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Cidades

Depois de marcha com MST, índios vão à Justiça Federal

Redação | 14/08/2009 10:20

Entre as bandeiras vermelhas do MST, flechas e cocares indicam a presença da comunidade indígena na marcha dos sem-terra. Caciques e famílias da região sul do estado engrossaram a caminhada pela rodovia que começou no sábado, desde Nova Alvorada do Sul, para mostrar que a luta dos dois movimentos é uma só: acesso à terra.

Eliseu Lopes, guarani kaiowá de Amambai, fala em nome da comunidade que neste momento tenta apoio popular à luta pela demarcação em Mato Grosso do Sul. "Estamos aqui para deixar claro que os índios estão unidos com os sem-terra, para dizer que a demarcação não vai prejudicar nem a reforma agrária, nem a produção agrícola desse Estado", garante.

A declaração rebate argumento principal apresentado por prefeitos, governo estadual e fazendeiros, de que tirar áreas de produtores para demarcar como aldeias indígenas pode comprometer a produção e a arrecadação de municípios e do Estado.

Um grupo de 40 pessoas foi destacado para entregar à Justiça Federal nesta manhã um manifesto contra a suspensão das demarcações. A decisão liminar pelo Tribunal da 3ª Região foi concedida à Famasul (Federação da Agricultura de Mato grosso do Sul) e paralisou o processo que deveria ter sido retomado no dia 5 de agosto, depois de 4 adiamentos.

A demarcação de suas terras é um dos doze itens da pauta da marcha da Terra em Mato Grosso do Sul.

"Nossa intenção é dar subsídios para juizes da 1ª instância, porque a gente sabe que passam por aqui as decisões que muitas vezes paralisam processos e ordenam despejos", explica um dos membros do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), Rogério Batalha.

Sem-terra - As cerca de 800 pessoas que começaram no sábado marcha do MST (Movimento Sem Terra), se encontraram nesta manhã em Campo Grande e terminaram passeata até a Superintendência do Incra, na Capital.

Um grupo de representantes deve ser recebido pela direção, para entregar reivindicações dos trabalhadores rurais assentados e de famílias que ainda aguardam em acampamentos a distribuição de terras e indígenas. Além de uma pauta nacional, alguns pontos são bem específicos da realidade sul-mato-grossense, como a demora para nomeação de novo superintendente do Incra, que ficou sem Flodoaldo Alves em junho.

Neste momento, os manifestantes ocupam calçadas da Afonso Pena, em frente ao órgão, e lideranças discursam em carro de som.

A marcha em Mato Grosso do Sul foi dividida em duas frentes. Uma saiu de Nova Alvorada do Sul e outra de Terenos, ambas na manhã de sábado.

Hoje, quando as duas colunas se encontraram em Campo Grande, iniciaram caminhada até o Incra.

Para evitar tumultuo na região central, todo o trajeto até o Incra foi acompanhado pela Polícia Militar que continua no local.

"Estamos marcando nossa posição pela reforma agrária, exigindo recursos que são direitos já garantidos no orçamento e que a burocracia impede que cheguem às famílias", explica uma das coordenadoras da marcha, Fátima Vieira.

Unidos Índios e sem-terra resumem em um texto repassado a sociedade qual o motivo da marcha.

No documento, criticam instalação de usinas de álcool, principalmente, na região de Rio Brilhante. "Foram prometidos centenas de empregos, porém o trabalho é todo mecanizado, aumentando ainda mais o êxodo rural, e a miséria nas periferias das cidades".

O movimento traduz o motivo da luta que tem mais um protesto encerrado hoje na Capital. "A terra que é um bem da natureza e está diretamente ligada com a soberania de um país virou mercadoria, diversas empresas estrangeiras, como as usinas, estão se apropriando de imensas quantidades de terra para fazer especulação sem nenhum compromisso com o meio ambiente e o País... a reforma agrária é uma forma de combater a concentração da propriedade da terra nas mãos de poucos. Defendemos a distribuição da terra que é um bem de todos"

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