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Direto das Ruas

Nem aí para a covid, transporte coletivo "espreme" passageiros

Diversos relatos enviados ao Campo Grande News retratam superlotação

Guilherme Correia | 19/11/2020 14:13
Passageiros em veículo do transporte coletivo na Capital (Foto: Direto das Ruas)
Passageiros em veículo do transporte coletivo na Capital (Foto: Direto das Ruas)

Com lotação total de ônibus liberada no início de novembro, são inúmeros os relatos encaminhados por leitores do Campo Grande News sobre como está a condição do transporte coletivo na Capital. A preocupação acontece devido à pandemia da covid-19 em Campo Grande, que ainda tem feito vítimas todos os dias.

Durante o trajeto da volta para casa, funcionário do Shopping Campo Grande tem verificado série de problemas envolvendo as linhas de ônibus. Na noite de ontem (19), com garoa gelada castigando quem estava nas ruas da cidade, os passageiros tiveram de fechar as janelas de ônibus da linha 313, reduzindo circulação de ar dentro do veículo. "Deveria ser umas 20h, horário com bastante gente saindo do serviço, estava muito abafado, a única ventilação é aquela parte de cima", relata vendedor, de 20 anos.

Mesmo nos terminais, a reclamação é de que a falta de linhas influencia na lotação de pessoas (Foto: Direto das Ruas)
Mesmo nos terminais, a reclamação é de que a falta de linhas influencia na lotação de pessoas (Foto: Direto das Ruas)

A principal reclamação dele, que encaminhou imagens por meio do canal Direto das Ruas, é devido à falta de limite de lotação dos veículos. "Está entrando quantas pessoas couberem. Quando a porta fica aberta, as pessoas vão entrando e fica gente apertada. Está um caos".

Ele também avalia que a frota não comporta a demanda de quem precisa do transporte público para ir trabalhar. "Além da questão da lotação, que também não tem nada sobre distanciamento, tem a demora. Os ônibus chegam sempre atrasados. A tarifa [de R$ 4,10] inclusive, não é justa para o serviço que temos".

Ao Campo Grande News, o diretor do Consórcio Guaicurus, João Resende Filho explica que, comparado ao ano passado, a concessionária tem transportado pouco mais de 50% da quantidade de passageiros prevista, enquanto cerca de 73% da frota está ativa.

"Isso inclui toda a clientela, pagantes ou não pagantes. Há quem diga que 'tudo tenha voltado ao normal, só o transporte que não'. Isso não é verdade, muitos estabelecimentos fecharam portas, demitiram funcionários ou reduziram quadros. O setor do ensino, por exemplo, foi muito afetado até agora", argumenta o diretor.

Ele também afirma que tem recebido demandas que fazem com que o consórcio sempre busque "tomar alguma atitude". "Eventualmente somos pressionados até por outras instituições, como órgãos de controle [...] cada dia temos pessoas planejando a partir de demandas, que estão sendo atendidas com o tempo. Mas nem tudo chega para nós, nem tudo a gente consegue detectar", explica.

Segundo ele, algumas alterações têm sido feito conforme a demanda, como acréscimos de horários. "O horário de pico é um desafio para nós, temos colocado observações muito grandes. O transporte vai mudando, como tudo vai mudando, colocamos álcool em gel, mas sugerimos que a população tente evitar o horário de pico".

Sugerimos para a Prefeitura e ao MPMS [Ministério Público de Mato Grosso do Sul] que horários de escolas, comércios e supermercados fossem alterados, de forma escalonada. Tudo isso tem que ser debatido, mas às vezes [usuários] não têm justificativa essencial - dizem que 'é um direito sair de casa na hora que eu quiser'. Você tem o direito, mas também tem a obrigação. Se estamos vivendo na pandemia, você vai querer agir do mesmo jeito que antes dela?".

João Resende diz que a população deve exigir direitos à mobilidade urbana - garantidos na Constituição Federal. "O bolso do usuário paga a gratuidade de idosos, estudantes e deficientes. Não que eu queira acabar com a gratuidade, mas o povo precisa tomar atitude e exigir condições melhores do transporte, como para não haver cidades entupidas de automóveis [...] que causam muitos acidentes. Não se pode jogar para a iniciativa privada e 'ela que se vire'. Tivemos, na pandemia, que pegar dinheiro no banco para garantir o serviço que é público. Não podemos deixar o serviço público, um direito social, ficar correndo risco de ser interrompido por causa de recursos, e esse recurso não pode depender de empresários".

Vídeo - Outro registro  encaminhado ao Campo Grande News mostra passageiros "espremidos" em ônibus de linha que vai até o Bairro Santa Emília, na zona sul da Capital. Veja:

Decreto permite - No início da pandemia, em março, ainda quando o transporte coletivo foi suspenso por 15 dias, a Sociedade de Infectologia de Mato Grosso do Sul recomendava que o distanciamento social era uma das medidas mais eficazes contra a covid-19. Em seguida, ônibus só poderiam carregar pessoas em pé, com prioridade à profissionais de saúde.

Desde então, as restrições têm sido afrouxadas - em 30 de abril, poderiam entrar apenas sete pessoas em pé; em 23 de junho, aumentou para 15 pessoas; em 15 de outubro, a lotação foi flexibilizada para 50%.

Agora, com decreto municipal publicado em 4 de novembro, ônibus foram autorizados a transitar com lotação máxima.

Com essa mudança, a integração também voltou a ser de 100% - anteriormente, os terminais ficavam abertos e os usuários tinham de passar o cartão pelas catracas dentro dos ônibus, como forma de garantir a contagem de pessoas e respeitar o então limite de lotação obrigatório.

Na publicação, a Prefeitura de Campo Grande não faz qualquer observação sobre a necessidade de manter o distanciamento mínimo preconizado por autoridades em saúde para evitar a infecção pelo novo coronavírus.

Procurada, a assessoria de imprensa do executivo municipal não respondeu questionamentos enviados pela reportagem até a publicação desta matéria.

De acordo com João Resende, os usuários que tiverem reclamações podem manifestá-las aos motoristas ou para os fiscais nos terminais. Além disso, o telefone 3316-6600 e o portal do Consórcio Guaicurus também estão disponíveis.

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