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Em Pauta

Atenção à inflação dos alimentos: preços ficarão até 40% mais altos

Mário Sérgio Lorenzetto | 28/10/2013 07:23
Atenção à inflação dos alimentos: preços ficarão até 40% mais altos

Preço dos alimentos subirá entre 15 e 40%

O tomate atingiu há poucos meses, a estratosférica marca de R$ 12 por quilo. Virou o vilão brasileiro. As redes sociais o metralharam e apareceu inclusive nas manifestações de junho. Ao contrário do que muitos pensam, a elevação exagerada dos preços do tomate não foi culpa do governo nem dos agricultores. Ainda que seja difícil de admitir para muitos, foi um fenômeno natural e comum na economia. Oferta e procura. Foi época da entressafra da colheita do tomate.

Além do tomate, o leite, a farinha de trigo, a mandioca, a cenoura, a cebola e o feijão foram os alimentos que mais contribuíram para o aumento do preço da cesta básica. E o preço da comida vai continuar subindo, apesar da trégua registrada em julho e agosto. Em setembro a FGV (Fundação Getúlio Vargas) detectou elevação de 1,43% na cesta básica, refletindo o aumento dos preços da soja, das aves e dos suínos. Os preços do varejo subiram 5,64% em 12 meses.

Atenção à inflação dos alimentos: preços ficarão até 40% mais altos

Comida cara é uma tendência mundial

A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) em parceria com a FAO (Fundação da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) vem realizando pesquisas e alertam para preços entre 15 e 40% mais caros para os alimentos na próxima década em consequência da desaceleração do crescimento da agricultura mundial, que deve ser mais lento. Agricultura com crescimento mais lento somado ao aumento acelerado da população no mundo indica elevação de preços. Essas instituições projetam aumento de produção agrícola mundial na casa de 1,5% por ano na próxima década, baixo em comparação com os 2,1% ao ano na década passada.

A escassez de terras agricultáveis, a melhor indicação de investimento para a década que ora inicia, o aumento dos custos de produção, a crescente limitação dos recursos naturais e o aumento das pressões ambientais nas principais regiões produtoras do mundo são os responsáveis pela desaceleração no ritmo de crescimento da agricultura global.

Apesar das boas projeções, a agricultura brasileira, também deverá desacelerar na próxima década. Entre 2013 e 2023 o aumento de produção poderá oscilar entre 20 e 49%, número razoável, mas inferior aos 56% da década encerrada em 2012.

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Brasil: o país dos desperdícios

País emergente, país em desenvolvimento, país do futuro. Qualquer denominação remete ao futuro. O presente melhorou, mas a distância dos países mais desenvolvidos é enorme. Alimentos que caem dos caminhões e se perdem nas estradas. Água que vaza por tubulações defeituosas. Energia elétrica dissipada em linhas de transmissão, nas residências e nas empresas. Horas perdidas no trânsito congestionado na quase totalidade das capitais dos Estados.

Estima-se que, dessa forma, o país perca 10% de sua safra anual de grãos. A produção da safra 2012/2013 foi de 187 milhões de toneladas, montante 12% superior à safra 2011/2012. Os grãos que caem dos caminhões equivalem a quase totalidade do crescimento da safra. Desperdiçamos aproximadamente 18,7 milhões de toneladas. Perdemos 50% de hortifrutigranjeiros durante o transporte da lavoura ao supermercado. E, US$ 1 bilhão de dólares por ano é a conta do custo anual dos alimentos que são desperdiçados.

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Perdemos ao menos 40% da água tratada em furos de canos e conexões

A água dos canos jorra de suas conexões e furos, perdemos acima de 40% da água tratada, dinheiro que se estivesse nos cofres das companhias de água e saneamento diminuiriam as contas das residências e empresas. Os custos para levar energia elétrica para as residências e empresas aumentam R$ 9 bilhões ao ano, devido ao imenso desperdício para sair da geradora e chegar à unidade de consumo.

