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Em Pauta

A imunidade que nos defende também nos mata

Mário Sérgio Lorenzetto | 21/09/2020 06:28
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

O cenário era a Universidade de Pádua, no norte da Itália. Enquanto portugueses e espanhóis chegavam no Brasil, um jovem pesquisador chamado Hieronymus Fabricius ab Aquapendente que gostava de cortar animais e humanos mortos, entrou para a história por causa de uma galinha. Durante uma dissecção, Fabricius notou uma estranha região sob a cauda da ave. Tinha encontrado um "órgão" parecido com um saco, que chamou de "bursa" (algo como "Bolsa"). Seria chamada de "Bursa de Fabricius".


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Que diabo é essa bolsa inútil?

Que diabo era aquilo? Por que Deus colocaria dentro de uma ave uma bolsa que parecia não servir para nada. Aquela simples observação salvaria - no futuro - a vida de milhões de pessoas. Estava dado o chute inicial para entendermos um sistema altamente complexo. Tão complexo quanto o cérebro. Seria chamado de sistema imunológico.


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Cada pessoa é um mundo imunológico.

Todos ouvimos dizer que nossas defesas são um exército que luta contra o invasor como em uma guerra. É certo que essas defesas são um dos produtos mais sofisticados gerados pela evolução biológica. E tal como nossas digitais, nenhum sistema imunológico é igual a outro.


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O sistema imunológico inato.

Para começar, uma parte de nosso sistema imunológico é "inato". Consiste de células que despertam quando detectam praticamente qualquer coisa que não tenham visto antes. São as mais rápidas e, também, as mais brutas. Para elas, tanto faz lutar contra um coronavírus ou um bacilo da peste. São como os antiquados cowboys da lenda: atiram antes de perguntar. É claro, que como os cowboys, não resolvem coisa alguma. Apenas a tropa de choque para matar e morrer.


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Os sofisticados adaptativos.

Outra parte de nosso sistema imunológico é o "adaptativo". Essa palavra "adaptativo" tem um significado muito concreto na biologia. Quer dizer que nosso sistema imunológico (ou um organismo e até mesmo uma espécie) alcançou algum tipo de acordo com o invasor. Se adaptou ao invasor. No caso do sistema imune nossas células sanguíneas respondem ao coronavírus gerando anticorpos e receptores celulares estranhamente especializados em reconhecer e destruir o coronavírus. São como os mísseis inteligentes. Tentam atirar somente no alvo prefixado.


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A fabulosa coordenação do sistema inato com o adaptativo.

Quando alguém examina as "tripas" desse sistema, não pode evitar de sentir-se deslumbrado com a capacidade de nossos genes de mutar e se recombinar para organizar a guerra frente ao invasor. Os genes produzem um amplíssimo guarda-chuva de anticorpos e de receptores celulares. E quando um desses anticorpos consegue neutralizar o vírus, a célula que o criou recebe o sinal para proliferar sem parar e faz com que as outras células parem, fiquem inativas. Praticamente só a célula que produziu o anticorpo, que ataca eficazmente o vírus, continua trabalhando - aceleradamente, loucamente.


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Descoordenação e morte.

Mas é possível que ocorra uma descoordenação devido à maluquice, à aceleração exagerada dessa célula produtora de anticorpo. Essa descoordenação do sistema pode levar à nossa morte. Há que se destacar que essa descoordenação do sistema imunológico pode ocorrer em qualquer faixa etária, mas é mais comum à partir dos 65 anos. Isso explica como esse grupo de idade tem maior risco de morte.

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