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Direto das Ruas

Paciente do Caps reclama da falta de atendimento durante a pandemia da covid-19

Gabriela Couto | 01/04/2021 14:37
Depois de ter consulta suspensa por conta do decreto de feriadão, paciente recebe receita desatualizada e fica sem remédios (Foto Direto das Ruas)
Depois de ter consulta suspensa por conta do decreto de feriadão, paciente recebe receita desatualizada e fica sem remédios (Foto Direto das Ruas)

O caos no sistema de saúde pública por conta da pandemia do coronavírus também tem refletido no atendimento para pacientes do Caps (Centro de Atenção Psicossocial). Segundo o padeiro Rafael Oliveira Gonçalves, 32 anos, desde março do ano passado as sessões de terapia com psicólogo foram suspensas na unidade do bairro Vila Almeida.

“Só tem psicólogo para o pronto atendimento. Estou tendo apoio do CVV (Centro de Valorização da Vida) e de uma universidade que ficou sem atendimento desde dezembro e só retornará o atendimento com as estagiárias de psicologia a partir de agora”, revela.

Rafael sofre de transtorno esquizoafetivo misto e teve uma última consulta no dia 10 de fevereiro. Ele passou mal recentemente e teve que trocar a medicação. O SUS (Sistema Único de Saúde) não fornece mais que um antipsicótico para os pacientes. “Tenho que comprar os outros medicamentos e a despesa chega a mais de R$ 600 a cada 60 dias. Eu consigo comprar mas tem amigos com o mesmo problema que temos que fazer vaquinha e a gente vai se ajudando.”

Esta não é a primeira vez que ele busca o Direto das Ruas para reclamar sobre o atendimento psicossocial da capital. Mas desta a reclamação foi por conta da falta de psiquiatra. De acordo com Rafael, apenas três especialistas estão atendendo no local.

“Minha médica saiu do SUS e eu tinha uma consulta com a nova psiquiatra no dia 22 de março, mas com o decreto de feriado ela foi suspensa. Meus remédios acabaram. Liguei no Caps e falaram que poderiam me dar a receito, só que os remédios que estavam nela são os que usava há dois anos. Não estava atualizada. A desculpa para tudo é a pandemia”, explicou.

A data mais próxima para agendamento é 14 de abril, mas já faz mais de dez dias que Rafael está sem tomar os remédios. Ele está fazendo uma arrecadação para conseguir ir numa consulta com psiquiatra que cobra a tabela social antes que tenha alguma piora.

O padeiro afirmou que ligou para a Ouvidoria da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) e foi informado que não tinha seu nome no sistema psicossocial da Capital.  Ele diz que faz tratamento no Caps desde agosto de 2016.

Em resposta a Sesau afirmou que os atendimentos na rede de atenção psicossocial não foram suspensos mesmo durante o período de pandemia. “Diariamente centenas de pacientes são acompanhados nos Caps e ambulatórios do nosso Município. Não há falta de profissionais para atendimento da população, inclusive temos realizado periodicamente processos seletivos para contratação de pessoal, além do chamamento de aprovados em concurso, incluindo médicos psiquiatras. ”

Quanto ao paciente, a Sesau ressaltou que ele vem sendo assistido pela Rede Municipal de Saúde, mas como mencionado, ele teve o atendimento remarcado devido ao feriado, mas houve orientação para que a consulta fosse remarcada.

Quanto aos medicamentos, alguns deles não são padronizados na lista do município e não são ofertados gratuitamente. “Atualmente o nosso estoque de medicamentos está 85% abastecido e pode ocorrer faltas pontuais por diversos fatores, sendo a indisponibilidade de entrega por ausência de matéria prima ou entraves relacionados a aquisição os problemas mais comuns. Medicamentos como o Valproato de Sódio, que chegou a ficar em falta, teve o seu fornecimento normalizado. Os demais estão em processo de regulação. A Sesau reforça que mantém aberto os seus canais para atendimento aos usuários e se coloca à disposição para esclarecimento de quaisquer dúvidas em relação ao acesso à assistência necessária. ”

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