o movimento pela demarcação de terras indígenas, os estudantes e artistas defendiam os índios.

Houve confronto verbal, com algumas pessoas exaltadas de ambos os lados. O acirramento dos ânimos exigiu a intervenção da Polícia Militar, que separou os dois grupos.

Cerca de 70 pessoas simpatizantes ao “Movimento Nacional de Retomada do Brasil” – evento criado no Facebook com a pretensão de se tornar uma mobilização nacional em defesa da propriedade privada.

De acordo com Pedro Pedrossian Filho, que organizou o movimento, um dos principais pontos tratados é o de que o proprietário rural está aprisionado dentro de suas propriedades por conta do risco de elas serem invadidas.

“Eu mesmo vivo há três anos dessa forma em Miranda. Onde antes eu conseguia produzir cinco cabeças de gado por hectare, hoje produzo apenas uma”, disse, afirmando que sua propriedade rural possui mil hectares e a produção caiu em decorrência do risco de invasão.

Pedrossian defende a união dos produtores em cima de uma causa, a de desmistificar a questão das demarcações de terras. Ele acredita que não haverá pagamento por parte da União e que o governo está ganhando tempo por conta das eleições.

“As demarcações, já foram provadas que são fraudulentas, como no caso da minha propriedade”, comentou para o público presente.

Protesto do protesto – Cerca de 30 pessoas, a maioria acadêmicos do curso de Ciências Sociais da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), também foram ao local protestar, mas contra os produtores rurais.

Eles estavam com os rostos cobertos e evitaram falar, até mesmo com a imprensa. Um jovem de 22 anos, que preferiu não se identificar, resumiu o movimento explicando que os produtores não entendem a lógica cultural indígena.

“As demarcações estão ocorrendo agora porque nunca ocorreram antes, como em 1988, por exemplo, como preconizava a constituição”, falou. O restante do grupo está com cartazes com frases de protesto.

Por estar exaltado, estudante foi retirado do local (Foto: Cleber Gellio)
Por estar exaltado, estudante foi retirado do local (Foto: Cleber Gellio)
Os dois lados discutiram, trocaram ofensas e ficaram de dedo em riste uns com os outros (Foto: Cleber Gellio)
Os dois lados discutiram, trocaram ofensas e ficaram de dedo em riste uns com os outros (Foto: Cleber Gellio)

Jorge de Barros, 50 anos, artista do Coletivo Terra Vermelha, entidade que luta pelos direitos dos povos indígenas, também foi à praça e disse que “o latifúndio tem uma fala que não é verdade, de que produz para o Brasil, quando na verdade produz para o bolso deles”.

O artista deixa claro que também falta do poder público uma definição sobre a questão e dos fazendeiros que invadiram há muitos anos as terras indígenas. “É preciso solucionar essa dinâmica”, pensou.

Ânimos exaltados -Durante o ato, os universitários gritavam palavras de ordem contra os produtores. "Onde o boi come, o índio passa fome", gritavam os estudantes. Alguns chamaram os produtores de "facistas".

Em determinado momento da manifestação, defensores dos fazendeiros e estudantes discutiram, trocaram ofensas e ficaram de dedo em riste uns com os outros.

Cerca de 30 policias militares fizeram a segurança do local.

Defensores dos índios levaram bandeiras e cartazes e trocaram ofensas (Foto: Cleber Gellio)
Defensores dos índios levaram bandeiras e cartazes e trocaram ofensas (Foto: Cleber Gellio)
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