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Interior

Indígenas Guarani-Kaiowá voltam à fazenda em Caarapó após impasse em negociações

Tensão aumenta na Fazenda Ipuitã, onde grupo denuncia pulverização de agrotóxicos

Por Inara Silva | 24/09/2025 16:10
Indígenas Guarani-Kaiowá voltam à fazenda em Caarapó após impasse em negociações
Indígenas Guarani e Kaiowá na área retomada, em Caarapó. (Foto: Arquivo/Aty Guasu)

Indígenas Guarani-Kaiowá da Terra Indígena Guyraroká, em Caarapó, a 274 quilômetros de Campo Grande, retomaram nesta tarde de quarta-feira (24) a Fazenda Ipuitã, área sobreposta ao território tradicional. O grupo havia deixado a propriedade na segunda-feira (22), após intervenção da polícia e tentativa de mediação com órgãos federais, mas voltou a ocupá-la diante da falta de avanços nas negociações.

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Indígenas Guarani-Kaiowá retomaram a Fazenda Ipuitã, em Caarapó, Mato Grosso do Sul, após breve desocupação. A área, que faz parte da Terra Indígena Guyraroká, foi reocupada devido à falta de avanços nas negociações com órgãos federais. A situação se agravou quando seguranças privados da fazenda tentaram abordar indígenas no local. O Ministério dos Povos Indígenas solicitou reforço da Força Nacional para garantir a segurança das comunidades durante as retomadas, após escalada de conflitos na região.

Segundo o missionário do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), Matias Denno Rempel, a comunidade decidiu retornar após perceber que não houve avanço nas negociações. “A Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e o MPI (Ministério dos Povos Indígenas) chegaram a ir até o local, mas não houve nenhuma decisão concreta sobre o uso do veneno, nem reunião marcada com o proprietário. Isso gerou insegurança entre as famílias”, afirmou.

Conforme Rempel, a situação ficou mais tensa nesta manhã, quando seguranças privados da fazenda teriam abordado dois indígenas que chegavam ao local. Conforme relato da comunidade, os homens tentaram levá-los para a sede da propriedade, mas foram impedidos pelo grupo.

Na sequência, parte dos seguranças fugiu de carro e outros se abrigaram dentro da casa da fazenda. “É muito raro os indígenas entrarem na sede, mas, diante do que ocorreu, eles estão acampados dentro da área e há ao menos um dos seguranças dentro da casa-sede”, relatou Rempel.

Reforço da Força Nacional - Diante da escalada de conflitos em áreas reivindicadas pelos Guarani-Kaiowá, o MPI (Ministério dos Povos Indígenas) solicitou na manhã de hoje aumento do efetivo da Força Nacional em Mato Grosso do Sul.

Nos últimos dias, duas propriedades foram ocupadas no município, a própria Fazenda Ipuitã e outra no Porto Cambira. Em ambos os casos, os indígenas foram retirados por forças policiais, ação que, segundo entidades como o Cimi e a Aty Guasu, teria ocorrido sem mandado judicial.

Em nota divulgada nesta quarta-feira (24), o MPI destacou que o reforço da Força Nacional tem como objetivo garantir a segurança das comunidades durante as retomadas.

ONU - Segundo o Cimi, os indígenas acionaram, ainda na tarde de hoje, a ONU (Organização das Nações Unidas) e a CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos). O documento foi entregue ao relator Especial da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas, Albert K. Barume, durante a 60ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos, em Genebra.

Paralelamente, a comunidade enviou um apelo à CIDH, solicitando que os processos de demarcação da TI Guyraroká sejam acelerados, medida considerada essencial para garantir sua sobrevivência física e cultural.

O documento também destaca a repressão policial, a ausência de fiscalização sobre o uso de agrotóxicos e a insegurança alimentar causada pelo confinamento em uma área reduzida, cercada pelo agronegócio.

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