Um estudo da FGV aponta que a lentidão do trânsito nas capitais e grandes cidades do país provoca perda anual em combustível no valor de R$ 930 por motorista. O mapa do desperdício no Brasil é crescente.

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Comida foi a primeira mercadoria a servir como dinheiro e foi usada para obter sexo

O critério para algo ser considerado como dinheiro tem de obedecer a pelo menos duas condições: precisa ser algo que todo mundo queira e não pode ser muito abundante. Pense na água. Todos querem, atende a primeira condição, mas é muito abundante, então não atende a segunda condição. Portanto, a água não pode ser usada como dinheiro.

Agora pense na comida. Também todos querem e nunca foi muito abundante. Então atende às duas condições e pode ser usada como dinheiro. A comida foi a primeira mercadoria a servir como dinheiro. E isso ocorreu antes da existência do ser humano na Terra. Quem pode servir de prova são os chimpanzés. Os machos dão carne para as fêmeas em troca de sexo. Não é exatamente um comércio no sentido ortodoxo da palavra. Dividir o resultado de uma caçada é um dos agrados que os machos fazem para tentar conquistá-las. Trata-se da comida, a moeda mais antiga do mundo, pagando pelo serviço mais antigo do mundo.

Quando os humanos apareceram na Terra, a situação não mudou muito. O que denominamos humanidade começou a aproximadamente 2 milhões de anos. Ocorreu quando um animal bípede, de cérebro grande, capaz de usar armas e dominar o fogo se multiplicou pelo mundo.

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A evolução significativa que antecede o fim da Era Glacial

Estão pensando que somos nós, os homo sapiens? Pois erraram. Era o homo erectus. Um animal de feições amacacadas que deixaria dois tipos de descendentes antes de ser extinto. Alguns desses erectus que migraram da África para a Europa, evoluíram até virar Neandertais, os que ficaram onde tinham nascido deram origem a outra espécie de macaco grande: esse sim somos nós, o Homo sapiens. Foi a mais ou menos 200 mil anos.

Chegamos a uma época de aquecimento global. Graças a Deus. Isso foi espetacular. Tratava-se do fim da última Era Glacial. Geleiras viraram rios, o branco nos campos transformou-se em verde, a quantidade de animais aumentou enormemente, os vegetais abundavam... um paraíso para grandes predadores. Nós estávamos armados até os dentes com lanças, atiradeiras, facas de osso e um grande cérebro. O Homo sapiens virou o maior predador da história.

O arroz com feijão dos povos que viviam no Oriente Médio era carne de gazela. Eles eram espertos e não matavam todas as gazelas. Somente os grandes machos, com muita carne eram levados para o fogo. A princípio estavam certos. Meia dúzia de machos poderia inseminar 100 gazelas. O estoque de carne continuaria. Muito bem, vamos dar o prêmio Nobel de caça a gazela para eles. Não, não merecem nem uma medalhinha miúda.

Esses povos, que os cientistas denominam natufianos, matavam as todas as gazelas macho grandes e restavam apenas as gazelas macho mirradinhas. Tremenda burrada. A próxima geração seria de gazelas mirradas. Continuaria a diminuir o tamanho até ficar somente gazela nanica.

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Alimento escasso põe o cérebro para funcionar

Encrenca no tempo novamente. Outra Era Glacial. Animais e plantas tornaram-se raros. Os natufianos só ficaram com seus cérebros grandes.

Os natufianos pensaram, que tal se ao invés de sair matando as gazelas nós as aprisionássemos em nossas aldeias e alí mesmo elas teriam seus filhotes. Também pensaram o mesmo com o trigo do pão e plantaram. Cultivar sementes e criar animais.

