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Em Pauta

A cura gay na Idade Média era feita cuspindo

Mário Sérgio Lorenzetto | 26/05/2018 09:15
A cura gay na Idade Média era feita cuspindo

O teor dos sermões em algumas igrejas europeias da Idade Média por vezes atacava a sodomia, coito anal praticado entre homens ou entre um homem e uma mulher. Não havia a ideia de homossexualismo. Um dos mais famosos pregadores de Florença, Bernardino da Siena, foi um dos precursores da cura gay medieval. Mais tarde, Bernardino seria canonizado. Quase todos seus sermões admoestavam essa prática. Acreditavam que os florentinos eram especialmente propensos a ela.

Em 9 de abril de 1424, ele exortava a congregação na maravilhosa Santa Croce, principal igreja de Florença: "Cuspi com força! Talvez a água de vosso cuspe extinga esse fogo. Assim, todos, cuspi com força!" A história conta que foram tantos cuspindo contra o piso da igreja que ecoou como um trovão.

Também foi Bernardino da Siena quem pensou em armar uma "Fogueira das Vaidades". O santo homem levou toda a congregação à praça em frente da igreja e armou uma grande fogueira que recebeu esse epíteto. A prática retornaria na década de 1490, com seu epicentro no convento de San Marco, onde pregava o dominicano, ultra famoso atualmente, Girolamo Savonarola com sua retórica alusiva ao fogo do inferno. É claro que os sodomitas-homossexuais estavam na primeira fila daqueles que iriam para as duas fogueiras: as chamas de Florença e a do inferno.

A cura gay na Idade Média era feita cuspindo
A cura gay na Idade Média era feita cuspindo

Giordano Bruno, caçador da verdade.

Feche os olhos e pense no Universo. O verá sem fim, com inumeráveis sóis e mundos, talvez habitados. Essa visão cosmológica foi imaginada, pela primeira vez, Giordano Bruno. O maior pensador do infinito. Seu pensamento revolucionário chocou contra mentalidade dogmática de sua época. Morreu queimado vivo na fogueira, condenado pela Inquisição.

Giordano Bruno nasceu em 1548, na pequena cidade de Nola. Era um jovem precoce quando em 1562 foi a Nápoles completar sua formação. Nápoles daquela época pertencia à Espanha e era uma das maiores cidades da Europa. Era ao mesmo tempo esplêndida e miserável.

Bruno entrou na ordem dos dominicanos para dedicar sua vida aos estudos. Se formou através da leitura escondida dos clássicos, principalmente de Erasmo, seu principal mestre.
Em 1576, fugindo da primeira acusação de heresia - duvidava da Trindade - deixou o hábito e começou sua peregrinação pela Europa. De Genebra a Paris, de Londres a Praga, foi interlocutor de reis e rainhas; polemizou com calvinistas, puritanos e luteranos e todos os aristotélicos, e foi excomungado por todos eles.

Com sua obra, Giordano Bruno fez saltar pelos ares o pensamento medieval.

Os estudos de Bruno abarcaram desde a cosmologia à geometria, desde a mnemotécnica à magia e desde a metafísica à moral. Em um de seus "Diálogos Morais", "Os heroicos furores", o mito de Acteón joga um papel central. Segundo esse relato, o caçador Acteón surpreendeu Diana desnuda no banho, rodeada por suas ninfas. A deusa da natureza, ofendida, o transformou em um cervo. E ainda mandou seus cachorros devorarem Acteón. Para Bruno, esse mito é uma alegoria da busca pela sabedoria. O caçador busca a verdade no mundo, e ao distinguir a divina nudez de Diana, se descobre como parte consciente da infinita natureza. Encontra dentro de si, a verdade que buscava fora. Se vê transformado de caçador em caça.

Giordano Bruno desejou retornar à Itália, confiava na liberalidade de Veneza. Traído, foi levado a Roma, onde foi sentenciado ao fogo. Em 17 de fevereiro de 1600, foi queimado vivo no Campo de Fiori, com a língua atada para que não pudesse falar ao público. Hoje, uma estátua de Bruno está nesse lugar.

A cura gay na Idade Média era feita cuspindo
A cura gay na Idade Média era feita cuspindo

Os esquecidos da ciência.

Não há casualidades, sim destinos. Há cientistas cujos destinos coincidiram. Seguindo os mesmos passos, alcançaram a mesma teoria. Não só na mesma época, mas também na mesma ciência.
Quando Galileu, desde Florença, ajustou seu olho ao telescópio e descobriu quatro objetos luminosos girando ao redor de Júpiter, outro astrônomo de nome Simon Mayr, cujo apelido era Marius, os estava vendo igualmente, desde a Alemanha. Todavia, seus resultados científicos só iriam a público quatro anos depois dos estudos de Galileu, com o nome de "Mundus Lovialis".
A reação de Galileu foi denunciar, acusando a Marius de plágio em seu livro "Il Saggiatore". Todavia, Marius não só havia investigado de maneira independente os mesmos céus de Galileu, como também obteve melhores resultados no que se refere à trajetória dos satélites de Júpiter. Além disso, Marius observou que a luminosidade dos satélites era variável conforme alguns períodos.
A polêmica que os dois mantiveram só foi ser solucionada anos depois, quando batizaram as quatro luas de Júpiter como "Luas de Galileu" mas o nome de cada uma delas era o que havia sido proposto por Marius: Europa, Io, Calixto e Ganímedes. Dessa maneira, de forma salomônica, a ciência rendeu tributo aos dois.
Outra teoria que foi concebida por dois cientistas ao mesmo tempo, foi a da evolução. Nesse caso, não houve ciúmes nem disputa, pelo contrário, sempre foram amigos. O destino de Charles Darwin sempre esteve ligado a Alfred Russel Wallace, que é o grande esquecido da Teoria da Evolução.
Wallace viveu em Belém do Pará por alguns anos. Pesquisava insetos. Decidido a descobrir lugares pouco explorados, navegou pelo rio Amazonas em uma canoa até a foz do Negro, onde se surpreendeu com a diferenças de espécies vizinhas de mariposas. Um assombro que o levaria a considerar que algumas espécies haviam desenvolvido de maneira distinta. Tal como Darwin, o naturalista Wallace regressaria dos trópicos para a Inglaterra convencido de que as espécies divergem à partir de uma linhagem comum.
O objeto da teoria da evolução foi concebido duas vezes, de maneira independente, por dois naturalistas que viveram no mesmo país e na mesma época. A vida pode ser uma fábula.

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