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Em Pauta

Como ter educação de qualidade se a sociedade orgulha-se de sua ignorância?

Mário Sérgio Lorenzetto | 04/01/2015 09:16
Como ter educação de qualidade se a sociedade orgulha-se de sua ignorância?

Ignorância escolar: orgulho de algumas elites

Não é segredo que muitas das principais autoridades brasileiras pecam pela má formação escolar. Não são apenas os políticos. Existe uma quantidade razoável de empresários que "canta em verso e prosa" as delícias de ter fugido dos bancos escolares. Uma das historietas mais comuns, contadas com deleite, é a das dificuldades de Einstein com os ensinamentos escolares.

Mas a ignorância é motivo de orgulho em qualquer conversa do cotidiano. Os “Top 10” da ufanista ignorância nacional:

1. "Vou lá toda semana há mais de dez anos e ainda me perco";

2. "O meu inglês todo mundo pensa que é alemão";

3. "Em matéria de música, eu não distingo uma sinfonia de Beethoven de um samba de Martinho da Vila";

4. "Nunca tive a menor ideia de como se educa um filho";

5. "Olha, eu sempre pensei quando lia sobre a "Guerra de Secessão" que existia um erro de revisão";

6. "Pra mim quem trabalha na bolsa é economista";

7. "Ah, esse negócio de crase é um saco! Eu boto onde der";

8. "A minha ignorância em questão de geografia é realmente espantosa";

9. "Sou uma besta em matemática: não sei fazer nem conta de somar";

10. "Não entendo nada de cinema. Gosto ou não gosto e estamos conversado".

Como ter educação de qualidade se a sociedade orgulha-se de sua ignorância?
Como ter educação de qualidade se a sociedade orgulha-se de sua ignorância?

Educação "bancária" e a FGV

A Fundação Getúlio Vargas (FGV) é referência “número 1” em administração púbica e privada, bem como em economia. Na área de consultoria a órgãos públicos e empresas, concorre com a FGV apenas a mineira Fundação Dom Cabral. Brasil Competitivo (recentemente na mira dos novos governantes do Mato Grosso do Sul) e quejandos estão muito atrás dessas duas. Não têm aporte e experiência suficientes para desenvolver sistemas de alto padrão.

A FGV surgiu por decreto de Getúlio Vargas, com financiamento público, mas como entidade de direito privado. Trazia como missão apoiar o desenvolvimento do país. Contou com a participação de professores estrangeiros e criou instrumentos de medição para a economia (por exemplo, preços dos imóveis e de materiais para a construção). E de outros bens importantes, como índice de inflação e de evolução do PIB. A FGV não é um mero sonho de um empresário de renome.

O mundo acadêmico procura estar cada vez mais como a FGV, interagir com o mercado. Ela tem o "Clube dos Parceiros", que patrocina a Fundação. São muitos empresários e executivos (a maioria formada na FGV), que criaram um mecanismo para alimentar com recursos e para colocá-la mais perto ainda das empresas. Para a FGV, a "educação bancária" está morrendo. Bancária significa a de bancos escolares, o ensino pelo qual o professor fala e o aluno só escuta. Hoje, o aprendizado tem de dar pela solução de problemas, em situações reais. O ensino brasileiro, em todos os graus, tem de deixar de ser expositivo para ser informativo, prático. A educação brasileira, tanto básica como superior, está muito atrasada. É risível ver um professor realizar preleções às 10 da noite e o aluno dormindo.

Há quatro anos a FGV começou a empregar o modelo educacional Problem-Based Learning desenvolvido pela universidade holandesa de Maastrich, e transmite a experiência a escolas interessadas, a custo zero. No aprendizado baseado em problemas, os livros e artigos - a teoria - são lidos pelos alunos fora da sala de aula. Nas aulas, aplica-se o conteúdo na discussão e solução de casos reais.

Como ter educação de qualidade se a sociedade orgulha-se de sua ignorância?
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Nielsen constata que brasileiro não quer saber da caderneta de poupança

Uma pesquisa mundial realizada pela consultoria Nielsen mostra que a poupança é um excelente destino do dinheiro excedente para 49% dos entrevistados pelo mundo afora. Mas, no Brasil, a caderneta de poupança aparece em sétimo lugar como destino do excedente. Apenas 13% dos brasileiros marcaram a alternativa poupança em uma lista de dez destinos para o dinheiro que sobra após os gastos essenciais. Nas entrevistas, realizadas no terceiro trimestre deste ano, a caderneta perdeu para entretenimento fora de casa, roupas novas, pagamento de dívidas, novas tecnologias, férias e melhoria do lar.

Tem muito desejo de consumo reprimido, consumidor passando por ascensão social, que não está em fase de priorizar o investimento ruim em caderneta de poupança, mas de melhorar o consumo pessoal. Entretenimento fora de casa aparece no topo da lista brasileira, apontado por 44% dos entrevistados, bem acima dos 31% globais. Quitar dívidas, pagar cartões de crédito e empréstimos também mantêm um peso expressivo na prioridade nas posições subsequentes. Totalizam 33% dos desejos brasileiros. Percentual também bem acima da média global que está em 25%.

Na lista de maiores preocupações para os próximos seis meses, a economia está com 12% dos entrevistados brasileiros como o fator que mais tira o sono, um ponto percentual acima do verificado um ano atrás, o suficiente para empatar com a manutenção do emprego e do bem estar. Na liderança, mantêm-se as preocupações com a saúde, apontadas por 16% dos entrevistados.

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