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Interior

Falta de pistas de pouso homologadas dificulta até socorro no Pantanal

Viviane Oliveira | 19/09/2014 08:20
O administrador rural Paulenir mostra no mapa o local onde fica a fazenda. (Foto: Marcelo Calazans)
O administrador rural Paulenir mostra no mapa o local onde fica a fazenda. (Foto: Marcelo Calazans)

A falta de pistas de pouso homologadas e com balizamento noturno no Estado, principalmente em zonas rurais, dificulta o trabalho dos pilotos e prejudica quem precisa do transporte. Em caso de uma emergência em áreas alagadas do Pantanal, por exemplo, o problema fica maior ainda para quem aguarda o socorro.

As pistas não homologadas não possuem plano de voo aceito pela aviação brasileira, o que dificulta a procura por uma aeronave. Além da multa que o piloto pode receber, o seguro não cobre acidentes, em caso de pouso em pistas sem inscrição.

De acordo com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), atualmente há em Mato Grosso do Sul 22 aeródromos públicos homologados e 349 registrados como privados. Para receber voos noturnos, a pista precisa de uma série de equipamentos, como o balizamento.

O diretor de operações da Amapil Táxi Aéreo LTDA, Emerson Belaus de Carvalho Moreira, disse que o problema é que há várias pistas homologadas, mas que estão abandonadas ou não operam 24h. “Infelizmente a situação não se resume só no Pantanal, mas na maioria das cidades do Estado”, diz. Ele cita como um dos exemplos o aeroporto de Campo Grande, que não está operando durante a noite devido a reforma.

Para o presidente do Sindicato Rural de Corumbá, Luciano Leite, além das questões da pistas, o povo pantaneiro sofre com a falta de luz, comunicação e estradas. “Quando acontece um acidente nessas fazendas, a gente conta apenas com um rádio da época da 2ª guerra mundial para acionar o socorro”, lamenta, ao contar que não há luz e nem telefonia disponível para todos.

Ainda segundo Luciano, em regiões do Pantanal corumbaense vivem em torno de 22 mil pessoas em 2.500 propriedades. “Fora outros municípios que não ficam na planície”, explica.

No último sábado dia (6), o administrador rural Paulenir Nogueira de Barros, 44 anos, mesmo tendo uma pista de voo em sua fazenda, foi socorrido 2h depois de ser picado por uma cobra jararaca no tornozelo direito. Ele estava na propriedade que fica na área central do Pantanal da Nhecolândia, local cercado por baías, cerrados e lagos.

A dificuldade começa desde a hora de fazer a ligação para chamar um táxi aéreo. Depois de tentar muito, Paulenir conseguiu sinal telefônico para entrar em contato com o socorro. Ele foi encaminhado para um hospital particular de Campo Grande e não precisou tomar o soro antiofídico. “Esses problemas refletem no turismo também”, diz Paulenir.

A solução, segundo ele, para resolver pelo menos a questão de transporte aéreo para socorro seria uma parceria privada com o Governo do Estado. “A parceria poderia ser feita com o proprietário de fazenda que possui pista homologada. Assim o governo poderia disponibilizar 24h uma aeromédica com equipes disponíveis para fazer o transporte”, sugere Paulenir.

O piloto e advogado Nilvo de Souza Moraes explica que até 2010 gastava-se cerca de R$ 3 mil para inscrever uma pista privada, hoje não sai por menos de R$ 20 mil. São pelo menos três projetos na área de engenharia e projetos ambientais. Antes de tudo, é preciso pedir autorização de construção e pagar uma taxa. “Para construir uma pista demora em torno de um ano e meio. O sistema da Anac precisa ser revisto e além de tudo desburocratizar para melhorar a situação”, afirma.

Outro lado - Em nota, a Anac informou que todos os procedimentos junto à Agência são regulamentados e necessários, pois visam a segurança da aviação civil. Além disso, os regulamentos são elaborados em conformidade com a Oaci (Organização da Aviação Civil Internacional) e passam por audiência pública para vigorar.

Ainda conforme a Anac, a Agência regula e fiscaliza as operações da aviação civil observando também os padrões internacional de segurança, auditados pela Oaci. O órgão diz que as ações de segurança é prioridade da Agência e vai além das questões observadas nos saguões do aeroportos, como a certificação das aeronaves, a habilitação da tripulação, homologação dos aeródromos e dos procedimentos de segurança adotados pelas empresas, pilotos e aeroportos.

Pista de pouso que Paulenir possui na fazenda, segundo ele a única registrada na região. (Foto: arquivo pessoal)
Pista de pouso que Paulenir possui na fazenda, segundo ele a única registrada na região. (Foto: arquivo pessoal)
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