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Em Pauta

Lixo caro - Mercado só existe para as grandes empresas

Mário Sérgio Lorenzetto | 03/09/2014 16:30
Lixo caro - Mercado só existe para as grandes empresas

Há pouco tempo, a mídia campo-grandense foi tomada pela discussão dos preços cobrados pela empresa responsável pela destinação dos resíduos sólidos, do lixo. "Licitação bilionária" era a frase que se fazia presente nas manchetes dos veículos de comunicação.

Este é um negócio que tornou-se realmente bilionário e será monopolizado por 7 grandes empresa no Brasil. Empresas robustas e dispostas a apresentar as mais variadas soluções em matéria de saneamento nos centros urbanos. Este é o perfil das principais companhias públicas e privadas que atuam hoje no setor de Serviços Ambientais (nome contemporâneo para o antigo serviço de coleta de lixo dentre outros). Até o século XX, o mercado nacional era marcado pela pulverização de pequenas e médias empresas que atuavam regionalmente em serviços básicos, como coleta de lixo e transporte até aterros sanitários situados em áreas periféricas das cidades.

Hoje, por força de medidas regulatórias aprovadas nos últimos anos, sem o devido respaldo financeiro, o cenário é completamente diferente e as perspectivas apontam para um mercado cada vez mais competitivo, no qual apenas os grandes sobreviverão.

Somente sete empresas podem ser consideradas pujantes - cinco ligadas à iniciativa privada e duas do setor público - que atuam em um setor que movimentou aproximadamente R$ 25 bilhões em 2013 e cujas projeções apontam para R$ 50 bilhões em 2023.

A principal mudança veio com o Marco Regulatório do Saneamento Básico, editado em 2007, que permitiu aos municípios firmarem contratos de longo prazo pelo sistema de Parcerias Público Privadas - PPP, para serviços de coleta de lixo, aterros sanitários e esgotos. Em 2011 veio o Plano Nacional de Resíduos Sólidos que determinou o fechamento dos lixões sem dizer de onde sairia o dinheiro para a mudança. "Não há mais futuro para pequenas empresas locais. Os municípios buscam soluções independentes, que apontam caminhos para o futuro em razão do crescimento demográfico urbano e do aumento da expectativa de vida do brasileiro", afirma Charles Schramm da KPMG, a maior empresa da área de infraestrutura e da excelência em cidades no Brasil.

A maior empresa privada do setor é a Estre Ambiental com receita líquida de R$ 1,328 bilhão, atendendo 1.522 clientes da inciativa privada e 149 prefeituras. Destas, 33 estão entre as maiores do Brasil como Campinas, Curitiba, Salvador e Aracaju.

Montar um aterro exige tecnologia e investimentos médios de R$ 200 milhões. Tanto a tecnologia como o investimento são impossíveis para pequenas empresas e, em razão disso, está ocorrendo um processo de desaparecimento das pequenas empresas. A segunda maior empresa do ramo é a Solvi que conta com uma receita líquida de R$875 milhões, atendendo mais de 15,6 milhões de pessoas em serviços de coleta domiciliar de lixo. As manchetes dos jornais tinham razão: o lixo tornou-se muito caro. As licitações em todo o Brasil são bilionárias. E a empresa que trabalha com o lixo de Campo Grande não está no rol das sete maiores.

Lixo caro - Mercado só existe para as grandes empresas
Lixo caro - Mercado só existe para as grandes empresas

A absoluta irrelevância das máquinas políticas e do apoio dos políticos

No passado mais distante, um líder político transferiu todos seus votos, era tempo de memória das dificuldades da ditadura. Leonel Brizola comandava os votos do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul. Nas últimas eleições municipais, esse fenômeno se repetiu, Lula elegeu Fernando Haddad prefeito de São Paulo e está pagando caro por ter depositado sua confiança em uma administração que até agora se revelou caótica, o eleitor paulistano não fala da existência dos candidatos do PT. A eleição dos candidatos-postes são exceções, fruto de um raro e fugaz momento de intensa emoção.

