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Em Pauta

Pesquisa e desenvolvimento marcam a ‘digitalização da lavoura’

Mário Sérgio Lorenzetto | 25/09/2013 07:05
Pesquisa e desenvolvimento marcam a ‘digitalização da lavoura’

Plantando bits...

Ao contrário do que muitos pensam, o grande avanço tecnológico, o maior investimento em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) não está na indústria nacional. Está no campo, na agricultura.

Pensam que a maior plantação nacional é de soja, de milho? Erraram novamente! A grande plantação brasileira é de bits, de TI (Tecnologia da Informação).

Incluem desde softwares de gestão, a sistemas de automação. A lavoura está sendo digitalizada. Ganham em exatidão e reduzem os gastos com insumos. Sementes, fertilizantes, herbicidas e fungicidas são utilizados na medida exata, nem um punhado de pó a mais. Custa caro!

Pesquisa e desenvolvimento marcam a ‘digitalização da lavoura’

Agricultura de precisão!

Este é o novo mantra nas lavouras. Que o diga a Totvs, conhecida pelos programas de gestão empresarial que acaba de cravar bem fundo os dois pés na roça. A empresa detém 60% do mercado de softwares voltados para o setor sucroalcooleiro. Agricultura de precisão. Sistema que informatiza todo o processo de produção, iniciando pela coleta de dados de pequenas frações do solo nas propriedades rurais. Analisa a fertilidade do pedacinho de terra e essa informação é “embarcada” nas máquinas de plantio, pulverização e colheita. Aplicam as sementes e insumos de acordo com as necessidades de cada segmento da plantação. Ao fim do processo, o sistema gera um mapa de produtividade e consegue identificar qual o trator que é mais eficiente e o momento de trocar os pneus. Verdadeira revolução tecnológica!

O resultado de tamanha precisão é economia variável de 2 a 7% nos custos da lavoura. É muito dinheiro!

Pesquisa e desenvolvimento marcam a ‘digitalização da lavoura’

A roça na rede!

Não, a roça não está dormindo!

Pelo contrário, está mais ativa e moderna do que nunca e o mais interessante do que a indústria nacional. A Basf acaba de criar o Digilab. Uma lupa capaz de aumentar em 700 vezes uma planta. Pode ser acoplada a smartphones e a tablets.

A ideia é perceber problemas na lavoura. Pragas e fungos diminutos e de difícil percepção a olho nu passarão a ser detectados com facilidade.

Os agricultores terão maior assertividade ao diagnóstico e rapidez nas soluções.

Já o Harpia, outro sistema, se vale de satélites para analisar a saúde da lavoura. Afere a cor da planta, se for verde está tudo em ordem, caso contrário...

Os criadores do Harpia prometem algo impensável até agora: diminuir o consumo de inseticidas. Exemplificam que um produtor aplicava 36 kg de inseticida em um trecho da plantação e que somente 3 kg seriam necessários.

Mal dá para acreditar que esse ser mitológico – harpia na mitologia grega é um animal meio mulher e meio águia – possa atacar com eficiência um dos maiores causadores de danos ao meio ambiente e a seres humanos – os inseticidas. Ave, Harpia!

Pesquisa e desenvolvimento marcam a ‘digitalização da lavoura’
Pesquisa e desenvolvimento marcam a ‘digitalização da lavoura’

Irritação ampla, geral e irrestrita!

Um leitor irritado telefonou criticando os serviços de uma operadora de TV paga. Também os tive! O leitor generalizou e incluiu a todas as TV pagas: “só pensam no lucro e têm péssimo atendimento”. Generalização perigosa.

Infelizmente, as empresas de TV por assinatura estão na linha de frente das reclamações no Procon. Planos de saúde, cartões de crédito, telefônicas e energia elétrica também têm imensa lista de reclamações.

O “clima” que se instalou no país no mês de junho tem a ver com um descontentamento geral. Em todos os setores a ideia é a de que “prometeram e não entregaram”, vale para tudo e para todos. As pessoas vão apresentando suas insatisfações – stress, trânsito, corrupção, falta de educação, saúde....

Mais de que uma crítica. É um desabafo!

Por um lado parece que o “país acordou”. Pelo outro é preciso cuidado para não cair na armadilha da revolta descoordenada, contra tudo e contra todos. Teremos mais problemas e não soluções.

Pesquisa e desenvolvimento marcam a ‘digitalização da lavoura’
Pesquisa e desenvolvimento marcam a ‘digitalização da lavoura’

FED e decisões em segredo...

Até a década de 80, no FED (Federal Reserve – Banco Central dos EUA) o comitê que realizava as suas políticas econômicas era secreto. Ele não publicava os resultados dos encontros imediatamente. O fato ocorria apenas semanas após a reunião. O FED emitia previsões econômicas apenas duas vezes ao ano, quando o presidente do órgão aparecia no congresso para divulgá-las. E, apenas em casos extremos, como na quebra do mercado em outubro de 1987, não eram publicadas notas para a imprensa. Allan Greenspan não gravava entrevistas e não era imaginável vê-lo em uma conferência para jornais após uma reunião do FED. Para descobrir quando o banco central havia modificado a meta da taxa de juros, Wall Street monitorava as operações do FED em Nova Iorque. Quando iria reduzir as taxas, o FED comprava títulos e injetava dinheiro no sistema bancário. Para aumentar as taxas, o órgão vendia títulos imobiliários, retirando dinheiro do sistema. E com objetivo de acompanhar os referidos movimentos econômicos havia um grupo de “experts”, chamados de “observadores do FED”, que diziam saber o que realmente estava acontecendo, apesar de não ser muito claro se eles sabiam mesmo.

