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Capital

Trio recebe pena de 69 anos por assassinar adolescentes por engano

Sessão do Júri durou 12 horas e absolveu um dos quatro acusados

Por Gustavo Bonotto | 05/11/2025 21:40
Trio recebe pena de 69 anos por assassinar adolescentes por engano
Rafael Mendes de Souza, Kleverton Bibiano Apolinário da Silva e Nicollas Inácio Souza da Silva sentados no banco dos réus. (Foto: Osmar Veiga)

Rafael Mendes de Souza, Kleverton Bibiano Apolinário da Silva e Nicollas Inácio Souza da Silva foram condenados a penas que somam 69 anos e 20 dias de prisão pelo assassinato de dois adolescentes e pela tentativa de homicídio de um jovem no Jardim das Hortênsias, em Campo Grande. O Campo Grande News obteve com exclusividade a sentença completa, que até então não havia sido divulgada à imprensa.

RESUMO

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Três homens foram condenados a penas que somam 69 anos e 20 dias de prisão pelo assassinato de dois adolescentes e tentativa de homicídio em Campo Grande. O julgamento, realizado na 2ª Vara do Tribunal do Júri, durou mais de 12 horas e contou com forte esquema de segurança.O crime ocorreu em maio de 2024, quando Aysla Carolina e Silas Ortiz, ambos de 13 anos, foram mortos a tiros enquanto conversavam na calçada. Pedro Henrique Silva, de 19 anos, verdadeiro alvo do ataque, foi baleado na perna e sobreviveu. A motivação seria uma disputa pelo controle de pontos de venda de drogas na região.

O julgamento aconteceu nesta quarta-feira (5), na 2ª Vara do Tribunal do Júri, sob a presidência do juiz Aluizio Pereira dos Santos, e durou mais de 12 horas, encerrando-se às 20h20. A sessão foi marcada por forte aparato de segurança, com equipes do Batalhão de Choque da Polícia Militar posicionadas dentro e fora do Fórum, na Rua da Paz, bairro Jardim dos Estados.

O magistrado condenou Kleverton a 14 anos de reclusão, Rafael a 12 anos de prisão (sendo 11 de reclusão e 1 de detenção) e Nicollas a 43 anos e 20 dias de reclusão, todos em regime fechado. O quarto réu, George Edilton Dantas Gomes, foi absolvido pelos jurados. Já o processo de João Vitor de Souza Mendes, apontado como atirador, foi desmembrado porque o advogado apresentou atestado médico e não compareceu ao julgamento.

Na sentença, o juiz destacou que os réus “agiram com frieza e desprezo pela vida humana”, e que os disparos foram feitos “em via pública e contra vítimas inocentes, o que abalou a tranquilidade social”. O texto também reconhece a reincidência de Kleverton e o envolvimento dos condenados “em contexto de grupo armado e previamente organizado”.

Trio recebe pena de 69 anos por assassinar adolescentes por engano
Réu apoia braço em tribuna durante depoimento. (Foto: Osmar Daniel)

Durante a sessão, o magistrado indeferiu o pedido da defesa para reouvir testemunhas e vítimas, alegando que os depoimentos já estavam gravados em áudio e vídeo, medida tomada “para evitar a revitimização de familiares e assegurar celeridade processual”.

A promotora Luciana do Amaral Rabelo, do Ministério Público de Mato Grosso do Sul, pediu a condenação integral dos acusados. As defesas foram conduzidas pela Defensoria Pública Estadual e pelos advogados Pedro Paulo Sperb Wanderley e Sérgio Ropelli Abril, que tentaram desclassificar o crime e afastar as qualificadoras, sem sucesso.

O crime ocorreu na noite de 3 de maio de 2024, na Rua Flor de Maio, quando os adolescentes Aysla Carolina de Oliveira Neitzke e Silas Ortiz Grizahay, ambos de 13 anos, foram mortos a tiros enquanto conversavam na calçada. O verdadeiro alvo, Pedro Henrique Silva Rodrigues, de 19 anos, foi baleado na perna e sobreviveu.

As vítimas foram surpreendidas por uma dupla em motocicleta que abriu fogo sem aviso. A menina foi atingida no rosto e no braço e morreu ao chegar à UPA do Aero Rancho. O garoto foi ferido no tórax e não resistiu após ser levado à Santa Casa de Campo Grande. O alvo do ataque foi atingido de raspão na perna e sobreviveu. Testemunhas relataram que ouviram ao menos 14 disparos e viram os autores fugirem em alta velocidade.

Trio recebe pena de 69 anos por assassinar adolescentes por engano
Juiz Aluizio Pereira faz perguntas a réu. (Foto: Osmar Daniel)

De acordo com a investigação, João Vitor foi o atirador; Nicollas, o piloto da moto; Rafael, o responsável por guardar o veículo; George, o motorista de apoio; e Kleverton, o mandante do ataque.

A perícia encontrou cápsulas de pistola 9 milímetros espalhadas pela rua, o que confirmou o uso de arma de grosso calibre. Câmeras de segurança mostraram parte da fuga dos atiradores, e laudos técnicos ajudaram a vincular o grupo à motocicleta usada no crime. O inquérito apontou que a motivação seria uma disputa pelo controle de pontos de venda de drogas na região.

Para o juiz, o caso “chocou a opinião pública pela brutalidade e pela absoluta falta de propósito”. As vítimas foram descritas como “adolescentes sem qualquer envolvimento criminal, mortos por estarem no lugar errado e na hora errada”.

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