A regra é o contrário, a absoluta irrelevância das máquinas políticas e do apoio dos políticos. Acreditar na força eleitoral do apoio de políticos é uma forma de pensamento mágico. O eleitor tornou-se muito mais pragmático. As eleições municipais de 2012 em Campo Grande bem demonstraram e a posição de Marina nas pesquisas de intenção de voto ocorreu sem que ela tenha tido sequer um mísero apoio de um governador de Estado, de um só senador ou de qualquer máquina política partidária, nem mesmo da desorganizada Rede. Aliás, não obteve o apoio sequer do PSB. Deles só obteve conversa e decisões oficiais e formais devido a inexistência de alternativa. Na verdade, é bem provável que a partir de agora ocorra o inverso: muitas máquinas políticas passarão a apoiar Marina. Nesse aspecto, a candidatura dela relembra o individualismo de Fernando Collor. Ele contra o mundo político e os marajás. Ela contra o mundo político e o agronegócio. Cada um com seus demônios.

Todas as análises que relacionam força dos apoios regionais e favoritismo no voto estão erradas desde há um bom tempo. O que está ocorrendo revela o erro das análises que conectam apoio e voto. Só há um apoio verdadeiramente válido - o poder do dinheiro. E este está escasso no comércio, na indústria, na agricultura e nas eleições. Teremos as eleições mais baratas dos últimos 30 anos, mesmo que as declarações para os Tribunais Eleitorais digam o contrário.

Lixo caro - Mercado só existe para as grandes empresas
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O PIB do Centro-Oeste é maior que do Brasil e tende a continuar maior

Em um ano de incerteza no ambiente macroeconômico e ritmo lento da economia brasileira como um todo, a região Centro-Oeste apresentará desempenho acima da média nacional. Isso se deve à força do agronegócio e à retomada vigorosa do setor de extração mineral.

Alguns importantes economistas projetam crescimento médio de 2,3% para a nossa região no período entre 2014 e 2020, enquanto o restante do país tenderá a uma variação anual média do PIB (Produto Interno Bruto) em torno de 2%. Entre 2008 e 2013, sustentam os economistas, enquanto o país cresceu em média 3,1% ao ano, o Centro-Oeste apresentou incremento de 3,8%.

Para este ano, a tendência é do PIB fechar em 0,6% no Brasil como um todo, mas para o Centro-Oeste a previsão é de razoáveis 1,7%, perdendo a excelência do ano anterior quando fechou em 3,2%.

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O Ministério do Trabalho facilitará o trabalho no fim de semana

Atendendo o pleito do Conselho Nacional de Relações do Trabalho - formado por membros do governo, de entidades patronais e de trabalhadores, o Ministro do Trabalho revogará dentro de alguns dias a portaria que regulamenta o trabalho urbano e rural no fim de semana. A atual portaria só gerou insatisfações apesar de ter apenas seis meses.

A nova portaria deseja tornar mais ágil o mecanismo de autorização para contratar no fim de semana. Um dos principais argumentos é que os trabalhos rurais de plantio e colheita não podem ficar à mercê da burocracia governamental. Existe um consenso para que novas medidas solucionem os entraves que estão sendo postos.

O motivo da nova portaria ainda não ter sido aprovada é de caráter fiscalizatório. A atual regra prevê que empregadores que tenham irregularidades nos últimos cinco anos sejam submetidos a inspeção e fiquem proibidos de manter empregados aos fins de semana, O debate está aberto por um lado pela falta de fiscais que atrasa a inspeção e por outro lado, a tentativa de diminuir o prazo de cinco anos de proibição.

Lixo caro - Mercado só existe para as grandes empresas
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A nova tendência é o preço dinâmico e a abolição do preço lagartixa

Os comerciantes árabes conhecem bem a técnica. Nos bazares orientais ainda hoje o sistema é adotado. O comerciante avalia o comprador por algumas características e informações - se é turista, de que país vem, a que hora chegou, se vem em grupo, sua expressão facial - e estabelece um preço naquele momento. Em geral o preço é absurdo, apenas para abrir a negociação. O comerciante leva a vantagem de saber o custo do artigo, de forma a jamais fechar uma transação em desvantagem.

