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Interior

PF preso na Omertà trabalhava na segurança de evento de ministra

Everaldo foi preso em hotel de Bonito por equipe da Polícia Federal, que apoiou operação do Gaeco

Aline dos Santos | 30/09/2019 11:54
Ministra Tereza Cristina (de blazer azul) participou de reunião do Brics em Bonito, nos dias 25 e 26. (Foto: Paulo Francis)
Ministra Tereza Cristina (de blazer azul) participou de reunião do Brics em Bonito, nos dias 25 e 26. (Foto: Paulo Francis)

O policial federal Everaldo Monteiro de Assis, alvo da operação Omertà, foi preso em Bonito, a 257 km de Campo Grande, porque estava trabalhando na segurança de evento com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias. Na quarta e quinta-feira, Bonito sediou a 9ª Reunião dos Ministros da Agricultura do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Everaldo foi preso em hotel de Bonito por equipe da PF (Polícia Federal), em apoio à operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado).

No meio do arsenal de guerra apreendido em 19 de maio com o então guarda municipal Marcelo Rios, havia um pen drive com dossiê sobre produtor rural que tem negócios nos municípios de Bonito, Jardim e Maracaju. A pesquisa foi feita com o login do policial federal. O material também teve uma versão impressa apreendida.

Imagens guardadas no pen drive mostram consulta sobre o produtor rural Edivaldo Luís Francischinelli no Renach (Registro Nacional de Carteira de Habilitação), Receita Federal e Sinic (Sistema de Informações Criminais). Conforme apurado pelo Campo Grande News, Edivaldo já foi ouvido pela investigação. Em julho, quando foi divulgada a existência do dossiê, o fazendeiro não quis falar com a reportagem.

Everaldo Monteiro de Assis teve pedido de habeas corpus negado no plantão de fim de semana do TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). A defesa do policial federal é feita pelo escritório do juiz federal aposentado Odilon de Oliveira.

Ao Campo Grande News, o juiz aposentado afirmou que o escritório está empenhado na defesa do policial federal e que escolheu fazer isso de forma voluntária, por dois motivos: “Conheço seu trabalho há duas décadas, em grandes operações vinculadas à vara onde eu era juiz. O outro motivo é a certeza de sua inocência”.

Segundo Odilon, as informações do dossiê seriam destinadas a policial civil do Estado para "sucesso de certas investigações" e não para a milícia. 

Pesquisa sobre produtor rural foi feita com login do policial federal Everaldo Assis. (Foto: Reprodução)
Pesquisa sobre produtor rural foi feita com login do policial federal Everaldo Assis. (Foto: Reprodução)

Organograma - A operação Omertà, realizada na sexta-feira (dia 27) em Campo Grande contra grupo de extermínio, que estaria ligada à quatro execuções na Capital, detalha organograma com quatro núcleos, sendo dois enxutos: líderes e executores, que totalizam quatro pessoas; e dois com 19 pessoas atuantes na gerência e apoio.

No topo, aparece o núcleo dos líderes, onde foram inseridos os empresários Jamil Name, 80 anos, e Jamil Name Filho. Conforme as investigações, os líderes são responsáveis por definir as missões dos demais integrantes da organização e custeio de todas as atividades do grupo, fornecendo material necessário às execuções, como armas, munições, veículos, imóveis, dinheiro e, inclusive, proteção.

O núcleo da gerência tem quatro nomes. Neste rol entra Marcelo Rios, o primeiro a ser preso. Relato de companheiras à Policia Civil informou que ele trabalhava na segurança do empresário Jamil Name. A casa onde foi feito o flagrante do arsenal, no Jardim Monte Líbano, pertence ao empresário, conforme contrato de compra e venda citado na decisão.

No núcleo três, o de apoio, são relacionadas 15 pessoas, incluindo advogado, guardas municipais, policial federal e policiais civis. O grupo era responsável pela logística, segurança e suporte da organização criminosa.

O núcleo quatro era o da execução, com somente dois integrantes: Juanil Miranda Lima e José Moreira Freires. Conforme a apuração, eles eram responsáveis em praticar os homicídios, mediante paga ou promessa de recompensa. A operação prendeu 19 pessoas.

Nova prisão preventiva - Durante o plantão do fim de semana, foram negados habeas corpus para Jamil Name e o filho. Nesta segunda-feira, Jamil Name, de 80 anos, passou por audiência de custódia no Fórum de Campo Grande pelo flagrante de armas e munição.

Na casa do empresário e pecuarista, no Jardim São Bento, foi apreendido um carregador de pistola, municiado com 17 cartuchos. O acessório estava na cômoda de armário no quarto. No haras de sua propriedade, na zona rural de Campo Grande, foi apreendia uma espingarda calibre 12.

O juiz David de Oliveira Gomes Filho, que cumpre plantão nas audiências de custódia, converteu o flagrante em prisão preventiva contra o empresário, que já estava preso por força de outro mandado de prisão preventiva da operação Omertà. O juiz avaliou que a prisão domiciliar não seria o suficiente, apesar da idade avançada do preso.

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