Cuidado: sua ‘sinceridade’ pode estar arruinando sua imagem
Sinceridade sem filtro não é qualidade, é falta de educação. É preciso ter tato para conviver em sociedade.
Quem nunca ouviu alguém dizer, com orgulho: “Eu falo na lata mesmo, porque sou sincero(a) demais!”? Às vezes, inclusive, esta frase vem carregada de um ar de superioridade, como se a pessoa estivesse praticando um grande ato de autenticidade. Mas será que toda “sinceridade” é realmente uma virtude? Na prática, o que muita gente chama de “super sinceridade” nada mais é do que falta de educação e ausência de filtro.
É claro que ser verdadeiro é importante. Mas ser verdadeiro não significa despejar qualquer pensamento sem considerar como ele vai atingir o outro. Quantas vezes já vimos alguém usar o “sou sincero” para justificar críticas cruéis sobre a aparência de uma pessoa, ou para soltar comentários duros em reuniões de trabalho?
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Isso não é autenticidade. É descuido com o impacto das próprias palavras.
O filtro que nos permite conviver
Viver em sociedade exige respeito. Não é questão de “fingir” ou ser falso, mas de usar um filtro civilizacional: medir antes de falar, entender se a forma como vamos expor uma opinião ajuda ou apenas machuca. Esse filtro não diminui a verdade, pelo contrário: faz com que ela seja dita de maneira construtiva, capaz de gerar diálogo em vez de conflito.
Por isso, escrevi alguns exemplos para que você saiba diferenciar sinceridade de grosseria:
Uma coisa é dizer: “Esse look não combina com você”.
Outra é dizer: “Essa cor não valoriza tanto sua pele, que tal experimentar outra?”. Isso, é claro, se a pessoa em questão perguntar a sua opinião sobre a roupa dela.
Nos dois casos existe sinceridade, mas apenas um deles demonstra cuidado, educação e empatia.
No ambiente de trabalho, acontece o mesmo:
Um colega que dispara: “Seu relatório está horrível!” só causa constrangimento.
Já quem diz: “Existem alguns pontos que podem melhorar nesse relatório, quer que eu te mostre?” transmite profissionalismo e colaboração.
O que sua “sinceridade” comunica sobre você
No fundo, a maneira como comunicamos a verdade revela muito da nossa imagem pessoal. Quem fala sem filtro passa a impressão de imaturidade e falta de tato. Já quem sabe ser sincero com empatia demonstra inteligência emocional — qualidade cada vez mais valorizada em qualquer ambiente, seja pessoal ou profissional.
Ser sincero não significa dizer tudo o que vem à cabeça. Significa falar a verdade com respeito, cuidado e consciência de que palavras têm peso.
Portanto, da próxima vez que alguém usar a desculpa do “sou sincero demais”, vale lembrar: isso não é virtude. É falta de educação.
(*) Larissa Almeida é formada em Comunicação Social pela UFMS e pós-graduada em Influência Digital pela PUC-RS. Trabalhou durante 14 anos na área de comunicação e imagem em importantes instituições como Caixa Econômica Federal, Prefeitura de Campo Grande, Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, Senado Federal, além de ter coordenado a comunicação da Sanesul. Consultora de imagem formada pelo RML Academy e Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Especialista em Dress Code e comportamento profissional por Cláudia Matarazzo e RMJ Treinamento e Desenvolvimento Empresarial. Siga no Instagram @vistavoce_.
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