Precificar, dar preço às coisas, mercadorias ou serviços. Esta nunca foi uma tarefa fácil. Trata-se de atribuir valor às coisas, uma das maiores dificuldades do cérebro humano. Pois saibam que essa tarefa está ficando mais complexa. Se ainda existe quem estabelece preço acrescentando uma margem de lucro aos custos de produção, é uma turma que está perdendo espaço.

Estamos vivendo, uma revolução em técnicas de precificação - o que ganha mais espaço é o preço dinâmico, que muda de acordo com a situação. Mas, também há o preço freemium, usado pela maioria de fabricantes de aplicativos, em que o básico é de graça e o extra é cobrado. Outro muito usado é o da auto-segmentação que usam algoritmos para diferenciar clientes. Nesse último existem processos estatísticos que dão valor a cada atributo do artigo e há o mapeamento dos clientes.

Durante mais de um século, a cultura do preço uniforme prevaleceu. A cultura do preço único está decadente. Tudo começou com a hiperconcorrência, que levou as empresas mais criativas a um novo patamar no estabelecimento de preços.

O exemplo clássico é o das empresas aéreas. Desde os anos 90, para o mesmo serviço, dois passageiros sentados lado a lado podem ter pago preços diferentes. Essa estratificação já era possível de 1972, quando um matemático inglês propôs um modelo dinâmico à gestão do preço da passagem. Leva em conta a ocupação do voo e a gestão de custos. O algoritmo para as aéreas, atualmente, é mais complexo - o sistema lê quanto o cliente está disposto a pagar. Leva em conta o local da venda, data da viagem, se por lazer ou negócio, a complexidade do trajeto, fidelidade do cliente e o preço da concorrência.

Esses softwares atingiram tal ponto de sofisticação que a equação de preço pode mudar a cada internauta que visitar o site de compra de passagem. É o processo de auto-segmentação - você se encaixa onde quiser ou puder. Bem claro - quem têm urgência paga mais e quem aceita restrições, economiza.

O modelo está se espalhando para diversos terrenos. Há um time de beisebol dos Estados Unidos que cobra o ingresso usando a posição do time na tabela, a força do adversário, a chance de chover e, claro, do lugar no estádio. O cálculo varia de hora em hora, até o início da partida. Esse algoritmo rendeu aos cofres do clube uma receita adicional de US$ 500 mil anuais.

Segundo uma pesquisa da consultoria Quantiz Pricing Solutions, a discriminação de preços é bem aceita pelos brasileiros, quando feita de forma transparente. A prática que mais causa ira aos consumidores brasileiros é cobrar mais de clientes antigos. E o inaceitável é o preço lagartixa: aquele que é jogado no produto e, se colar, colou.

Lixo caro - Mercado só existe para as grandes empresas
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O Ministério da Justiça convenceu os bancos e telefônicas a criarem centrais de mediação ao invés de irem à Justiça

Já está em prática a Estratégia Nacional de Não Judicialização pelo Ministério da Justiça. Bancos e companhias telefônicas criarão centrais internas para evitar que conflitos com consumidores sejam levados à Justiça.

Os bancos, através de sua Federação, a Febraban, a TIM, a Claro, a Telefônica e a Embratel, assinaram um termo de adesão ao programa do governo federal. Esses dois setores são os que mais demandam processos na Justiça. Os bancos respondem por 38% de todas as ações em tramitação no Judiciário. As telefônicas respondem por 6%.

A criação das centrais de mediação foi negociada à exaustão pelo Ministério da Justiça com os dois setores. Foram oito meses para entenderem que é mais caro manter os processos na Justiça do que negociar com os consumidores.

Ao todo tramitam 92 milhões de ações na Justiça e cada uma delas custa, em média, R$ 4,3 mil. No total os processos podem custar até R$ 395 bilhões a esses dois setores da economia nacional. Os bancos e empresas telefônicas também reconheceram que a enorme judicialização leva a uma perda na imagem institucional e de confiança junto aos consumidores.

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Chineses, os cidadãos mais cordiais na internet

É o que assegura um estudo realizado DigitasLBi. Detectaram grandes diferenças no uso das redes por países. Os mais sociáveis na hora de compartilhar suas compras na internet são os chineses - 78% o fazem. Os menos ativos são os alemães e britânicos com 35%. Brasileiros? Sem notícia.

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