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Capital

TJ rejeita tese de confissão sob tortura e mantém júri de réu por matar Grazi

Lucas Pergentino Câmara, de 26 anos, será julgado por homicídio triplamente qualificado

Anahi Zurutuza e Geisy Garnes | 19/07/2021 19:02
Lucas Pergentino Câmara durante interrogatório realizado virtualmente. (Foto: Reprodução)
Lucas Pergentino Câmara durante interrogatório realizado virtualmente. (Foto: Reprodução)

Desembargadores da 2ª Câmara Criminal mantiveram, por unanimidade, a sentença de pronúncia de Lucas Pergentino Câmara, de 26 anos, acusado de matar a ex-mulher, Maria Graziele Elias de Souza, de 21 anos. Para os magistrados, “há indícios suficientes da materialidade e da suposta autoria do recorrente no delito doloso contra a vida que lhe é imputado”. O réu, portanto, deve ser submetido a júri popular.

Lucas havia tentado se livrar do júri popular alegando em juízo que havia confessado o crime após ser levado para um “cativeiro” por policiais da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio), torturado e ameaçado. Já na sentença de pronúncia, o juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, havia rejeitado a tese, uma vez que a confissão do acusado na delegacia foi gravada.

“No seu interrogatório policial, não há, prima facie, qualquer indício de que o acusado tivesse sido submetido a tortura ou alguma coação. O interrogatório foi filmado, sendo que a autoridade policial perguntou claramente ao acusado se ele sofrera qualquer tipo de violência,  tendo ele respondido que não. Chegou, inclusive, a levantar sua camiseta para mostrar que não tinha qualquer tipo de lesão”, havia anotado o juiz na decisão.

Para os desembargadores da 2ª Câmara Criminal, “embora o réu negue a autoria, em juízo, tal afirmação, por si só, é insuficiente para afastar a pronúncia”.

Maria Graziele estava com essa blusa quando sumiu e o corpo foi encontrado com a mesma vestimenta. (Foto: Reprodução Facebook)
Maria Graziele estava com essa blusa quando sumiu e o corpo foi encontrado com a mesma vestimenta. (Foto: Reprodução Facebook)

No júri - Lucas será julgado por homicídio triplamente qualificado – por asfixia, mediante traição e feminicídio – além da ocultação de cadáver, na 1ª Vara do Tribunal do Júri.

Conforme a investigação, conduzida pelo delegado Carlos Delano, e a acusação, Maria Graziele e Lucas viveram juntos por oito anos, mas tinham um relacionamento conturbado, marcado por “ciúme doentio e sentimento de posse” do feminicida confesso em relação a jovem. Eles estavam separados quando o crime aconteceu.

No dia 14 de abril, aniversário de Lucas, ela aceitou ir até a casa do rapaz, na Rua Mitsuyo Aratani, no Parque do Lageado, para comemorar a data. Segundo a denúncia, os dois mantiveram relação sexual e permaneceram deitados conversando. A jovem então comentou sobre o medo que sentia de ser morta pelo companheiro e nesse momento, foi imobilizada por ele.

Aplicando um mata-leão, Lucas virou Maria Graziele de bruços na cama e a matou asfixiada. Só seis horas depois, ainda segundo a apuração, ele colocou o corpo da vítima no carro e a levou até a BR-262. O cadáver da estudante foi encontrado cinco dias depois.

Em depoimento, Lucas afirmou que matou Maria Graziele por impulso. Nos cinco dias que a jovem ficou desaparecida, o suspeito fingiu ajudar a família a procurar a ex-mulher e tentou atrapalhar as investigações, mas acabou descoberto e detido.

Em juízo, disse que se encontrou com “Grazi”, como era ela conhecida, mas não a matou.

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