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Interior

Técnico de enfermagem oferecia aborto a brasileiras por R$ 800 no Paraguai

Rafael Ribeiro | 10/01/2017 12:16
Enfermeiro indiciado por morte de Aline (foto) desviava  produtos de hospital em que trabalhava (Foto: Reprodução)
Enfermeiro indiciado por morte de Aline (foto) desviava produtos de hospital em que trabalhava (Foto: Reprodução)

A Polícia Civil de Porto Murtinho (a 431 km de Campo Grande) descobriu que o técnico de enfermagem de 42 anos preso na tarde desta segunda-feira (9), acusado de ser o responsável pelo aborto malsucedido que culminou na morte de Aline dos Reis Franco, 26, no último dia 6 de dezembro, mantinha um esquema de realizações desse tipo de procedimento irregular e faturava até R$ 800 por cliente.

“Vamos investigar, mas há indícios de que ele realmente oferecia seus serviços para brasileiras que iam ao Paraguai atrás de medicamentos abortivos”, disse o delegado Rodrigo Nunes Zanotti, responsável pelo caso.

Segundo a polícia, o acusado desviava medicamentos e material de enfermagem do hospital onde trabalhava para realizar os procedimentos. Investigadores levantavam até esta manhã através de uma busca na casa dele indícios de mais abortos realizados.


“O que se sabia é que ele ia trabalhar e depois sumia por uma semana. Desta vez, com a morte da paciente, o tempo de sumiço foi maior, o que nos motivou a pedir a prisão preventiva (por 30 dias). A decisão mais prudente dele foi se entregar”, completou o delegado.


Essa é a segunda vez que o enfermeiro é preso por suspeita de envolvimento em abortos ilegais em Porto Murtinho. Em outubro de 2010, ele foi preso em flagrante por vender medicamento abortivo para uma mulher de 20 anos, que também passou mal, mas sobreviveu ao procedimento.


A denúncia que resultou na prisão ocorreu após denúncia feito pelo Conselho Tutelar local. A mãe que praticou o aborto também foi autuada em flagrante.

Problema – Segundo Zanotti, a amiga da jovem, que teria levado Aline ao Paraguai para a compra do medicamento abortivo e indicado o acusado para o procedimento, também será indiciado por aborto com homicídio qualificado.

Mas, como ela colaborou com as investigações passando telefones e ajudando a identificar o que viria a se tornar o seu comparsa, vai ter a prisão pedida somente após a conclusão do inquérito.


Em seu depoimento, a amiga disse que o acusado se apresentou na verdade como médico e após Aline começar a passar mal pelo efeito dos medicamentos, ligou para familiares dela mantendo a versão mentirosa de que estava na verdade prestando socorro.


Caso – Grávida de dois meses e mãe de dois filhos, Aline começou a sofrer hemorragia intensa após tomar um medicamento abortivo de venda proibida no Brasil, mas de livre acesso no Paraguai.


A vítima só foi levada a um hospital após cair e bater a cabeça, complicando sua situação médica. Uma ambulância tentou lhe socorrer à capital, mas ela morreu em Jardim (a 233 km de Campo Grande).


Aline conhecia a amiga há mais de 15 anos. No seu depoimento, a jovem alega que outros colegas haviam lhe passado o contato do enfermeiro. “Ela não participava do esquema. Está muito abalada com o ocorrido”, disse o delegado.


A polícia espera pelos laudos definitivos, como a autópsia, para concluir o inquérito. Também vai ouvir mais algumas testemunhas, como familiares de Aline.

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