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Economia

Com tudo mais caro, dona Maria passou a dar valor até no chuchu

Ela dribla alta nos preços dos alimentos trocando a batata por chuchu e abrindo mão do coxão mole para levar carne de pescoço

Alana Portela | 17/02/2021 12:56
Dona Maria Vilani segurando as duas sacolas com os alimentos que acabou de comprar. (Foto: Paulo Francis)
Dona Maria Vilani segurando as duas sacolas com os alimentos que acabou de comprar. (Foto: Paulo Francis)

Se não tá fácil para quem é assalariado, imagina para a aposentada Maria Vilani, 73 anos, que passou a dar mais valor até ao chuchu, após o aumento dos preços dos alimentos, em Campo Grande. “Não sei onde vamos parar, mas agradeço sempre, de joelhos no chão, por ainda ter como comprar comida”, desabafa.

Ela mora no bairro Itamaracá, onde vive há 20 anos. Com apenas duas pessoas dentro de casa, dona Maria revela a dificuldade que está tendo com o preço exorbitante dos alimentos.

“Tá tudo muito caro, ovo, óleo e o arroz a gente encontra acima de R$ 20,00. É complicado, até mesmo o chuchu, que eu não dava muito valor agora estou sofrendo com o aumento porque uso todo dia, para fazer sopa para meu pai. Antes comprava por R$ 1,00 e hoje não acho por menos de R$ 3,00”.

Chuchu colocado à venda em mercado da Capital (Foto: Paulo Francis)
Chuchu colocado à venda em mercado da Capital (Foto: Paulo Francis)

O legume ainda foi uma forma que encontrou para não pagar ainda mais caro no preço da batata, que teve aumento de 83,08 % no ano de 2020, segundo o último balanço do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

 “Tô tendo que abrir mão de algumas coisas para sobreviver. Comprando carne de pescoço para as refeições. A compra do mês aumentou para R$ 500,00”.

Andando lentamente carregando a compra que fez na saída de um mercado que tem perto da casa onde mora, dona Maria lembra que antes, com R$ 30,00, conseguia comprar muitas coisas. “Hoje, tô levando apenas cheiro verde, carne de pescoço, cebola e repolho. Recordo da época que saia com carrinho de compras e agora são duas sacolinhas”.

Jeferson Antônio de Lima saindo do mercado, carregando uma sacola com pão e refrigerante. (Foto: Paulo Francis)
Jeferson Antônio de Lima saindo do mercado, carregando uma sacola com pão e refrigerante. (Foto: Paulo Francis)

Abrindo mão – No mesmo bairro também vive o mecânico Jeferson Antônio de Lima, 37 anos, que afirma estar deixando o lazer de lado para colocar comida na mesa de casa. “Temos que ficar sem a diversão para poder comer”.

Com R$ 20,00 em mãos, ele saiu de casa para comprar pão e uma garrafa de refrigerante para lanchar com a família. “Antes, com esse valor conseguia comprar também mortadela e muçarela. Tá tudo muito caro, arroz, feijão, carne e principalmente a gasolina que tem aumentado toda vez”.

Elcio Cunha reclama do preço dos alimentos. (Foto: Paulo Francis)
Elcio Cunha reclama do preço dos alimentos. (Foto: Paulo Francis)

A estudante Viviane Pereira, 29 anos, também reclama da situação. “Não dá para levar muita coisa. Em casa, somos em três e diminuímos o consumo de carne bovina, trocando pelo frango. Arroz a gente come muito pouco, temos economizado ao máximo para não impactar tanto no final do mês”, conta.

O professor Elcio Cunha, 58 anos, relata que o valor da compra do mês aumentou R$ 300,00. “De 700,00, foi para R$ 1000,00. Às vezes, a gente deixa de comprar algo que gosta para ter comida em casa. A profissão também que já foi valorizada, hoje está em declínio”, desabafa.

Elcio mora com a família no bairro Jardim Paulista e diz que até fruta está tendo que escolher na hora de comprar. “Adoro banana, mas subiu muito. Antes pagava R$ 3,50 hoje encontro a partir de R$ 7,00. A maça é outra que também está nesse valor. Ao menos os ovos estamos conseguindo pagar menos porque compramos de uma coorporativa”.

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