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Cidades

Projeto emperra, hospitais desistem e aparelhos de radioterapia não chegam

Flávia Lima | 06/03/2015 10:33
Hospital do Câncer já conta com um equipamento, porém espera a iberação de ouutro pelo governo federal. (Foto:Divulgação)
Hospital do Câncer já conta com um equipamento, porém espera a iberação de ouutro pelo governo federal. (Foto:Divulgação)
Enquanto aguarda acelerador linear, HU conclui reformas. (Foto:Arquivo Campo Grande News/Alcides Neto)
Enquanto aguarda acelerador linear, HU conclui reformas. (Foto:Arquivo Campo Grande News/Alcides Neto)

O Ministério da Saúde ainda não liberou os aceleradores lineares, equipamentos utilizados no tratamento de câncer, que deveriam ter sido entregues há pelo menos dois anos a três hospitais da Capital. Os equipamentos, avaliados em cerca de R$ 3,6 milhões cada, fazem parte do Plano de Expansão da Radioterapia do Governo Federal. A promessa era entregar em 2012, 130 aceleradores para unidades hospitalares de todo o país.

O acelerador linear é um dispositivo utilizado no serviço de radioterapia, que tem como função emitir a radiação utilizada em diversos tratamentos. Seu uso é muito mais seguro, pois ele é uma fonte que depende apenas de energia elétrica para que a radiação seja emitida, ao passo que as demais fontes trabalham com elementos radioativos.

Em Mato Grosso do Sul, cinco hospitais que atendem ao SUS deveriam receber o equipamento, no entanto a Santa Casa de Campo Grande e a de Corumbá desistiram do acelerador, pois preferiram contratar, na época, os serviços da Neorad, de Adalberto Siufi, que foi um dos focos da Operação Sangue Frio da Polícia Federal e da Controladoria Geral da União (CGU), que acabaram descobrindo que a empresa era contratada pelo médico para prestar serviço no Hospital do Câncer, que na época da operação era dirigido por ele, cobrando 70% acima da tabela do SUS.

Agora estão na lista de espera pelo equipamento o HU (Hospital Universitário), Hospital Regional Rosa Pedrossian, ambos em Campo Grande e Hospital Evangélico de Dourados, que apesar de ser privado, também oferece atendimento pelo SUS.

Outra unidade que já conta com um acelerador, mas aguarda a liberação do segundo equipamento também dentro do Plano de Expansão da Radiologia do Governo Federal, é o Hospital do Câncer Alfredo Abrão, na Capital.

De acordo com a diretoria desses hospitais, a demora na entrega não está relacionada a descoberta, em 2012, da Máfia do Câncer que agia em hospitais públicos do Estado. Na época, os hospitais que pleiteiam os aceleradores tiveram envolvimento no esquema de corrupção, porém as diretorias foram substituídas e os hospitais já cumpriram com as exigências do Ministério da Saúde para receber o equipamento.

De acordo com os atuais administradores, o próprio governo federal emperrou o plano de expansão. Sem os aceleradores, os hospitais precisam recorrer a rede particular para dar conta da demanda de exames e tratamento.

Para receber os aceleradores, os hospitais teriam que providenciar funcionários para atuar na área de radiologia e um terreno que cumprisse as especificações técnicas do Ministério da Saúde. As diretorias do Hospital Universitário e do Regional já tiveram suas áreas aprovadas por um técnico do governo federal e já dispõem de pessoal para executar a função.

É preciso ainda que o Ministério da Saúde faça uma licitação que vai determinar uma empresa para a construção de um bunker nesses terrenos, uma espécie de abrigo do acelerador.

No Hospital do Câncer, a espera é a mesma. As diligências exigidas pelo Ministério da Saúde já foram cumpridas. A principal era de que uma comissão bipartite, formada por gestores do estado e município avaliassem a necessidade do segundo equipamento e que a direção do hospital encaminhasse a Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear) um projeto sobre a instalação do acelerador, atestando a segurança do local. Os dois procedimentos já foram tomados.

Segundo Carlos Alberto Moraes Coimbra, diretor-presidente da Fundação Carmen Prudente, mantenedora do Hospital do Câncer, em uma de suas últimas conversas com representantes do Ministério da Saúde, a expectativa é de que os aceleradores começassem a ser entregues a partir de 2016, porém, a diretoria do HU e do Hospital Regional Rosa Pedrossian não conseguiram, sequer, essa previsão.

O Campo Grande News entrou em contato com a assessoria do Ministério da Saúde via telefone e email, mas não obteve resposta sobre previsão de entrega das máquinas.

Reformas e melhorias

Enquanto aguardam a liberação do acelerador, o Hospital do Câncer e o HU batalham para melhorar a estrutura oferecida aos pacientes. O objetivo do HU, inclusive, é se tornar referência no tratamento de oncologia. Para isso está concluindo, desde 2013, uma série de obras de melhorias e ampliação na unidade. A intenção é que seja feito no HU todo o tratamento contra o câncer, desde a cirurgia, quimioterapia e radioterapia.

O Ambulatório de Ortopedia e Traumatologia foi entregue em novembro do ano passado. O novo prédio de 207 m² conta com quatro consultórios, sala de gesso e procedimento, além de auditório com 30 lugares e recepção com banheiro para portadores de necessidades especiais. O ambulatório presta atendimento, nas patologias ortopédicas, para pacientes que não apresentam casos de urgência por meio de consultas médicas.

Já em dezembro, o HU entregou a reforma da enfermaria de Pediatria. O projeto, realizado com recurso oriundo do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários (Rehuf) no valor de R$ 995 mil e ampliou de 22 para 30 os leitos pediátricos, sendo dois isolamentos para crianças com doenças infecciosas.

A reforma está enquadrada nas normas e exigências do Relatório Técnico-Científico (RTC) da Anvisa e inclui a parte hidráulica, elétrica, teto e piso não poroso para evitar risco de contaminação. Com a entrega da obra, o setor conta agora com cinco enfermarias, cada uma com capacidade de até seis leitos, espaço para acompanhantes, salas de isolamento, prescrição e procedimento, além de brinquedoteca e sala para preparo de medicamento

No dia 17 de março será entregue o setor de Neonatologia, ampliando o atendimento no setor pediátrico. No total, R$ 7 milhões oriundos do Rehuf vão contemplar a reforma de outros setores do hospital até o final de 2015.

Quanto ao Hospital do Câncer, o diretor-presidente Carlos Alberto Moraes Coimbra explica que desde 2013 existem duas emendas parlamentares, uma de autoria do senador Ruben Figueiró e outra do ex-deputado federal Antonio Carlos Biffi que totalizam R$ 1,5 milhão e já foram empenhadas e publicadas. O montante é para ser investido em custeio, compra de medicamentos e equipamentos, como desfibriladores, monitores cardíacos e materiais para realização de colonoscopia e endoscopia. No entanto, o valor também não foi liberado pela União.

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