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Capital

Respondendo apenas a defesa, ex-guarda nega participação em homicídio

Marcelo Rios exerceu direito parcial do silêncio para não ser questionado pela acusação

Por Ana Paula Chuva e Dayene Paz | 17/09/2024 17:49
Ex-guarda Marcelo Rios durante respostas à defesa (Foto: Paulo Francis)
Ex-guarda Marcelo Rios durante respostas à defesa (Foto: Paulo Francis)

Na tarde desta terça-feira (17), o ex-guarda municipal Marcelo Rios sentou novamente no banco dos réus para o julgamento do homicídio de Marcelo Hernandes Colombo, o “Playboy da Mansão”, e exerceu o direito de permanecer parcialmente calado, respondendo apenas os questionamentos da defesa e dos jurados. Sendo assim, não foi interrogado pelos promotores de Justiça.

Ao ser questionado sobre a execução de Marcel, pelo advogado Marcio Campos Widal, o ex-guarda afirmou não ter participação no crime e que foi preso em flagrante quando voltava de Bonito e foi abordado no cruzamento das avenidas Eduardo Elias Zahran e Rodolfo José Pinho.

“Eu errei. Sem pensar duas vezes, confessei o que eu fiz. Agora quanto a esse homicídio, não tenho envolvimento nenhum. O que eu fiz, confessei”, declarou Marcelo.

Marcelo ainda detalhou que, segundo o processo, sua prisão em flagrante aconteceu por conta das armas que saíram de um lugar para o outro e então ele foi abordado. O ex-guarda negou, ainda, conhecer o policial federal Everaldo Monteiro de Assis, bem como o pistoleiro José Moreira Freires, o “Zezinho”.

Durante o depoimento que durou pouco mais de 1 hora, Marcelo ratificou a versão de que estragou a vida por ganância quando aceitou guardar armas em uma casa no Monte Líbano a pedido de Juanil Miranda, apontado como um dos pistoleiros contratados para a execução, que acabou com a morte de Matheus Coutinho Xavier, fuzilado aos 20 anos.

Na versão do ex-guarda, ele conheceu Juanil quando foi trabalhar no estacionamento em frente ao Parque de Exposições Laucídio Coelho. “Foi ali que começou o meu martírio. Até então eu trabalhava em três, quatro serviços. Corria atrás. Ele me ofereceu R$ 2 mil, eu achei que era droga, mas depois me explicou que eram as armas. Disse que ia buscar em até quatro dias".

Rios responde questionamentos olhando para os jurados (Foto: Paulo Francis)
Rios responde questionamentos olhando para os jurados (Foto: Paulo Francis)

"O Jamilzinho, nessa época, me pediu para contratar alguém para limpar a piscina dessa casa que estava com foco de dengue e aí começou o terror, por dois mil reais. Eu tinha a chave de uma casa que não tinha ninguém e caí na besteira de aceitar guardar essas armas ali. Por dois mil reais, estou onde estou agora”, continuou Marcelo alegando que este foi seu único crime.

Em seguida, ele negou saber de qualquer desentendimento entre Jamil Name Filho e Marcel e que só soube da briga depois. O ex-guarda ainda afirmou não ter dado qualquer declaração aos investigadores da Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco e Resgate a Assaltos e Sequestros) e que se isso tivesse acontecido, haveriam vídeos e áudios das falas.

“A situação da briga fiquei sabendo depois de ser preso. Ele nunca me falou dessa desavença, não. Sobre o delegado, ela é toda monitorada, tem câmera com áudio em todas as salas. Eu nunca conversei com ninguém sobre isso. Se eu tivesse conversado, eles teriam gravado como fizeram com a mãe dos meus filhos. Não tem como ter conversa informal. Ali é tudo monitorado”, declarou Marcelo.

O acusado alegou que sabia que a ex-esposa e os filhos estavam na delegacia e que acreditava ser impossível que o delegado titular da especializada tivesse se compadecido dele e da família. “Eu tinha sido preso com o maior arsenal do Estado, vocês acham possível ele se compadecer com minha preocupação com a mãe dos meus filhos e os meus filhos? Impossível isso acontecer”, afirmou Rios.

Ainda respondendo ao advogado, o ex-guarda afirmou que nunca ouviu o áudio em que supostamente Jamilzinho estaria ameaçando seus filhos e acreditou na palavra do delegado, mas que fez uma promessa de não falar mais das coisas que aconteceram na sede da Garras.

“Eles judiaram bastante de mim. Tenho muitas lesões ainda. Desde 2019 eu venho falando isso. Estou enterrado em um presídio federal e todo dia tem um processo novo. Meus filhos foram ouvidos, tudo o que eu passei na Garras eu já falei”, finalizou o assunto com a voz embargada.

Sobre o bilhete escrito e entregue a um advogado na ocasião, Rios confirmou ser o autor. Ele alegou que foi em uma sexta-feira e ele havia caído em si de que o áudio de ameaça seria uma mentira usada para que ele fizesse uma delação.  Ele, então, decidiu pedir ajuda com medo de que algo acontecesse com ele.

“Eu ia ficar a mercê do delegado. Já sabia que ele estava mentindo”, contou Marcelo que acabou sendo interrompido pela acusação da dona de casa Terezinha Brandão, 63 anos, que precisou ser retirada do júri.

O julgamento foi pausado, e depois de alguns minutos, o depoimento de Marcelo foi retomado e encerrado.

Ex-guarda de frente para o juiz Aluizio Pereira dos Santos (Foto: Paulo Francis)
Ex-guarda de frente para o juiz Aluizio Pereira dos Santos (Foto: Paulo Francis)

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