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Em Pauta

Como um cão farejador, vem a vacina contra o câncer em 2026

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 08/05/2025 08:00
Como um cão farejador, vem a vacina contra o câncer em 2026

O que normalmente levava 10 anos, fizeram em 10 meses. A necessidade urgente de uma vacina durante a pandemia do coronavírus empurrou milhares de cientistas de todo o mundo a buscar uma solução recorde. Além dos bilhões gastos em uma colaboração global sem precedentes, outro fator foi chave: a tecnologia do RNA mensageiro - mRNA.


Como um cão farejador, vem a vacina contra o câncer em 2026

O que fazer com tantos cientistas e máquinas?

Passada a pandemia, enorme quantidade de cientistas e de máquinas super avançadas tinham de continuar produzindo. Mas, produzir o quê? Foi a pergunta que fizeram. As empresas BioNTech e Moderna acordaram com o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, o riquíssimo SUS britânico, a desenvolver com o mRNA uma vacina contra o câncer. Milhares de pessoas já participam dos ensaios clínicos em 24 países. Esperam que as provas sejam aceitas em princípios de 2026.


Como um cão farejador, vem a vacina contra o câncer em 2026

Como um cão farejador.

Essa vacina será como um cão farejador em um aeroporto: lhes dão uma amostra para que saiba o que buscar. A vacina será individual. Não será como as atuais em que uma só vacina vale para todas pessoas. Os dez milhões de mortos anuais no mundo, passarão a ter muito mais chances de sobrevivência. A BioNTech já está tratando 10.000 pessoas. A Moderna está ancorada em um investimento para dez anos capaz de produzir 250 milhões de vacinas. São números minúsculos, gota de água no oceano.


Como um cão farejador, vem a vacina contra o câncer em 2026

Continuarão valendo os mesmos procedimentos atuais.

Nada mudará quanto aos atuais procedimentos. Você tem muito mais chances de sobreviver em qualquer caso de câncer se o detectar no início. Também continuarão a usa a terrível quimioterapia. Mas então o que mudará? Caso você detecte um câncer, os médicos farão uma biópsia e enviarão para a empresa essa amostra. A empresa modificará os genes, ensinando-os a perceber o tipo de mutação que está ocorrendo. Essa mudança genética será administrada em teu corpo. Atualmente, dependemos de uma dupla: detecção rápida e quimioterapia. No futuro, a dupla será um trio: a mesma detecção rápida, a mesma quimioterapia e a “vacina cão farejador”.


Como um cão farejador, vem a vacina contra o câncer em 2026

O Brasil está se preparando?

Não há perspectiva alguma que as duas empresas envolvidas na criação da vacina contra o câncer aterrizem em solo brasileiro. Teríamos de estar nos preparando. Para obter a vacina, convergem avanços em três áreas: a tecnologia de mRNA, a sequenciação genética e a inteligência artificial. Graças à sequenciação, se pode analisar cada par de bases - os pedacinhos que formam a escada característica do DNA e identificar quais estão anormais. A inteligência artificial permite analisar rapidamente quais das 1.000 a 10.000 mutações que chegam a ter câncer podem ser reconhecidas pelo sistema imunológico . Esse conjunto de maquinas e cientistas custam imensas fortunas. O Brasil não está, como sempre, se preparando para esse dia.


Como um cão farejador, vem a vacina contra o câncer em 2026

O futuro pertence aos ricos.

Conheço duas pessoas que estão sendo tratadas com essa nova técnica. Para uma, o custo inicial foi de R$ 400 mil. A segunda pessoa, teve despesas bem mais elevadas - gastou quase R$ 2 milhões. Imaginar que toda a população brasileira tenha acesso a essa vacina não passa de utopia, mas o governo poderia estar acompanhando o desenvolvimento dessa vacina, adquirindo as máquinas necessárias e enviando cientistas para a Grã Bretanha, para que saibam o que fazer, mesmo que leve mais tempo que os ingleses.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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