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Interior

Bilionário brasileiro ajuda venezuelanos a ter vida nova no interior de MS

Em Dourados, 400 refugiados trabalham em indústria que abriu as portas aos venezuelanos a pedido de Carlos Wizard Martins

Helio de Freitas, de Dourados | 08/08/2019 09:29
Carlos Wizard Martins (1º à direita), Vânia Martins, Alessandra Myrrha e o bispo douradense Maikon Ferreira (Foto: Arquivo pessoal)
Carlos Wizard Martins (1º à direita), Vânia Martins, Alessandra Myrrha e o bispo douradense Maikon Ferreira (Foto: Arquivo pessoal)

O empresário Carlos Wizard Martins, dono de uma fortuna avaliada em R$ 2,1 bilhões, nunca pisou em Mato Grosso do Sul, mas é através dele que centenas de refugiados venezuelanos ganham a chance de uma nova vida fugindo do caos instalado pelo regime de Nicolás Maduro.

Campo Grande, Jardim, Ponta Porã e Dourados são as cidades sul-mato-grossenses que já receberam refugiados venezuelanos, trazidos pela força-tarefa humanitária apoiada por Martins e pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

De formação mórmon, Carlos Wizard Martins se tornou bilionário após vender a rede de escolas de idiomas Wizard, em 2013. No ano passado, ele se mudou com a mulher de São Paulo para Boa Vista (RR), com a missão de ajudar os refugiados venezuelanos a ter a chance de vida nova em cidades brasileiras.

Em Dourados, a 233 km de Campo Grande, a rede humanitária de Carlos Martins já instalou pelo menos 700 venezuelanos. O principal aliado do empresário na missão é o bispo Maikon Ferreira, 35, natural do Rio Grande do Sul.

Maikon viaja constantemente para Roraima e ajuda na seleção dos venezuelanos que vêm trabalhar em Dourados. Em março deste ano, ele acompanhou de Boa Vista a Mato Grosso do Sul o voo da interiorização trazendo 123 venezuelanos, atualmente morando e trabalhando na segunda maior cidade do Estado.

Ao Campo Grande News, Maikon contou como começou a ligação entre ele e Carlos Wizard Martins para ajudar os refugiados venezuelanos.

“Tudo começou em novembro do ano passado. Foi ele que me apresentou para essa necessidade de ajudar os refugiados. Aqui em Dourados eu recebi duas famílias e demos todo o suporte. Aí recebi uma ligação da Seara [indústria de alimentos] perguntando se eu fazia parte de algum projeto. Foi aí que passei o contato do Martins para a gerente e eles elaboraram junto com o Exército a força-tarefa de acolhida em Dourados, da qual faço parte desde o inicio”, conta o bispo Maikon.

Maikon Ferreira informou que Carlos Wizard Martins recebe os venezuelanos em um abrigo que mantém em Boa Vista. O local já chegou a ter 60 refugiados em uma semana, mas as pessoas ficam pouco tempo no abrigo, já que ideia é interiorizar em no máximo três dias, segundo o líder religioso.

“Ele [Martins] acolhe e depois liga para os líderes da igreja mórmon em todos os estados pedindo apoio para acolher de uma a duas famílias. Aí encaminha as famílias para a cidade onde os líderes da igreja dão o apoio necessário”, explica Maikon.

Segundo o bispo douradense, o bilionário participa tanto do projeto envolvendo os venezuelanos membros da igreja quanto do Programa Acolhida, que é para todos migrantes. Quando necessário, Martins também ajuda financeiramente.

Dourados é onde está o maior número de refugiados. “Até o mês de junho havíamos ajudado a interiorizar cerca de 700, porém com eles trabalhando e custeando a viagem de seus familiares, pode ser que esteja beirando os 900”, informou o bispo.

“Tenho a felicidade de estar entre o 1% mais rico do planeta. Agora sinto o dever de auxiliar os outros 99%”, afirmou Carlos Wizard Martins em entrevista à Revista Veja desta semana. Ao amigo douradense, Martins disse que tem vontade de conhecer Dourados.

Segundo Maikon Ferreira, a ajuda de Martins é fundamental para empregar os refugiados. “Ele contata bispos e presidentes de estaca [líderes locais] para se organizarem e receber uma ou duas famílias. No caso de Dourados, foi além, ajudamos não somente duas ou três famílias. Ajudamos 700 pessoas”.

Em Dourados, a maioria dos venezuelanos trabalha na empresa de alimentos Seara, do grupo JBS. São pelo menos 400 pessoas empregadas na linha de abate de suínos.

Nos últimos meses, aumentou o número de refugiados que vieram para a cidade com ajuda dos familiares já instalados. Só que esses venezuelanos têm dificuldade para conseguir emprego sozinhos e acabam enfrentando dificuldade de sobrevivência e sofrem com o preconceito.

O venezuelano Johan Andrés Sánchez Gonzalez veio para Dourados através da força-tarefa humanitária e trabalha em frigorífico (Foto: Eliel Oliveira)
O venezuelano Johan Andrés Sánchez Gonzalez veio para Dourados através da força-tarefa humanitária e trabalha em frigorífico (Foto: Eliel Oliveira)
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