No Crescente Fértil, Turquia, Armênia, Iraque e Síria, foi onde a criação de animais e o plantio de sementes explodiu há aproximadamente 10 mil anos. Você conhece o resto da história. Com tempo livre proporcionado pela agricultura principalmente, o homem criou a escrita a Matemática, construiu cidades e foi genial, criou o dinheiro. Não a moeda. O dinheiro em forma de pequenas argilas que eram trocadas de acordo com a quantidade de vegetais para a alimentação que cada um dispunha. A comida era o dinheiro que virou pequenos tabletes de argila.

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O presidente do Paraguai é o maior produtor de cigarros

Três em cada dez cigarros consumidos no Brasil são contrabandeados. Não existe nenhuma mercadoria que consiga competir, em volume e receita, com os cigarros. A qualidade da folha de tabaco e os demais componentes são muito inferiores aos brasileiros. Se perdem na qualidade ganham na competição do preço. A partir de 2013, ocorreram dois aumentos de impostos federais que fizeram o preço do cigarro nacional subir 40%. Os cigarros paraguaios passaram a custar a metade do preço dos nacionais.

Andrea Martini, presidente da Souza Cruz, diz que o aumento dos impostos não diminui o número de fumantes. Mas faz com que parte deles migre para os cigarros mais baratos do mercado ilegal. O Paraguai produz 60 bilhões de cigarros por ano e só consome 5% de sua produção. A quase totalidade do excedente, 57 bilhões de unidades, vem para o Brasil, através da imensa fronteira seca que vai desde o Paraná até o nosso Estado.

Conjunto de forças repressivas brasileiras não condiz com volume de contrabando

Faltam viaturas, combustível, diárias e o mais importante, falta pessoal, o quadro de funcionários de cada órgão repressivo é diminuto. A somatória de Polícia Federal, Polícias Rodoviárias Federal e Estadual, Receita Federal, Gaeco e Secretaria de Fazenda, ainda que se esforcem muito, não consegue apreender nem uma pequena fração da montanha de cigarros contrabandeados. Passam em caminhões, em frotas de carros de passeio, em barcos e na bagagem dos sacoleiros. É como enxugar gelo no jargão do aparato repressivo.

A competição é totalmente desleal entre os cigarros brasileiros e os paraguaios. A carga total de impostos no Brasil incidentes sobre eles é de 65% do preço final. No Paraguai é de 10%. Como raramente são fiscalizados, os cigarros do Paraguai raramente pagam os 10% que deveriam pagar. E, claro, não arcam com impostos para vender seus produtos no Brasil.

Para complicar ainda mais, em abril, o Paraguai elegeu como presidente seu maior produtor de cigarros, Horacio Cartes. Um relatório d CPI da Pirataria da Câmara de Deputados Federais, aponta a Tabesa, empresa de Cartes, como uma das que contrabandeiam cigarros para o Brasil.

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Presidência de empresas ainda são pouco ocupadas por mulheres

Mais uma pesquisa comprova a diferença e as dificuldades existentes para a ascensão das mulheres aos topos das empresas. O estudo da consultoria empresarial Bain & Comapny foi divulgado pelo Valor Econômico e aponta que um funcionário do sexo masculino tem 20 vezes mais chances de chegar ao cargo de presidente-executivo, os chamados CEO, que um colega do sexo feminino. Foram entrevistados 514 pessoas, igualmente divididos entre mulheres e homens. Entre os participantes, 42% ocupam posições de gerência sênior ou executiva. O resultado apontou que 14% dos cargos de gerência executiva são ocupados por mulheres. Já o número de presidentas-executivas é menor: são nove do sexo feminino no ranking de importantes companhias do país.

Apesar das diferenças, homens e mulheres acreditam que a igualdade de gêneros é benéfica para ambiente corporativo. Eles, com 84%, bem mais que elas, com apenas 66%. Os entrevistados, a maioria 71% entre os homens e 69% pensam que as empresas deveriam ter o elemento equidade como prioridade. É no bolso, porém, que a diferença persiste e judia. As mulheres são até três vezes menos remuneradas que os homens.

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