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Capital

Sindicato dos Taxistas prepara ofensiva contra a vinda da Uber para a Capital

Anahi Zurutuza e Adriano Fernandes | 31/08/2016 07:16
Aplicativo já é usado em outras capitais e deve chegar em Campo Grande em breve (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)
Aplicativo já é usado em outras capitais e deve chegar em Campo Grande em breve (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)

O Sindicato dos Taxistas de Mato Grosso do Sul preparam ofensiva contra a vinda da Uber para Campo Grande. Para o presidente do Sintaxi, Bernardo Quartin Barrios, “a concorrência é desleal”. Por isso, a categoria exige que o poder público imponha restrições ao serviço.

Desde segunda-feira (29), no Hotel Deville, representantes da empresa se reúnem com interessados em serem motoristas em Campo Grande. O primeiro encontro reuniu 65 taxistas auxiliares, os que não têm alvará próprio, que ouviram explicações sobre o funcionamento do aplicativo e receberam a promessa de que em um mês as corridas começam na Capital.

Assim que recebeu a notícia de que a Uber quer se instalar em breve na cidade, a diretoria do Sintaxi marcou reunião para debater o assunto. Na tarde de ontem (30), os representantes da categoria decidiram que vão intensificar as ações para exigir que autoridades do município imponham restrições a implantação do sistema na Capital.

O presidente do sindicato diz que vai procurar a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), a Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos), a Câmara Municipal e se for o caso, a Justiça. “Nossa assessoria jurídica já está avaliando isso também”, destacou Bernardo.

O sindicalista explica que taxistas pagam impostos e diversas taxas para trabalhar e que motoristas da Uber não teriam de arcar com estes valores. “Quem vai vistoriar? Quem garante que esse carro está em boas condições? Quem garante que o motorista é de boa índole. É um perigo. Estamos numa zona de tráfico de drogas, isso poder ser usado para lavagem de dinheiro. O que é barato hoje, pode sair caro amanhã”, faz o alerta.

Para Bernardo, a cidade não lucraria com a Uber. “Vão trabalhar sem tributar. Só tem vantagem para a empresa, não para a sociedade. Acho que isso tem de ser muito bem pensado e repensado. Mas, se vierem, não vamos deixar de existir, teremos de sobreviver”.

No Mato Grosso do Sul, projetos já chegaram a ser propostos para vetar a regulamentação do aplicativo na Capital. Na Câmara Municipal, o proposto pelo vereador Marcos Alex (PT) em outubro de 2015, ainda está em tramitação.

Já o legislativo estadual chegou a aprovar uma lei que proibia o transporte remunerado de passageiros em carros particulares, mas o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) vetou.

Taxistas donos de alvarás classificam concorrência como desleal, mas auxiliares querem ganhar dinheiro com aplicativo (Foto: Alcides Neto)
Taxistas donos de alvarás classificam concorrência como desleal, mas auxiliares querem ganhar dinheiro com aplicativo (Foto: Alcides Neto)

Revolta – Por onde passou até agora, o aplicativo deixou um rastro de revolta entre os taxistas.

Anteontem mesmo, segundo informações do site Estado de Minas, um dos participantes do serviço foi atacado por taxistas em frente a um shopping, esfaqueado e teve seu carro depredado. Em São Paulo, no ano passado, os taxistas fizeram manifestações e afirmam que o movimento caiu 45% desde que a Uber chegou.

O presidente do sindicato afirma que não pode prever o comportamento dos colegas. “Só posso responder por mim e dizer que o sindicato é contra todo tipo de violência. Mas, não podemos ficar parados para sermos agredidos também. O próprio Poder Público nos agride quando permite que uma concorrência desleal venha se instalar na nossa cidade”, enfatizou.

No ano passado, Sintaxi ofereceu capacitação para melhorar comportamento de taxista, já prevendo a chegada da Uber (Foto: Sintaxi/Divulgação)
No ano passado, Sintaxi ofereceu capacitação para melhorar comportamento de taxista, já prevendo a chegada da Uber (Foto: Sintaxi/Divulgação)
Também uma audiência pública foi realizada na Assembleia, que resultou em projeto de lei proibindo as ‘caronas pagas’ (Foto: Fernando Antunes/Arquivo)
Também uma audiência pública foi realizada na Assembleia, que resultou em projeto de lei proibindo as ‘caronas pagas’ (Foto: Fernando Antunes/Arquivo)

Polêmica – Kazunori Miyashiro, 62, é taxista há 18 anos e contra a vinda da Uber para Campo Grande. “É uma empresa e como toda empresa, não pode chegar em uma cidade sem arcar com todos os impostos necessários em determinado segmento. Tenho custos com licenciamento, o curso de especialização, vistoria, a taxa para usar o ponto que é de pelo menos R$ 700 por ano. Nada disso é cobrado na Uber”.

Já o taxista Ricardo Bortoleto, 39, não esconde a felicidade com o anúncio da chegada do aplicativo. Ele esteve ontem na reunião dos representantes do App no Hotel Deville e já diz orgulhoso que é um motorista Uber. “Já me cadastrei e fico muito feliz com a vinda da Uber para cá, porque vai acabar com o monopólio dos frotistas da cidade”, disse.

Ele passou detalhes discutidos durante a reunião de ontem. “A modalidade do Uber que querem trazer para cá é o Uber X. Nela, os carros têm modelo a partir do ano de 2008, todos devem ter quatro portas e ar-condicionado”, conta.

Algumas diferenças – Motoristas autônomos oferecem “caronas pagas”, mas a diferença para os taxistas é que eles não têm ponto fixo e recebem os chamados pelo aplicativo de celular. Como a conexão motorista-passageiro é direta, as corridas ficam mais baratas e os condutores acabam lucrando mais também.

A empresa recebe percentuais nos valores cobrados dos clientes e taxas para cobrir os gastos com telefones, mas o restante fica para os motoristas, por isso, para os auxiliares seria vantajoso, uma vez os cerca de 450 deles pagam até R$ 250 ao dia para usar os táxis que rodam a Capital.

O que tem feito sucesso em outras cidades é que os condutores dos “táxis pretos” estão sempre bem arrumados e oferecem, além de carros novos, alguns mimos aos usuários, como carregadores de celular, wi-fi e água.

Como os clientes podem avaliar os serviços pelo aplicativo, quando mais conforto o motorista oferecer, mas requisitado ele pode ser.

Exigências – Diferente do que o presidente do Sintaxi disse, para se cadastrar como motorista parceiro, é preciso ter carteira de motorista com licença para exercer atividade remunerada (EAR), e passar por checagem de antecedentes criminais em todos os estados do Brasil, segundo a assessoria de imprensa da empresa.

Os carros precisam ser cadastrados com a apresentação de CRLV (Certidão de Registro e Licenciamento do Veículo) e bilhete de DPVAT do ano corrente.

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