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Cidades

Mortes provam: motorista não e apto, diz especialista

Redação | 11/10/2009 11:27

No Brasil, para cada morte no trânsito, 11 pessoas são internadas, das quais 49% atropelados, 25% de acidentados com motos. Para cada morte, ocorrem quase mil colisões, o que evidencia um comportamento de risco por parte do motorista, que está mal preparado para conduzir ou transportar, disse para a Agência Brasil o ortopedista Marcos Musafir.

Em 1997, quando havia 12 milhões de pessoas habilitadas ao uso de veículos a menos no Brasil, 55 mil pessoas eram mortas por ano em função de acidentes no trânsito. Esse número baixou para cerca de 40 mil óbitos/ano. O custo com as mortes e os feridos no trânsito no Brasil alcança em torno de R$ 10 bilhões por ano, segundo dados do Ministério das Cidades.

Para Musafir, apesar da redução da mortalidade, é preciso melhorar os hospitais, para dar um atendimento melhor à população, e aumentar a fiscalização. Ele é consultor da OMS para traumas em geral, com destaque para os traumas músculo-esqueléticos, que abrangem braço, perna e coluna.

O médico disse que a OMS está usando como exemplo no mundo a Operação Lei Seca do Rio de Janeiro, realizada diariamente em vários pontos da cidade e que utiliza as vítimas de acidentes de trânsito para a conscientização da população. "Isso tem uma repercussão internacional excepcional. Também é um fator que soma para o Etienne [Krug] entender que o Brasil está se esforçando para isso", disse.

As recomendações feitas pela OMS para diminuir as consequências dos acidentes do trânsito são conhecidas em todo o mundo. O Brasil já aplica muitas delas, disse Musafir. "São as regras básicas do trânsito seguro e saudável. Primeiro, respeito às leis do trânsito. Quem cumpre as leis do trânsito evita se expor a riscos e, logicamente, evita acidentes".

Os motoristas devem estar atentos ao limite de velocidade, respeitar a sinalização, usar cinto de segurança, nunca consumir droga ou bebida alcoólica para dirigir, manter as crianças no banco traseiro com cinto de segurança ou em cadeiras próprias.

Essas medidas servem para "que você tenha uma redução dos riscos", afirmou o ortopedista. Em relação às motocicletas, Musafir enfatizou a necessidade de todos usarem o capacete e respeitarem as regras do trânsito. Isso se aplica também às bicicletas, cujo uso está sendo incentivado.

Disse que o maior número de vítimas são pedestres, que atravessam fora da faixa ou atrás de veículos em movimento. "O respeito ao pedestre pelo dono da arma, que é o motorista, tem de ser enfatizado também. São essas as recomendações da OMS que encara o trânsito como um problema de saúde pública, pelos danos que causa".

Outra preocupação é promover a saúde do trânsito, para que os motoristas tenham condições adequadas de dirigir. "Não dirigir com sono, ter iluminação correta nas vias, sinalização adequada. Tudo isso somado leva a um trânsito mais seguro, como é na Suécia, na Noruega, na Alemanha".

O consultor da OMS destacou, ainda, que em países como a Índia e a China, o trânsito é extremamente perigoso. Na China, por exemplo, são produzidas 3 mil motocicletas por hora. E o número de mortos chega a 500 pessoas por dia. "Então, é um problema mundial. E a recomendação maior da OMS é que os países criem leis e as façam cumprir porque, assim, você teria uma redução dos traumas de trânsito".

Essas questões serão discutidas no Seminário Internacional de Traumas no Trânsito, que ocorre este mês, no Rio de Janeiro. O seminário também servirá para mostrar ao diretor do Departamento de Violência da Organização Mundial da Saúde (OMS), Etienne Krug, que o Brasil está melhorando os índices de mortalidade e morbidade no trânsito.

Os problemas do trânsito também serão discutidos no encontro ministerial que reunirá os 193 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) em novembro, em Moscou. No encontro, serão definidas as metas de saúde e segurança no trânsito para a Década do Trânsito da ONU, que vai de 2010 a 2020. Em nível global, os acidentes no trânsito causam 1,3 milhão de mortos por ano ou uma morte a cada 30 segundo, de acordo com números da OMS.

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