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Em Pauta

Os desastres ambientais que mudaram o mundo

Mário Sérgio Lorenzetto | 07/07/2019 07:23
Os desastres ambientais que mudaram o mundo

O movimento em defesa do meio ambiente, ainda imaturo, deu um grande salto em 1969 em consequência de uma catástrofe ambiental. Pouco conhecidos no Brasil, causaram forte comoção e mudanças fundamentais. Foi à partir deles que aprendemos lições que nos levaram a uma maior proteção de nosso entorno.

Os desastres ambientais que mudaram o mundo

Cuyahoga, o rio que ardeu em 1969.

Ao redor de Cleveland, em Ohio, nos EUA, foi crescendo durante o século passado um dos maiores centros industriais. E em paralelo a esse crescimento da indústria, o rio Cuyahoga, que passa pela cidade, foi rapidamente contaminado. O rio estava tão cheio de substâncias inflamáveis e de resíduos flutuantes, que de tempo em tempo sua superfície ardia. Mais de uma dezena de incêndios já tinham ocorrido até que em 1969, uma massa de fogo flutuante chamou a atenção da revista Time. O semanário publicou fotos espetaculares do "Rio que arde, mais que flui", que era o título da matéria jornalística.
Aquilo comoveu os EUA e a Europa e impulsionou grande mudanças nos cuidados com os rios em todo o mundo. E mais, depois do incêndio do Cuyahoga um forte movimento pró ambiente tomou impulso nos Estados Unidos. Pegou um Richard Nixon recém chegado à presidência de seu país. Mas ele soube reagir. Hoje, pode parecer estranho que um conservador tenha sido o primeiro presidente a tomar importantes decisões em favor do meio ambiente, mas foi Nixon que percebendo a preocupação social pelas questões ambientais, reagiu criando a importante Agência Federal de Proteção do Meio Ambiente (EPA, Enviromental Protection Agency). Um ano depois, o governo Nixon criou uma lei federal para proteger a água. A ideia de proteger a água chegou às canções e telas, fez eco em todo o mundo.

Os desastres ambientais que mudaram o mundo

A central nuclear de Three Miles Island.

O 28 de março de 1979 mudou o mundo da energia nuclear. É a data em que aconteceu o acidente nuclear de Three Miles Island, na Pensilvania, EUA. Depois da fusão parcial do núcleo de um de seus três reatores, o alarme soou rapidamente e os repórteres correram para a ilha. Eles protagonizaram cenas de pânico nos EUA e no mundo. Muitos afirmaram que o mundo estava acabando. A fusão do núcleo e a ameaça invisível da radioatividade, eram suspeitas do Armagedon.
Uma quantidade até hoje indeterminada de gases radioativos foram liberados ao meio ambiente. As tarefas de limpeza duraram 14 anos e custaram US$ 1 bilhão. Esse desastre ambiental teve consequências sociais e legais, especialmente depois de chegar ao cinema. Esse dia é considerado o "dia mais confuso dos meios informativos". Todos os 300 repórteres que cobriam o acidente nada sabiam sobre física nuclear básica. Tanto os meios de comunicação mais responsáveis quanto as faculdades de jornalismo se deram conta da necessidade de repórteres especializados em cobrir informações sobre ciências e tecnologia. Foi à partir de Three Miles Island que o mundo resolveu cercear aquela que prometia ser a solução de todos os problemas energéticos do mundo: a energia nuclear.

Os desastres ambientais que mudaram o mundo

O pesticida de Séveso em 1976.

Séveso é um povoado próximo a Milão, na Itália. Seria até hoje desconhecido se não fosse um acidente em uma fábrica de pesticidas. Os gases contaminantes de um desastre chegaram às localidades próximas, provocando a exposição de dezenas de milhares de pessoas pela dioxina. Milhares foram hospitalizados por intoxicação, mas não houve mortes. As consequências imediatas foram o pânico e evacuações. Mais de 80.000 animais foram sacrificados para evitar que as toxinas entrassem na cadeia alimentar. Tal como no Brasil atual, o governo italiano de 1976 discutiu afirmando que os pesticidas não eram assim tão perigosos. Mas, em seguida, veio o desastre de Bhopal, na Índia. Uma indústria de pesticidas provocou a morte de mais de 4.000 pessoas e hospitalizou meio milhão.
A longo prazo, Séveso e Bhopal ensinaram uma grave lição para o mundo: os pesticidas fazem mal à saúde humana. Séveso fez a grande comprovação dessa verdade que os governantes brasileiros teimam em esquecer. Como os médicos de Séveso guardaram amostras de sangue de todos os que foram hospitalizados, durante décadas todos os estudos científicos puderam comprovar os malefícios dos pesticidas. Daquele acidente nasceu uma lei válida para toda a Europa que regula os pesticidas: é a lei Séveso.

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