No 1º dia, cobrança de pedágio na 163 tem de reclamação a entusiamo


O primeiro dia de cobrança de pedágio na BR-163, repassada à iniciativa privada no ano passado, foi de reações entusiásticas à preocupação com o novo custo para circular pela via de 847 km, que liga o Estado de Norte a Sul.
“Só de não ver o Dnit medindo pedacinho de buraco já é uma alegria. Às vezes a gente reclama do preço do pedágio, mas a estrutura que ele nos proporciona é muito grande. Tem socorro, tem guincho”, afirma o pastor Salomão Pimenta, 58 anos. Ele mora em Londrina mas, por motivo do trabalho, está sempre de passagem pela rodovia com destino ao vizinho Mato Grosso.
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“Faz 35 anos que passo nessa estrada. Antes, com os buracos, não dava para andar a 60km/h. A rodovia melhorou e fica melhor para nós cobrarmos”, diz. Antes da concessão, o responsável pela BR era o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).
Para quem passa pela praça de pedágio, no sentido de quem vai de Campo Grande a São Paulo, a 10 km do distrito de Anhanduí, a obra de duplicação de trecho de 3 quilômetro, logo à frente, anima quem pagou R$ 7,20 para utilizar a via.
“Tem a segurança, a assistência, a duplicação da via que está surgindo. A gente não se importa em pagar desde que tenha retorno. A gente paga tanta coisa e não tem retorno de nada. As estradas de São Paulo têm pedágios e são excelentes”, afirma o advogado Ivan Vieira, 66 anos, que viaja frequentemente para Amambai.
Ele avalia que o custo com as praças de pedágios podem ser diluídos. “Vai com velocidade mais constante. O tempo que você ganha e o combustível, está excelente. A gente se vira em dinheiro, trabalha, arruma. Pelo menos eu estou pagando uma coisa e vendo que tem retorno para mim”, salienta o advogado.
Na direção de uma carreta nove eixos, que paga pedágio de R$ 64,99 para passar pelo ponto de cobrança perto de Anhanduí, o caminhoneiro Luiz Mateus Filhos, 55 anos, reclama do preço. O custo é arcado pela empresa e o veículo, inclusive, passa “direto”, sem passar pelos guichês. “A cobrança é muito alta. Achei que ia ser o mesmo valor do pedágio da 101, em Santa Catarina, que é de R$ 2 por eixo. E a pista é melhor do que essa, porque é dupla”, diz.
Com a concessão da rodovia, a comerciante Thaís Cristina Alves de Lima, 24 anos, viu o custo do rotineiro deslocamento do distrito ao centro comercial de Campo Grande encarecer e terá que deixar o ponto de vendas de produtos às margens da BR-163. “Para quem mora aqui, o custo está bem pesado. E deram dois anos para a gente sair”, diz. A expectativa é que seja criado um centro comercial no distrito.
As nove praças de pedágio foram instaladas em Mundo Novo (km 28,2); Itaquiraí (km 113,2); Caarapó (km 227,9); Rio Brilhante (km 313,7); Campo Grande (km 432,1); Jaraguari (km 533,8); São Gabriel do Oeste (km 603,4); Rio Verde de Mato Grosso (km 703,5) e Pedro Gomes (km 817,8). Os valores da tarifa básica para veículos de passeio variam entre R$ 4,70 e R$ 7,20, dependendo da praça. Os veículos comerciais pagam a tarifa básica, multiplicada pelo número de eixos.
O pagamento nas praças de pedágio deve ser feito por meio de dinheiro ou cheque. Não são aceitos cartões de débito ou crédito. No mês passado, a concessionária CCR MS Vias entregou os primeiros trechos de duplicação, que totalizam cerca de 90 quilômetros de extensão, atendendo à exigência contratual de concluir pelo menos 10% de duplicação da rodovia. O investimento foi de R$ 730 milhões em obras, serviços, equipamentos e mão de obra.
A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) autorizou a cobrança em 4 de setembro. A concessionária estima que, aproximadamente, 50 mil veículos devem passar nos nove pedágios da rodovia, sendo arrecadado uma receita de R$ 30 milhões mensais. Do total, 5% será revertido para os 21 municípios às margens da BR-163.