Buraqueira toma conta dos bairros e ruas asfaltadas viram lamaçal
No Santa Maria e Parque das Nações, asfalto saiu por completo em trechos de duas ruas e lama dificulta vida de moradores
A buraqueira aumenta a cada dia nas ruas de Dourados, a 233 km de Campo Grande. Há pelo menos dois anos a cidade não recebe um serviço completo de recuperação das vias urbanas, mas o problema aumentou nos últimos seis meses, principalmente por causa da chuva e da lentidão do serviço executado pela prefeitura.
Os buracos estão em todos os bairros da segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul e na área central. Mas é nos bairros mais afastados que o descaso provoca transtorno e prejuízo financeiro para os moradores.
No Jardim Santa Maria, na região leste, em um trecho da Rua Antonio Elias o asfalto simplesmente desapareceu. Durante a chuva de ontem, uma enorme poça de lama tomou conta de quase um quarteirão inteiro.
Quem olha a foto acima não consegue acreditar que ali já existiu asfalto. “Começou com um buraco. Ligamos na prefeitura pedindo para consertarem, mas ninguém apareceu. Toda vez que chovia o buraco aumentava e agora está assim. Quase não conseguimos sair de casa”, afirmou um morador desse trecho da Rua Antonio Elias.
No Parque das Nações II, outro bairro da região leste de Dourados, a situação de abandono das ruas não é diferente do restante da cidade.
Os buracos estão presentes em todas as vias, mas na José Josino Salgueiro o asfalto também não existe mais. A via liga o bairro ao Jardim Canaã 4 e é usada como linha de ônibus. “Os buracos se emendaram um no outro e virou um só. O barro toma conta de tudo”, relata um morador.
Mortes – A buraqueira das ruas foi apontada como a causa de dois acidentes com mortes ocorridos nos últimos 20 dias em Dourados. Duas motociclistas morreram depois de passarem de moto pelos buracos e sofrer queda.
No dia 26 de maio, Valdomira Nunes da Rocha seguia de moto pela Rua General Osório, no BNH 4º Plano, quando passou por um buraco e caiu. Mesmo de capacete, ela sofreu traumatismo craniano e foi levada para a UTI do Hospital da Vida, onde morreu 18 dias depois.
Na manhã de ontem, Sonia Aparecida Rodrigues Fernandes voltava para casa de moto quando sofreu acidente após cair em um buraco na Rua José Roberto Teixeira, no bairro Altos do Indaiá, região oeste da cidade.
Sonia perdeu o controle da moto e se chocou com uma árvore no canteiro central da via. A pancada foi tão forte que rachou o capacete usado pela motociclista. Ela morreu na hora. Parentes dela, que morava no mesmo bairro, protestaram e acusaram a prefeitura de descaso.
Na sessão da Câmara Municipal na noite de ontem, o vereador Sergio Nogueira (PSDB) lamentou as mortes e cobrou providências da prefeitura. “Não era preciso perder duas vidas para que as providências fossem tomadas. Não teve uma sessão sem que eu pedisse à prefeita que priorizasse o serviço de recuperação asfáltica. Vejo isso como um descaso que está tirando vidas”.
Gasto milionário – Desde março, a prefeitura gasta R$ 3,2 milhões para fazer o tapa-buraco, mas o serviço pouco avançou em três meses. A primeira despesa foi de R$ 773 mil através de um contrato emergencial – sem licitação – assinado com a empreiteira Enerpav.
Em abril a Enerpav foi a vencedora da licitação e assinou mais um contrato com a prefeitura, dessa vez no valor de R$ 2,5 milhões. Entretanto, o tapa-buraco ficou paralisado durante duas semanas, por determinação do Ministério do Trabalho e Emprego, que constatou irregularidade na segurança dos trabalhadores.
Nesta terça-feira o Campo Grande News procurou a prefeitura sobre o andamento do serviço de recuperação das ruas, mas a assessoria de imprensa não se manifestou até a publicação desta reportagem.