Ao STF, Guajajara pede demarcação de terra onde jovem foi morto
Titular da pasta de Povos Indígenas, Sonia Guajajara encontrou-se com Gilmar Mendes na noite de hoje (18)

A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, se encontrou com Gilmar Mendes para tratar sobre a homologação da Terra Indígena Ñande Ru Marangatu durante o fim da noite desta quarta-feira (18). O local foi marcado pela morte de Neri da Silva, aos 23 anos, da etnia Guarani Kaiowá, na tarde de hoje.
Detalhes sobre o encontro não foram divulgados à imprensa, mas há interesse da pasta em agilizar o processo de demarcação do território. Ñande Ru foi declarada para posse e usufruto exclusivo e permanente do povo guarani-kaiowá em 2002 e homologada por meio de decreto presidencial em 2005, mas este processo foi judicializado no mesmo ano pelo então ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Nelson Jobim.
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"Reforçamos junto ao ministro Mendes a necessidade e importância da celeridade em relação ao julgamento das ações que estão no STF e o destravamento dos processos paralisados em outras instâncias, pois somente a conclusão do processo demarcatório e a posse plena do território pode garantir a segurança e vida dos indígenas e acabar com essa violência", escreveu Guajajara nas redes sociais.
Mais cedo, a pasta dos Povos Originários pediu ao governador Eduardo Riedel (PSDB) o afastamento imediato e responsabilização do policial suspeito de atirar em Neri.
O campo de batalha foi a Fazenda Barra, no município de Antônio João, na fronteira com o Paraguai. Atingido com tiro na cabeça, Neri morreu no local. Imagens de seu corpo em meio à poça de sangue circulam na internet e foram parar no CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
Amparada por decisão da Justiça Federal, desde o ano passado a Polícia Militar mantém equipes na propriedade. A liminar, concedida pela 1ª instância em Ponta Porã e ratificada pelo TRF3 (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região, manda a PM salvaguardar a propriedade, para impedir ocupação e confrontos. Entretanto, não legaliza eventual reintegração de posse.
De propriedade dos pecuaristas Pio Queiroz Silva e Rozeli Ruiz – pais da advogada Luana Ruiz, assessora especial nomeada na Casa Civil do governo do estado – Fazenda Barra faz parte de 9,3 mil hectares. Palco de vários confrontos e outras duas mortes de indígenas, a área foi demarcada e homologada no primeiro governo de Lula.

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