Rua em flor, jardim na lama e faxina: o exemplo do cidadão à prefeitura

Apesar do nome "Zé do Brejo", a rua no Jardim Radialista é uma via florida. Em outro ponto de Campo Grande, mesmo enfrentando o “amassa lama” do Jardim Paris, Ronaldo não desiste de enfeitar a vista de quem passa com o colorido das primaveras, pingo de ouro e ixoras. Já no bairro Vespasiano Martins, nem a chuva fez Ari fugir da rotina de limpar a calçada diariamente.

Os cuidados dos moradores contrastam com o que se vê pelas ruas da Capital. Onde não tem barro, sobram buracos no asfalto. Na Rua Araraquara, no Jardim Centro Oeste, a via foi tomada pela enxurrada. Na travessia, carros e pedestres precisam entrar no espelho de água.

Na Rua Maria de Lourdes Vieira de Matos, também no Centro Oeste, um pedaço de cabo de vassoura surge no meio da via de terra para indicar um toco de árvore caído e perigoso.

Na Trianon, o artesão Ronaldo Pereira, 50 anos, conta como consegue manter um portal florido na entrada de casa, ao lado do lamaçal da rua. “É cuidado, mesmo”.

Para o morador do Jardim Paris, o principal problema da cidade é falta de pavimentação. “Imagina ir para o ponto de ônibus amassando lama, como a pessoa chega no serviço?”.

Ainda no Jardim Paris, surge uma calçada pracinha. O morador providenciou até banco e flores.

No Bairro Vespasiano Martins, Ari Lima, 50 anos, mantinha a rotina diária de limpeza em frente de seu açougue. “Faço a limpeza todo dia com a vassoura, mas hoje estou com a máquina por causa da lama”, afirma.

O trabalho para tirar o barro do asfalto ainda incluía uma pá para a remoção dos sedimentos. “Nessa cidade, está faltando tudo. Está sem prefeitura essa cidade. As coisas não estão andando”, afirma.

Uma placa na Rua Betóia, no Jardim Canguru, traz um apelo, um tanto irritado, para cessar o descarte irregular de dejetos: "Não jogue lixo filho da p...". O Código de Polícia Administrativa, Lei 2909/92, prevê multa de até R$ 9 mil, mas sem fiscalização, só resta à população confeccionar seus próprios avisos.

Longe dos cuidados que se tem com um lar, Campo Grande segue tomada por buracos, com atalhos no trânsito surgindo sem qualquer punição, além de parque “fantasma”. Entregue em 13 de dezembro de 2008, com pompa de ser o quarto maior da cidade, o Parque Cônsul Assaf Trad, ao lado de condomínio de luxo, segue fechado para o público.

Na mesma Avenida Cônsul Assaf Trad, condutores de carros e motocicletas simplesmente abriram atalhos em dois pontos do canteiro central para fazer retorno, em frente ao Shopping Bosque dos Ipês.

Os motoristas preferem colocar em risco a vida de pedestres e ciclistas, ou serem multados, ao invés de continuar até a rotatória, que está a cerca de 200 metros do local.  O problema ali persiste, apesar de denúncias, em mais um ato que faz de Campo Grande um exemplo de falta de fiscalização, da ausência de projetos que acabem com problemas crônicos, como quem cuidasse da própria casa.

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