Moradores questionam venda de praça pela prefeitura na Guaicurus, sem licitação
Terreno de 8,8 mil m², usado para lazer no Itamaracá, foi vendido para agropecuária por R$ 2,8 milhões

Moradores do Bairro Itamaracá foram surpreendidos na semana passada com a notícia de que um terreno de 8,8 mil metros quadrados, usado pela comunidade como área de lazer, na Avenida Guaicurus, foi vendido pela prefeitura a uma empresa agropecuária, sem leilão previsto em lei. A confirmação veio após consulta da matrícula do imóvel em cartório. Esse relato foi feito através do canal Direto das Ruas.
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Moradores do Bairro Itamaracá, em Campo Grande, protestam contra a venda de uma área verde de 8,8 mil metros quadrados pela prefeitura. O terreno, localizado na Avenida Guaicurus, foi negociado por R$ 2,8 milhões com uma empresa agropecuária em agosto deste ano. A comunidade questiona a falta de transparência na negociação, já que a prefeitura havia desistido de uma venda anterior e prometido melhorias no local, incluindo quadra de areia e academia ao ar livre. O espaço, que abriga mais de 30 árvores frutíferas, é utilizado como área de lazer pelos moradores, que também temem impactos ambientais devido à falta de pavimentação na região.
A área havia sido negociada em venda direta, sem licitação, em julho de 2024 por R$ 2,4 milhões, sendo divulgada à época pelo Campo Grande News. No entanto, a administração municipal desistiu da venda um mês depois e chegou a anunciar melhorias, como quadra de areia, academia ao ar livre e revitalização do espaço. O novo registro mostra que a venda foi efetivada por R$ 2,8 milhões, em agosto deste ano.
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“A área é utilizada para lazer das crianças, e após desistirem da venda, a prefeitura construiu lá uma quadra de areia, uma academia ao ar livre e deu uma revitalizada no local. Além disso, existem diversas árvores, é uma área verde bem bonita”, afirmou o advogado Cristiano Paes, 39 anos.
Os moradores lamentam que a venda tenha ocorrido sem conhecimento da comunidade. “A gente não foi avisado. Primeiro a prefeita disse que não seria vendido, até prometeu um parquinho, mas depois falou que acabou, vendeu”, disse a moradora Josiane Campos, 43 anos.
Além do uso esportivo, os moradores temem impactos ambientais, já que as ruas da região não são asfaltadas. “O bairro também não é asfaltado, caso ali seja construído algo, provavelmente vai ter um impacto ambiental muito grande, porque não têm onde a água escoar”, alertou Cristiano. A região tem declive rumo ao anel viário e em época de chuva, a enxurrada vai arrastando a terra e surgem buracos que deixam trechos bastante danificados.
Eles contam que descobriram a venda após funcionários da empresa que adquiriu a área aparecerem no local para retirar bancos. O espaço também abriga mais de 30 árvores frutíferas. “É a praça mais preservada. Falam que Campo Grande é a cidade do Pantanal, mas a prefeita está vendendo nossas praças”, lamentou Sara Moraes, 36 anos.
A prefeitura foi procurada pela reportagem, mas não respondeu até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para manifestação.
A Prefeitura de Campo Grande vem tentando se desfazer de imóveis próprios para gerar receita e, neste ano, arrecadou R$ 2.475.497,01 por meio de leilões. No total, são cinco terrenos avaliados em R$ 26.083.494,45, já vendidos ou colocados à venda em concorrências públicas.
Atualmente, dois editais seguem abertos, somando R$ 8.191.179,66, enquanto outro, no valor de R$ 15.416.817,78, terminou sem interessados. Esse último, localizado no bairro Chácara Cachoeira, fracassou. Classificado como “área verde” na Rua Ceará, o espaço de 6.521 metros quadrados, em frente à Universidade Uniderp, não recebeu propostas no valor mínimo estipulado de R$ 15.416.817,78.
Os dois terrenos já arrematados ficam em áreas distintas da cidade. Um deles, no Centro, era usado como estacionamento de hotel e foi vendido por R$ 495.097,71 a um sócio do próprio empreendimento, localizado na Avenida Ernesto Geisel. A área tem 297,12 metros quadrados. O outro está no bairro San Marino Park, próximo ao bairro Chácara Cachoeira, e foi arrematado por R$ 1.980.399,30 por um empresário de Minas Gerais. Hoje, o espaço de 1.135,14 metros quadrados é ocupado por um motoclube.
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