Mãe nega covid e quer investigação após morte de bebê de 2 anos: "Quero justiça"
Menino teve 3 paradas cardiorrespiratórias após inalação e entrou na estatística estadual como vítima da covid
Mãe do pequeno José Wendel, de apenas 2 anos, a dona de casa Késsia Alves Lima, de 22 anos, acredita que a morte do bebê, que a princípio foi associada á covid-19, na verdade foi provocada por erro na administração de medicamento no posto de saúde de Chapadão do Sul. Segundo a mãe, o menino foi diagnosticado com pneumonia e teve três paradas cardiorrespiratórias logo após ser colocado para fazer inalação com remédio.
Késsia lembra que procurou um posto de saúde em Chapadão do Sul na quarta-feira (26), depois de o filho apresentar quadro de tosse e mal estar. “Na primeira consulta não detectaram, mas na segunda, disseram que era pneumonia”, explica.
Ainda na unidade, ela foi informada de que o menino teria de ser transferido para o hospital da cidade. Até a chegada da ambulância, a médica do posto recomendou a inalação com medicamento Berotec, usado para aliviar o estreitamento das vias respiratórias. “Disseram que ele estava cansadinho”, conta.
A dona de casa conta que quando um dos enfermeiros aproximou a máscara de inalação, José teve a primeira parada cardiorrespiratória. “Acredito que a dosagem veio exagerada porque a reação foi automática”, lembra.
Já no hospital, a criança foi reanimada, intubada e encaminhada para o Hospital Regional de Campo Grande por causa da gravidade do quadro. Ao chegar na unidade, teve mais duas paradas cardiorrespiratórias. “Meu filho ficou 40 minutos em parada e faltou oxigênio no cérebro”, relata.
Após bateria de exames, médicos atestaram a morte cerebral de José Wendel. O bebê foi sepultado ontem (3). “Eu não como nem durmo. Quero justiça porque a vida do meu filho foi interrompida por um profissional que deveria ajudar”, desabafa Késsia após perder o primeiro filho.
Segundo ela, equipe do posto de saúde se nega a fornecer a receita da medicação dada ao filho e afirmam que só farão a entrega mediante determinação da Justiça. Também relata que ouviu de servidores que o menino já teria dado entrada na unidade de saúde convulsionando.
“Meu filho chegou andando, tenho testemunhas.Sempre foi uma criança saudável e não dependia de remédio nenhum para viver. Também acho estranho eles se negarem a dar a receita e os documentos de atendimento”, aponta.
Em nota, a Secretaria de Saúde de Chapadão do Sul disse que prestou todo atendimento médico necessário à criança e que o bebê recebeu medicação adequada, seguindo o protocolo de estabilização para o transporte.
“Em nenhum momento foi negado a entrega do Prontuário Médico pela Secretária de Saúde, ainda, no documento, consta que a mãe responsável pela criança compareceu ao sentinela conforme orientação da médica dias antes, porém não passou pelo médico porque não aguardou a consulta”, diz nota enviada.
Boletim epidemiológico - O caso do menino entrou outro no boletim epidemiológico da SES como covid-19. A prefeitura de Chapadão do Sul informou por meio de nota que “a suspeita de Covid-19 veio do médico responsável pela internação em Campo Grande, que solicitou exame de RTPCR, influenza e outros vírus respiratórios”. Segundo o município, o teste para a covid-19 foi negativo e outros exames ainda estão em análise.
“Sendo assim, Chapadão do Sul, seguindo orientação da área técnica estadual está aguardando os resultados dos demais exames para concluir a causa básica do óbito, sendo assim, o óbito seguirá em investigação até a conclusão do caso", diz o texto.