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Capital

Transferência de presos tem princípio de tumulto no Presídio de Trânsito

Celulares e cocaína também foram encontrados durante operação realizada nesta tarde em conjunto com agentes penitenciários

Rafael Ribeiro | 06/01/2017 18:09
Policiais do Choque foram ao local auxiliar na transferência de detentos (Foto: Arquivo)
Policiais do Choque foram ao local auxiliar na transferência de detentos (Foto: Arquivo)

Policiais militares do batalhão de Choque foram acionados para ajudarem agentes penitenciários a realizar a transferência de detentos do presídio de Trânsito de Campo Grande, na tarde desta sexta-feira (6).

Segundo relatos de funcionários, presos do local teriam resistido à atuação dos agentes penitenciários e a PM precisou ser acionada para evitar o início de um motim e ajudar na contenção. Ninguém ficou ferido.

A Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) realizou uma operação pente-fino em pelo menos oito celas do pavilhão 2 do local. Dois celulares e uma porção de 100 gramas de cocaína foram apreendidos.


“É um trabalho constante de vistorias e movimentações, que executamos de maneira pontual e rotineira”, disse o diretor-presidente do órgão, Aílton Stropa Garcia.

Por motivos de segurança, a Pasta não informou quantos detentos foram transferidos, para qual local iriam e qual o motivo.

Temor – Ainda na tarde desta sexta-feira, o Sindicato dos Servidores da Administração penitenciária de Mato Grosso do Sul emitiu através de seu site oficial uma nota de alerta aos agentes penitenciários sobre o clima de instabilidade e a ameaça concreta de confrontos e rebeliões ocorridas nos presídios estaduais neste final de semana. “Não é algo que esteja descartado”, afirma a nota.


“Considerando que a repercussão dos fatos (mortes no Amazonas e Roraima, além do assassinato de um jovem na penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande), essa entidade alerta a todos os servidores que tomem cuidado adicionais em seus locais de trabalho, que tenham muita cautela em toda e qualquer movimentação de presos e evitem transitar pelos mesmos trajetos rotineiros”, diz o texto.


A eminência de um confronto entre PCC e Comando Vermelho nas prisões sul-mato-grossenses aumentou após Makanaky Nobre dos Santos Nascimento, 26, ser encontrado morto por enforcamento em uma cela do presídio de Segurança Máxima de Campo Grande, também nesta sexta-feira.


Em vídeo obtido pela reportagem, outros detentos comemoram o assassinato, dando a entender que foi de autoria do PCC. ““Vergonha aí ó, CVZão, pendurado, olha que bonitinho que ele ta, esse pilantra do c***... Vai loucão, vai segurando”, dizem. ‘CVzão é uma gíria usada para identificar integrantes da facção carioca.


Antes disso, no último dia 4, no presídio de Dourados (a 233km de Campo Grande), um drone que estaria carregando facas e drogas para integrantes de uma das facções deu início a uma rebelião que precisou de auxílio do batalhão de Choque da Polícia Militar para ser contida.

A Sejusp (Secretaria estadual de Justiça e Segurança Pública) apura se a morte de um detento nesta manhã foi uma resposta do PCC à tentativa de ataque sofrida por parte do Comando Vermelho no presídio do interior.

Instabilidade – Apesar da morte de Nascimento, os presídios do Mato Grosso do Sul ainda não registraram conflitos graves entre as facções. Situação diferente da região Norte do país.

A guerra entre duas facções, que já matou mais de 100 pessoas no país, teria explodido em setembro do ano passado, depois de um “comunicado” que uma das facções emitiu, o “Salve Geral do PCC”, decretando o fim da aliança com Comando Vermelho.

O texto foi escrito a mão, na Penitenciária de Presidente Venceslau, em São Paulo, onde fica a cúpula do PCC. Possivelmente foi transportada por algum advogado ou visitante e enviado às prisões brasileiras dominadas pela facção. O “salve” se espalhou.


Depois disso, de outubro até hoje, presos foram assassinados em presídios de Roraima, Rondônia, Amazonas, Ceará. Com destaque para a chacina ocorrida no dia 1º deste mês, em Manaus (AM), quando 60 presos foram mortos, e a segunda matança ocorrida nesta sexta-feira (06), em Roraima, com mais 33 mortos.


“Lugar de alemão (gíria para inimigo) é no inferno. Tem que matar cada um deles e na faca, como fizeram com os nossos”, disse um suposto detento aliado do Comando Vermelho que foi apreendido por agentes penitenciários no presídio de Dourados.


Alerta - Segundo o diretor-presidente da Agepen, Ailton Stropa, o Estado tem procurado proibir de todas as maneira o uso do celular, tanto impedindo a entrada quanto coibindo a permanência do aparelho com operações "pente-fino" rotineiras.

Sobre a guerra entre as facções, Stropa afirma que há um alerta. “Estamos preocupados, porém preparados. Não há indicativo para a ocorrência de chacina no nosso Estado, mas a Agepen trabalha a situação minuto a minuto com a gerência de inteligência para reverter possíveis ocorrências e tomar providências preventivas”, relata.

Conforme o diretor-presidente, também houve reforço na segurança nos presídios. “O Estado já tinha se antecipando a isso quando iniciou o concurso para contratação de novos agentes e esses agentes já estão fazendo estágio nas unidades, além disso, há reforço através da Polícia Militar, que aumentou o efetivo nas muralhas e mantém o Batalhão de Choque totalmente mobilizado para atender qualquer ocorrência”, afirma.

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