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Modelo democratização da informação...

Hoje, o FED é um modelo de transparência. Após cada encontro, é imediatamente publicado um pronunciamento as ações e o porquê de cada uma delas. Algumas semanas depois, as minutas do encontro, as quais incluem previsões dos membros do comitê, são publicadas no site do FED. Praticamente todos eles também fazem pronunciamentos públicos. Então, as posições econômicas e políticas são bem conhecidas. Por quatro vezes ao ano, o presidente do FED, Ben Bernanke, apresenta uma conferência de aproximadamente uma hora. As práticas de observação do FED foram democratizadas. Com um computador e um sistema de buscas, qualquer um pode acompanhar as movimentações do banco central dos Estados Unidos.

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Maior transparência, menor risco...

Você pode pensar que a abertura do FED é melhor do que a sua opacidade. Foi isso que Bernanke e sua vice Janet Yellen entenderam ao persuadirem os colegas conservadores para um regime mais transparente. O processo de abertura foi gradual. Começou com Greenspan, mas Bernanke, ao longo de seus oito anos no cargo, foi além. Os argumentos pareciam convincentes: tornar as deliberações do FED públicas e expor os critérios que eles estavam usando para tomar decisões, fatores que reduziriam a incerteza e que eventualmente trariam melhores resultados econômicos.

A grande questão, contudo, é a seguinte: a política de transparência do FED funciona? Para quem? Durante e imediatamente após a crise econômica, a resposta pareceu ser positiva. Ao tornar claro que isto iria refrear o sistema financeiro e, ao explicar os seus múltiplos programas de emergência, o FED ajudou a reduzir o pânico e prevenir danos maiores.

A volta da opacidade...

Desde o arrefecimento da crise, as posições do FED não estão muito claras. Em maio deste ano, em uma conferência para a imprensa Bernanke, indicou que o FED estava se preparando para diminuir as medidas de emergência, as quais envolvem a compra de US$ 85 bilhões de títulos todos os meses e a manter um teto para as taxas de juros, em especial para as taxas das hipotecas. O problema é que esta declaração repercutiu negativamente em meio a economias emergentes como a do Brasil e a da Índia. No caso do Brasil, a alta do dólar foi um dos fatores que teve maior conhecimento pela população. Bernanke, porém, se eximiu de qualquer responsabilidade, pois lembrou que o FED nunca disse que iria começar a tirar os incentivos neste momento. E reiterou a mesma afirmação, ao falar que ele e os colegas gostariam de ver crescimentos substantivos no mercado de trabalho antes de mudar o curso dos incentivos, mesmo de maneira modesta. Resultado prático: queda do dólar – a qual pode ser acompanhada nos últimos dias.

Não seria melhor adivinhar?

Apesar da retórica do presidente do FED, em termos práticos ele foi o responsável pelo aumento das taxas de hipotecas nos EUA e pela grande queda do valor das moedas das economias emergentes – como a do Brasil. Tudo começou com o discurso em maio, baseado em uma crença equivocada de que o FED iria começar a retirar os incentivos que vêm fornecendo e que o – longo – período de empréstimos super baratos estava terminando, muitos investidores tiraram dinheiro dos países em desenvolvimento, promovendo um turbilhão econômico – negativo, no nosso caso.

Alguém poderia, então, ficar na dúvida se não era melhor ter o “antigo” FED, com seus “adivinhadores”. Talvez o Brasil não fosse prejudicado tão diretamente como aconteceu recentemente. Talvez as discussões do FED fossem mais sinceras – por serem secretas. Seria, no entanto, prematuro afirmar que a transparência faliu. Essa política de abertura e transparência tem potenciais custos, bem como benefícios. O problema acontece quando em uma economia globalizada, as fumaças institucionais do FED colocam fogo em outros países. Pois, mesmo com a transparência, a arte de adivinhar os próximos movimentos do banco central americano está bastante próxima da precisão do oráculo de delfos.

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Pesquisa e desenvolvimento marcam a ‘digitalização da lavoura’

Espinhos...

Desde o início de setembro, um brasileiro tenta desatar nós da economia mundial. Roberto Azerêdo assumiu o posto de diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio) com a dura tarefa de desemperrar Doha. O diplomata, que substituiu Pascal Lamy, é o primeiro latino a comandar o órgão. Na bagagem, a principal característica é a habilidade em negociar. Privilégio que será colocado em prática nos próximos quatro anos com um assunto espinhoso. As negociações da Rodada de Doha são destinadas a remover as barreiras comerciais entre países e foram iniciadas em 2001. Desde 2008, contudo, estão estagnadas. A expectativa é de que Azerêdo repita o desempenho em litígios comerciais como o ocorrido em 2008, no tribunal da OMC. Na ocasião, o Brasil venceu os EUA, que tiveram os subsídios ao algodão condenados. A disputa durava seis anos.

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