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Interior

Pacientes ficam sem tratamento após prefeitura não enviar transporte

Prefeito de Porto Murtinho nega episódio e afirma que dois micro-ônibus são disponibilizados semanalmente

Por Jéssica Fernandes | 26/03/2025 15:49


RESUMO

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Cerca de 16 pacientes renais crônicos de Porto Murtinho ficaram sem transporte para hemodiálise em Campo Grande, gerando indignação. A prefeitura, que deveria fornecer uma van exclusiva, não cumpriu o acordo, obrigando alguns a custear a viagem. O MPMS já havia apontado irregularidades no transporte, como veículos em mau estado. O prefeito Nelson Cintra nega a falta de transporte, afirmando que dois micro-ônibus estão disponíveis, mas pacientes preferem a van. O impasse continua, afetando o tratamento dos pacientes.

Cerca de 16 pacientes renais crônicos que vivem em Porto Murtinho ficaram sem o transporte oferecido pela prefeitura do município para realizar a hemodiálise na Capital, na segunda-feira (25). Vídeo enviado à reportagem mostra um grupo de pessoas esperando em frente ao Hospital Oscar Ramires, em Porto Murtinho.

Emily Fretes Mohamed Kaderi, de 25 anos, é filha de um dos pacientes que precisam do transporte municipal para conseguir realizar as sessões em Campo Grande, Samir Mohamad, de 45 anos.

Ela expõe que o caso desta última segunda-feira é mais um entre os vários problemas enfrentados. “Faz seis anos que meu pai faz hemodiálise e há seis anos temos esse problema com a prefeitura. Ficaram pacientes em Porto Murtinho porque não havia veículo para levar. Eles estão cortando acompanhante, querem anular o TAC”, afirma.

Pacientes ficam sem tratamento após prefeitura não enviar transporte
Imagens da van no documento que menciona a gratuidade do transporte. (Foto: Direto das Ruas)

Segundo a empreendedora, os pacientes têm direito a uma van exclusiva que, três vezes na semana, realiza a viagem do interior do Estado à Capital. O veículo foi assegurado através de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) firmado com a Prefeitura de Porto Murtinho. “Ele (prefeito) cancelou a ida de van, que é prioridade da hemodiálise.

Existe um papel protocolado com ordem judicial que é diretamente para a hemodiálise”, fala. Na falta do transporte, alguns dos pacientes, como o pai de Emily, teriam custeado a viagem do próprio bolso. “Os outros pacientes fizeram vaquinha e foram de carro próprio, e os que ficaram aqui foi porque não tiveram condições”, comenta.

A reportagem teve acesso ao procedimento administrativo em que o município se comprometeu a oferecer transporte público gratuito e adequado nos dias necessários a todos os pacientes que realizam hemodiálise. O documento do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) menciona que a prefeitura se comprometeu a ofertar dois micro-ônibus, com capacidade de 27 lugares cada, pertencentes à Secretaria Municipal de Saúde.

Desses 27 lugares em cada veículo, oito são destinados aos pacientes. Porém, no mesmo procedimento administrativo, o MP cita irregularidade e descaso, já que o veículo não estaria em perfeito estado de funcionamento.

“Em flagrante irregularidade e descaso com os pacientes, não só com os crônicos renais, o veículo utilizado no transporte dos pacientes conta com sistema de ar-condicionado que funciona de maneira irregular. Os pneus do veículo são impróprios ao uso, estando 'carecas'. Parte dos cintos de segurança são inaptos ao uso. O veículo, por diversas vezes, é acometido por mau funcionamento, visto que, costumeiramente, estraga, prejudicando o transporte adequado e seguro dos pacientes. Não bastasse isso, contém forte odor de urina e higiene inadequada.”

Outro trecho menciona que os pacientes crônicos renais não têm assento preferencial e que, em um dia, eles foram levados no transporte juntamente com peças de caminhão.


Outro lado - A reportagem procurou o prefeito de Porto Murtinho, Nelson Cintra, sobre o caso nesta quarta-feira (26). Ele nega que tenha se recusado a oferecer o transporte e afirma que os pacientes da hemodiálise têm à disposição dois micro-ônibus do município.

“Nós compramos dois micro-ônibus, com escada elétrica para pegar o paciente do chão. Nesse micro-ônibus, cada paciente tem direito a dois bancos para ficar confortável”, explica.

O prefeito pontua que a obrigação do município é oferecer o transporte, não sendo específico que o veículo seja a van. Segundo ele, alguns dos pacientes estariam se recusando a aceitar o micro-ônibus.

“Eles embirraram que não querem ir de micro-ônibus, que querem ir de van”, declara. A van, conforme Nelson, “presta serviço para muitos” de Porto Murtinho e não apenas aos 16 pacientes que realizam hemodiálise na Capital. “Há quatro mandatos levo gente para Campo Grande, dia sim e dia não. Mandei micro-ônibus e três carros para levar paciente, e tinham seis pessoas que não quiseram ir”, frisa.

*Matéria editada às 18h14 para acrescentar vídeo enviado pelo prefeito do micro-ônibus.

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