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Dia dos namorados: sentir tristeza também é bom

Por Lia Rodrigues Alcaraz (*) | 12/06/2024 09:09

Fugir da tristeza ou até mesmo criar técnicas para eliminá-la, é uma tendência comum na nossa sociedade contemporânea, pois a valorização da felicidade e o bem-estar tem sido uma busca constante, como se a tristeza fosse a grande vilã do mundo. A tristeza é uma emoção natural e inevitável, que faz parte da experiência humana, como o filme Divertidamente já deixa bem claro na sua primeira versão. Tentativas de evitá-la, suprimi-la ou ignorá-la podem levar a consequências emocionais negativas, como o aumento do estresse, a ansiedade e até a depressão.

Primeiramente, a tristeza tem um papel importante no processamento emocional e na adaptação a mudanças e perdas. Ao permitir-se sentir tristeza, uma pessoa pode reconhecer a gravidade de uma situação, refletir sobre suas causas e começar a encontrar maneiras de lidar com ela, a busca de ajuda profissional como forma preventiva é muito válida, pois no processo é importante ter suporte para compreender os sentimentos e não descontar ou misturar os sentimentos. A introspecção no processo pode ser essencial para o crescimento pessoal e para a resolução de conflitos internos, e evitar a tristeza, pode resultar em uma negação contínua da realidade, impedindo a pessoa de enfrentar e resolver suas questões emocionais.

Além disso, a tentativa de fugir da tristeza frequentemente leva ao uso de mecanismos de defesa ruins, como o abuso de substâncias, a busca compulsiva por distrações ou o isolamento social grave. Inicialmente podem proporcionar alívio temporário, mas tendem a agravar os problemas emocionais a longo prazo, o abuso de álcool, drogas ou alimentos como forma de escape pode levar a dependências e complicações de saúde física, enquanto a evitação social pode resultar em sentimentos de solidão e desconexão.

A saúde emocional envolve a capacidade de experimentar e gerenciar todas as emoções, incluindo, e principalmente, lidando com aquelas que são desconfortáveis. Permitir-se sentir tristeza é um aspecto crucial do bem-estar emocional, pois promove a resiliência e a capacidade de lidar com futuros desafios. Ao aceitar e explorar a tristeza, as pessoas podem aprender mais sobre si mesmas, desenvolver empatia e fortalecer seus relacionamentos, pois a tristeza é um sentimento que mostramos a nossa vulnerabilidade, e faz com que possamos criar conexões mais profundas e significativas com os outros.

Para enfrentar a tristeza de maneira saudável, é importante falar sobre os sentimentos com amigos, familiares, e buscar um terapeuta, ajuda profissional, pois pode oferecer suporte e uma nova perspectiva do que se está vivendo e sentido, além de conseguir oferecer suporte necessário. Envolver-se em atividades que promovam a expressão emocional, como a escrita, a arte ou a música, também pode ser terapêutico,  além disso manter uma rotina de autocuidado, incluindo exercícios físicos, alimentação saudável e sono adequado, ajuda a equilibrar as emoções.

Em resumo, fugir da tristeza é ruim porque impede o processamento emocional adequado, contribui para comportamentos prejudiciais e compromete o crescimento pessoal. Aceitar e vivenciar a tristeza como parte natural da vida é essencial para o desenvolvimento de uma saúde emocional robusta e para a construção de uma vida mais autêntica e resiliente. Permitir-se sentir tristeza, em vez de evitá-la, é um passo fundamental para uma existência mais equilibrada e plena.

(*) Lia Rodrigues Alcaraz é psicóloga formada pela UCDB (2011), especialista em orientação analítica (2015) e neuropsicóloga em formação (2024). Trabalha como psicóloga clínica na Cassems e em consultório.

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