Corte de dinheiro da cultura gera nova crise entre vereadores e prefeitura
A crise financeira que afeta o município de Dourados levou a prefeitura a reduzir pela metade o investimento previsto para projetos culturais. O valor destinado aos projetos se aproxima de R$ 400 mil para os exercícios de 2017 e 2018. Além disso, não se sabe ainda quando a verba vai ser liberada, já que a prefeitura cancelou o edital sobre a inscrição dos projetos culturais.
Dois vereadores da oposição já se manifestaram com críticas à medida adotada pela prefeita Délia Razuk (PR) – a presidente da Câmara Daniela Hall (PSD) e Marçal Filho (PSDB).
A presidente da Câmara Municipal lembrou que o FIP tem como objetivo estimular e fomentar a produção artística em Dourados, dando suporte financeiro aos projetos e que o cancelamento sem discussão prévia com os agentes culturais significa uma grande violação pela Prefeitura de Dourados.
“Fico triste ao ver nossa cidade dando as costas às pessoas que ajudam a definir a identidade cultural da segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul”, afirmou Daniela Hall sobre o cancelamento do FIP (Fundo Municipal de Investimentos à Produção Artística e Cultural de Dourados).
“Além de ser um valor irrisório perto do orçamento geral de R$ 916 milhões que a própria Câmara aprovou para 2018, esses valores farão muita falta para quem atua na produção artística da nossa cidade”, disse a presidente da Casa.
Segundo ela, em dezembro, a Secretaria Municipal de Cultura divulgou a relação de projetos culturais aprovados pelo FIP, mas na semana passada o financiamento foi cancelado.
Fernanda Ebling, que pretendia gravar um CD neste ano e já estava com projeto aprovado, desabafou na rede social Facebook após o cancelamento. “Fiz o projeto, selecionei as músicas. O projeto passou, os documentos foram entregues, a conta no Banco do Brasil foi aberta. Estou decepcionada”.
A escritora Odila Lange, que faz parte do Fórum Permanente de Cultura, disse que os artistas locais aprovaram uma moção de repúdio contra a prefeita Délia Razuk e prometem entrar com uma representação contra a prefeitura no Ministério Público.
Estava previsto um total de R$ 391.200 de recursos para o FIP dos calendários 2017 e 2018. Essa tinha sido a primeira vez na história da cultura douradense que houve a soma de recursos de dois exercícios, unindo as verbas de R$ 195.600 de cada ano. No entanto, a prefeitura decidiu cancelar tudo, pondo fim o sonho de 24 artistas e produtores culturais que concorriam aos recursos.
“Já era um recurso bem menor que o necessário e agora o pouco que tinha foi cortado", afirmou o vereador Marçal Filho. Segundo ele, estavam inscritos seis projetos de R$ 25 mil, três de R$ 20 mil, sete de R$ 15 mil, sete de R$ 10 mil e um projeto de R$ 6.200, totalizando R$ 391.200 mil para os 24 projetos.