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Economia

Ambulantes voltam ao centro e transformam calçadas em feirinhas

Mariana Lopes | 21/08/2012 14:41
Enquanto na rui Barbosa o comércio ambulante é montado em barracas... (Fotos:  Rodrigo Pazinato)
Enquanto na rui Barbosa o comércio ambulante é montado em barracas... (Fotos: Rodrigo Pazinato)
... Na 15 de Novembro, os ambulantes improvisam em cima de caixas de papelão mesmo
... Na 15 de Novembro, os ambulantes improvisam em cima de caixas de papelão mesmo

Eles voltaram aos poucos, foram se instalando nas calçadas novamente e já podem ser vistos por todos os cantos na região central de Campo Grande. Os vendedores ambulantes, que há 13 anos foram proibidos de atuar nas calçadas, estão de volta e, em alguns pontos, até transformaram as calçadas em uma feira ao ar livre, com direito a barraca e tudo.

Na rui Barbosa com a avenida Mato Grosso, na calçada da Santa Casa, são cinco barracas, montadas no total improviso. Os produtos são expostos muitas vezes dentro de malas ou sacolas, que vão em cima de mesas ou tábuas, colocadas em cima de bancos. E para proteger do sol quente, uma lona serve de toldo, amarrada da barraca às arvores ou postes. Tudo bem improvisado.

Ali, os ambulantes vendem de tudo, de roupas a pomadas, passando por perfumes, fósforos, brinquedos e até ervas naturais. Ao perceber a presença da reportagem do Campo Grande News, a maioria se recusou a falar sobre a permanência no local.

Com a expressão fechada, Francisco Honato, 70 anos, reclama de perseguição dos fiscais da Prefeitura, e em seguida desabafa sua própria situação. “É tudo o que eu tenho, esse carrinho e uma casinha velha”, conta o vendedor de ervas. Antigamente, ele vendia frutas em um ponto na rua 14 de Julho, até o expulsarem de lá.

Embora tenha consciência de que a qualquer momento pode ser obrigado a sair da calçada da Santa Casa, o ambulante José Dário Damacena, 78 anos, há 2 anos monta sua barraquinha todos dias. “Não estou matando, não estou roubando, estou aqui para trabalhar, para levar comida para a minha casa, só isso”, arremata.

E é o que pensa a doméstica Cristiane Costa dos Santos, de 44 anos. Ela trabalha há 17 anos na casa bem em frente ao hospital e até já se acostumou com a presença dos ambulantes. “Antes de montarem o camolódromo tinha muito mais ambulantes”, lembra.

Embora tenha consciência de que a qualquer momento pode ser obrigado a sair da calçada da Santa Casa, o ambulante José Dário Damacena, 78 anos, há 2 anos monta sua barraquinha todos dias.
Embora tenha consciência de que a qualquer momento pode ser obrigado a sair da calçada da Santa Casa, o ambulante José Dário Damacena, 78 anos, há 2 anos monta sua barraquinha todos dias.

Em outro ponto da cidade, na rua 15 de Novembro, próximo ao Camelódromo, a calçada até parece uma extensão do centro comercial, de tantos ambulantes.

“Tem gente que reclama por causa da estética, diz que o ambiente fica feio, mas para mim é indiferente”, pontua o comerciante Wanderson dos Santos Leite, 33 anos, que montou uma lanchonete no local há 3 meses.

Na 15, as mercadorias são expostas de maneira mais informal ainda, em cima de caixas de papelão e até mostruários móveis. “Tive uma loja por 25 anos, até um ladrão entrar nela e levar tudo. Tive que vender meu ponto para pagar as dívidas, daí tive que vender na rua, é o que eu sei fazer”, conta Pedro Arruda, de 70 anos.

Sobre a concorrência com os colegas que não pagam impostos, uma comerciante que preferiu não se identificar disse não se sentir injustiçada. “Eles também são trabalhadores, precisam do dinheiro, cada um se vira como pode”, enfatiza.

De acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura de Campo Grande, há fiscalização constante nas ruas para notificar os ambulantes e apreender o material, que é encaminhado à Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano). A multa varia entre R$ 308,50 a R$ 1.542,50 e pode dobrar em caso de reincidência.

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