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Interior

“Você é um soldado de bosta”, disse major da reserva ao ser preso em festa

Ao ser orientado para encerrar a festa, o major ameaçou trocar tiros com os colegas de farda

Viviane Oliveira | 14/06/2021 10:18
Movimentação de policiais em frente à casa do major da PM, na noite do último sábado (Foto: Direto das Ruas)
Movimentação de policiais em frente à casa do major da PM, na noite do último sábado (Foto: Direto das Ruas)

“Eu sou coronel da Polícia Militar, você é só um soldado de bosta, seu vagabundo”. A frase foi dita pelo major da reserva Adão Cavaglieri, 59 anos, preso enquanto comemorava o aniversário em casa, com aglomeração e som alto. Ao ser orientado para encerrar a festa, o major ameaçou trocar tiros com os colegas de farda. O caso aconteceu na noite de sábado (dia 12) no município de Miranda, distante 201 quilômetros de Campo Grande.

Conforme o auto de prisão em flagrante, a Polícia  Militar foi acionada pelo chefe da Vigilância Sanitária do município informando que havia recebido denúncia de festa particular na casa de um major, com aglomeração e som alto que era ouvido de longe, desrespeitando o decreto estadual vigente.

No local, a equipe foi recebida pelo PM e a esposa dele. Os dois estavam sem máscara de proteção. Indagado, Adão confirmou que fazia festa em sua casa com aproximadamente 20 pessoas e ninguém entraria no imóvel sem mandado. Os policiais, então, disseram que apenas estavam ali para orientá-lo. Foi quando, segundo o registro policial, o major ficou exaltado com a guarnição em frente ao imóvel e passou a dizer que era "coronel". “Eu sou um coronel e você é só um soldado de bosta, seu vagabundo”.

Depois da frase, o major entrou na casa e a equipe policial continuou no local aguardando a vigilância sanitária terminar de confeccionar os documentos de autuação. Foi quando, de acordo com o auto de prisão, Adão voltou questionando o porquê o PM estava com uma arma calibre 12 em frente à casa dele. “Eu sou um coronel da PM. Isso é um desrespeito, seu filho da puta. Vai tomar no c...", segundo relatos dos policiais que atenderam a ocorrência.

Os PMs então entraram em contato com o oficial do dia em Aquidauana para auxiliá-los na ocorrência. Enquanto isso, conforme o documento, o major foi até o seu carro estacionado na rua, pegou sua arma e virou em direção à guarnição dizendo: “Agora eu também estou armado, se chegar no meu portão eu vou meter bala, porque eu tô louco”.

Os militares, então, receberam ordem para sair de frente da casa do major, pois outra equipe com o oficial do dia seguia para a cidade. Quando os policiais chegaram, os militares retornaram ao local e um tenente deu voz de prisão a Adão, que não reagiu e entregou a arma com 11 munições.

Conforme o auto de prisão em flagrante, Adão se reservou ao direito de se manter calado, não respondendo a nenhum dos questionamentos sobre o assunto. Ele  foi trazido para o Presídio Militar de Campo Grande, passou por audiência de custódia na manhã desta segunda na Justiça e teve a prisão decretada pelo juiz Alexandre Antunes da Silva. O major foi autuado por desacato, ameaça e por infringir medida sanitária preventiva.

Ontem, o deputado estadual Evander Vendramini (PP), amigo do major, afirmou à reportagem que não chegou a haver “aglomeração com mais de 10 pessoas no local”, pois se tratava da festa de aniversário do militar apenas com familiares. Afirmou ainda que Adão não ameaçou ninguém com uso de arma.

Ele disse que passava por Miranda, quando foi chamado para defender o major, que é seu amigo. “Fui com a filha dele, que também é advogada, para o quartel. Ele foi ouvido só às 6h da manhã, e aí conversei com ele. Me disseram que não teve aglomeração, era só uma festa de família com os familiares mesmo”.

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