ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MAIO, SEXTA  10    CAMPO GRANDE 29º

Interior

Sem dinheiro para fornecedores, Santa Casa suspende cirurgias e exames

Direção administrativa da Santa Casa reafirmou a crise financeira do hospital diante de um contrato defasado

Danielle Valentim | 29/01/2019 06:47
Santa Casa de Corumbá atende cerca de 130 mil habitantes, incluindo pacientes que vêm da Bolívia. (Foto: Anderson Gallo)
Santa Casa de Corumbá atende cerca de 130 mil habitantes, incluindo pacientes que vêm da Bolívia. (Foto: Anderson Gallo)

A Santa Casa de Corumbá suspendeu a partir desta segunda-feira (28) todas as cirurgias eletivas - SUS (Sistema Único de Saúde), convênios, particular -, bem como exames de alto e médio custo (tomografias e colonoscopias eletivas). Somente casos de urgência e emergência serão atendidos.

O diretor clínico da Santa Casa, Lauther da Silva Serra, destaca um ano “turbulento” em 2018 e que a situação chegou ao extremo devido a valores de materiais desatualizados em contrato.

“Mesmo com todos os repasses, por meio da contratualização, é impossível trabalhar. O hospital tem gasto mensal de quase R$ 1,4 milhão e todo mês faltam mais R$ 700 mil. O contrato de oito anos não é revisto e nesse tempo, tudo teve aumento. Não conseguimos pagar os fornecedores, vai virando uma bola de neve e estamos trabalhando sob pressão”, pontuou Lauther.

De acordo com o Diário Online, um documento da direção clínica do hospital justificando a suspensão foi enviado ao governador, Reinaldo Azambuja; ao prefeito de Corumbá, Marcelo Iunes; secretarias de Saúde Estadual e Municipal; Promotorias do Estado e da União; Defensoria Pública; Conselho Regional de Medicina e à Junta Interventora da Santa Casa.

Nele, o corpo clínico relata que 2018 foi "turbulento", passando por várias dificuldades, como "atraso de pagamentos, falta de materiais, medicamentos e insumos, tendo como tendência a piorar, pois há aumento diário do custo do atendimento hospitalar, somando-se ao atraso no pagamento de médicos", que vêm recebendo pelo atendimento a pacientes, em parcelas, há mais de 8 meses.

A direção administrativa da Santa Casa ratificou a crise financeira enfrentada pela instituição filantrópica.

“Temos uma defasagem no repasse do SUS. A tabela de material ortopédico, por exemplo, é de 1996 e há uma diferença muito grande nos valores. No ano passado, recebemos 12 repasses de recursos e tivemos o pagamento do 13° salário dos profissionais, isso agravou o desequilíbrio financeiro já existente. Há ainda o atraso no que se refere à questão das férias dos funcionários e honorários médicos", explicou o diretor administrativo, Adriano Pires.

Novo contrato – No último dia 24 de janeiro, o secretário municipal de Saúde, Rogério Leite, entregou a proposta da nova contratualização ao secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende.

“Nesse documento colocamos todos os serviços que fazemos, toda a ampliação que pode ser feita, como uma macrorregião em saúde, e o financiamento de como seria feito. Propomos o Município arcar com R$ 750 mil mensais, e o Estado fomentando a macrorregionalização em saúde com o aporte de R$ 1,5 milhão”, explicou.

A proposta também inclui a regionalização da saúde. “Assim abriríamos a rede para trazer esses pacientes para cá. Foram entregues também as propostas, projetos, de serviços, colocamos a condição de aparelhos, apresentamos ainda a situação orçamentária e o déficit financeiro em relação ao custeio das ações. Mostramos o que temos hoje de medicamentos e materiais que poderiam ser ajudados num repasse emergencial para a Santa Casa”, explicou.

Intervenção - A Santa Casa de Corumbá está sob intervenção desde 2010. Por mês, a Prefeitura de Corumbá repassa à instituição R$ 513.532,00 (quinhentos e treze mil, quinhentos e trinta e dois reais).

Entre novembro de 2018 e janeiro deste ano, o Município já repassou à Santa Casa mais R$ 1,1 milhão além do valor contratualizado, o que ajudou a pagar o 13º salários dos funcionários. O SUS (Sistema Único de Saúde) aporta mensalmente mais R$ 1 milhão, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) outros R$ 353.482,00 (trezentos e cinquenta e três mil e quatrocentos e oitenta e dois reais) e a Prefeitura de Ladário R$ 20 mil.

Mas, o hospital ainda registra um déficit mensal de aproximadamente R$ 780 mil para a manutenção dos serviços existentes, fora os valores que são utilizados para pagar credores antigos da Santa Casa.

Nos siga no Google Notícias