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Capital

Terra de ninguém: usuário reclama de estrutura e insegurança em terminais

Aline dos Santos | 25/09/2014 15:56
Banheiro do terminal Bandeirantes é mural para os pichadores. (Foto: Marcelo Victor)
Banheiro do terminal Bandeirantes é mural para os pichadores. (Foto: Marcelo Victor)

A depender da oferta de produtos, o terminal Bandeirantes, em Campo Grande, é classificado pelos usuários como um minishopping. Desde março, quando legislação municipal autorizou a presença dos vendedores ambulantes, pode-se comprar de chipa a roupas. Contudo, a comparação com um centro comercial termina por aí. Na longa espera pelo ônibus, o usuário do transporte coletivo sofre com falta de infraestrutura e sensação de insegurança.

“Isso é um horror. Principalmente à noite, porque têm lâmpadas queimadas. No banheiro, não tenho coragem de entrar de jeito nenhum”, reclama a assistente de limpeza Estelita da Silva, 46 anos. No período noturno , ela passa pelo terminal Bandeirantes por volta das 22h, quando retorna do trabalho.

Apesar de ser ponto de passagem para 20 mil pessoas, somente no período da manhã, o terminal não tinha guardas municipais nesta quinta-feira. Conforme o relatado à reportagem, o serviço de proteção patrimonial só vai ao local à noite.

Evitado pela maioria, o banheiro tem pichações do chão ao teto. No masculino, dois mictórios foram lacrados com sacos de lixo. No feminino, declarações de amor tomam conta dos azulejos.

A presença diária de ao menos 20 ambulantes também é criticada por quem paga a passagem de R$ 2,70. “A gente paga tão caro e é essa bagunça”, afirma Estelita. Segundo ela, tem até troca de socos entre os vendedores.

A situação do local também ganha críticas da professora Sandra Regina Gomes, 37 anos. “É péssima, péssima, péssima. Não tem banco o suficiente. Os vendedores ambulantes tomam tudo. A freguesia da lanchonete, o espaço no banco”, diz. Ela também questiona a falta de fiscalização da Vigilância Sanitária, pois muitos vendem comida.

Nas plataformas, os produtos são variados: alimentos, carteiras, correntes, guarda-chuva. Há quatro meses, Miriã Martins Couras, 44 anos, deixou o emprego de auxiliar de cozinha para trabalhar como ambulante. Ela se juntou ao marido, que há quatro anos vende chipa no terminal Bandeirantes.

“Antes corriam, tomavam tudo”, relata. Agora, a exigência é pagar a passagem para entrar no terminal. A cada saída para buscar mais mercadoria, ela paga um passe. Em média, vende 400 chipas. Cada salgado custa R$ 2,50.

A presença dos ambulantes é autorizada pela Lei Complementar 225, de 20 de março de 2014. A legislação, que foi promulgada pela Câmara Municipal, determina que o vendedor se cadastre e receba licença do poder público.

Vandalismo - No Ponto de Integração Hércules Maymone, na rua Joaquim Murtinho, a pichação também toma conta do banheiro dos homens. O feminino é trancado. Para utilizar, é preciso pegar a chave com funcionário. A medida é um último recurso contra o vandalismo.

Inaugurado em agosto de 2009, com investimento de R$ 2 milhões, o local tem pichações e lixeiras arrancadas. O transporte coletivo de Campo Grande tem 166 linhas e transporta uma média de 225.203 passageiros/dia. A informação consta no site da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito).

Neste ano, o MPE (Ministério Público Estadual) abriu investigação para apurar a falta de acessibilidade nos terminais, que não contam com o piso tátil.

Nada mudou – Em fevereiro de 2014, a precária situação dos terminais resultou até em campanha para reformas. O levantamento, que foi apresentado pelo vereador Eduardo Romero (PtdoB), condenou a infraestrutura dos oito terminais de transbordo.

À época, os problemas eram: bebedouros que não funcionavam, banheiros quebrados e pichados, falta de brigadistas para atuar em casos de emergências, inexistência de extintores, falta de sinalizações adequadas e manutenção na rede elétrica.

O Campo Grande News entrou em contato com a assessoria de imprensa da prefeitura, por e-mail e telefone, para informações sobre a manutenção nos terminais e presença de guardas municipais, mas até o fechamento desta reportagem não houve retorno.

"É péssima, péssima, péssima", diz Sandra sobre a situação de terminal. (Foto: Marcelo Victor)
"É péssima, péssima, péssima", diz Sandra sobre a situação de terminal. (Foto: Marcelo Victor)
Desde março, lei autoriza "invasão" de ambulantes em terminais. (Foto: Marcelo Victor)
Desde março, lei autoriza "invasão" de ambulantes em terminais. (Foto: Marcelo Victor)
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